Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

terça-feira, 23 de março de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS HEBREUS - PARTE IV (ÚLTIMA)

A partir daí, o cronista bíblico concentra-se no relato da história de um dos filhos de Jacó, especificamente José ou José do Egito, como ficou conhecido. Ele foi o décimo primeiro filho de Jacó, nascido de Raquel, citado no livro do Gênesis, do Antigo Testamento, considerado o fundador da Tribo de José, constituída, por sua vez, pelas semi-tribos de Efraim e de Manassés (seus filhos). José teria sido o filho preferido de Jacó, apesar de não ser o seu primogênito (mas o primeiro filho de Raquel, a mulher que mais amava) e nunca escondeu a sua posição de superioridade, em relação aos outros irmãos, que se ia manifestando através de sonhos em que a sua figura tomava sempre um lugar de destaque e liderança. O favoritismo de que era alvo, por parte do pai, valeu-lhe a malquerença dos irmãos, que o venderam como escravo, por 20 moedas de prata, a mercadores ismaelitas, que o levaram ao Egito do período da XVII dinastia (faraós hicsos).
No Egito, José foi comprado por Potifar, oficial e capitão da guarda do rei, de quem conquistou a confiança e tornou-se o mais diligente dos criados e adimistrador da casa, após estudar com um escriba e aprender o egípcio antigo. Sofreu acusação injusta de tentativa de abuso da mulher do seu amo, após tentativa frustada de sedução por parte desta e por isso foi preso. Na prisão, tornou-se conhecido como intérprete de significado dos sonhos e decifrou o sonho dos copeiro-chefe e padeiro-chefe do palácio do Faraó Apopi I, presos e acusados de conspiração. Segundo a interpretação de José, o sonho do padeiro-chefe indicava que ele seria enforcado e o do copeiro-chefe que seria salvo, o que de fato ocorreu. Um dia, o Faraó teve um sonho em que sete vacas magras comiam sete vacas gordas e mesmo assim continuavam magras. Ele convocou todos os sacerdotes do Egito para decifrá-lo, mas nenhum deles conseguiu. José foi então chamado e interpretou o sonho do Faraó como se o Egito fosse passar por sete anos de fartura e sete anos de seca. Satisfeito com a interpretação dada por José, o Faraó o nomeia Adon do Egito, um cargo semelhante a chanceler, embora algumas versões da bíblia mencionem a palavra Governador. José, então, ordena a construção de celeiros para armazenar a produção do Egito durante os anos de fartura. Com isso ele conseguiu, não apenas evitar a fome em sua região, como vender, na época da seca, alimento a preço de ouro à região do Alto Egito, assim desastabilizando a situação política do grande adversário (Taá II, apoiado pela casta religiosa do Baixo Egito) do seu Faraó. O Faraó deu a José, por esposa, a filha de um sacerdote egípcio, da qual lhe nasceram dois filhos: Manassés e Efraim, que não prestavam culto ao Senhor, especialmente Efraim que rapidamente prosperou.
Por causa da fome nos países vizinhos, os irmãos de José, com exceção de Benjamim, seu único irmão por parte de pai e mãe, acabaram por ir ao Egito em busca de suprimentos. Seus irmãos não reconheceram José, que forneceu-lhes os cereais mas fingiu suspeitar de que fossem espiões. Finalmente liberou-os para a partida, mantendo apenas Simão cativo, dizendo-lhes que trouxessem Benjamim como prova de que eram honestos. Jacó, inicialmente, não permite, mas depois concorda que Benjamim acompanhe os irmãos de volta ao Egito. São bem recebidos por José que esconde sua taça de prata na bagagem de Benjamim, simulando um furto. O irmão mais novo é ameaçado de prisão mas os irmãos mostram-se solidários e Judá se oferece para ficar no Egito em lugar de Benjamim. Certo do arrependimento de seus irmãos, José se revela, perdoa a todos e os convida para irem com seus rebanhos ao Egito, onde são assentados e se multiplicam na região mais propícia à criação de ovelhas e cabras. Antes de morrer, Jacó chamou a José e seus filhos e os abençoou. José, o filho predileto de Jacó, praticamente ressuscitado e elevado a um glorioso posto, ainda havia salvo toda a sua família de uma fome calamitosa. Jacó refletiu sobre a maneira como Deus encaminhara as circunstâncias da sua vida e lembrou-se da ocasião em que Deus lhe apareceu novamente, prometendo que faria dele uma multidão de povos e daria a terra de Canaã à sua descendência em possessão perpétua. O plano de Deus permitiu a Jacó não só ver seu filho outra vez, mas também seus netos. Nesta ocasião Jacó adotou como seus filhos diretos os dois filhos de José, que passaram a ter os mesmos direitos que seus próprios filhos. Trazendo seus filhos a Jacó, aquele sobre quem ele colocasse sua mão direita receberia a benção principal. Como profeta de Deus, Jacó sabia que o mais novo, Efraim, teria preeminência sobre seu irmão mais velho: outra vez não seria exercido o direito à primogenitura. Sem saber disso, José colocara Manassés do lado direito de Jacó. Mesmo sem poder ver, pois já havia perdido a visão em sua velhice, Jacó percebeu quem era quem e simplesmente cruzou seus braços para que sua mão direita repousasse sobre Efraim. Jacó faleceu no Egito onde foi mumificado e transportado por José e seus outros filhos para sepultamento em Hebron, com os dois outros patriarcas. Depois de haver sepultado seu pai, José retornou ao Egito com os seus irmãos e todos os que o haviam acompanhado a Canaã e habitou no Egito, junto com a casa de seu pai, tendo conhecido os filhos de seus filhos até a terceira geração. Ao morrer garantiu a seus irmãos a vinda de Deus para conduzi-los à terra que prometeu a Abrahão, Isaque e Jacó; e os fez prometer que o transportariam ao túmulo de seu pai.
Nessa época, vários conflitos civis ocorreram no Egito, terminando com a vitória de Taá II e é muito provável que José tenha morrido em um desses movimentos. No Egito foi embalsamado e colocado em um caixão para ser transportado a Canaã com sua família.
Nesse ponto encerra-se o livro da Gênesis do Antigo Testamento da Bíblia, e inicia-se o Êxodo. A Bíblia omite, em sua narrativa, um longo período após a morte de José e inicia, novamente, num período em que o Faraó reinando no Egito era já outro que não conhecera José. Naquela época a nação israelita havia proliferado enormemente e os mandatários egípcios, temerosos do grande aumento de sua população e do seu poder, haviam-na subjugado à escravidão completa. Malgrado todas as medidas tomadas, a população do povo de Israel crescia em enormes proporções e o Faraó teria então ordenado que todo o menino nascido dos judeus, fosse lançado ao rio para morrer afogado. E surge então a figura de Moisés, filho de um membro da tribo de Levi e sua esposa, que o tendo concebido, para salvar-lhe a vida colocou-o em um cesto nas margens do Nilo. O menino teria sido encontrado pela filha do Faraó que compadeceu-se do menino ao saber que era filho de hebreu e adotou-o, dando-lhe o nome de Moisés. Este cresceu entre os egípcios mas tornando-se adulto e entrando em contato com o povo Hebreu soube de sua origem e iniciou a defesa do seu povo, passando a ser perseguido pelo Faraó; juntou-se novamente a seu povo pelo casamento com uma israelita, filha de pastores.

Em Êxodo, a Bíblia narra como Moisés e seu irmão mais velho Arão (posteriormente sumo sacerdote dos hebreus), lideraram os hebreus das 12 tribos em sua fuga do Egito. Durante a narrativa, as tribos são contadas, e seus líderes e representantes são nomeados, demonstrando um forte senso de individualidade entre as tribos e as meio-tribos de José. À tribo de Levi são designadas as tarefas sacerdotais e os direitos e deveres diferenciados que estas tarefas implicavam. As demais mantiveram-se com os mesmos direitos e obrigações, embora, através do número de membros, algumas tribos já pudessem gozar de alguma superioridade política.
Moisés liderou as 12 tribos pelo deserto da Península do Sinai sem penetrar em Canaã; seu sucessor Josué recebeu a tarefa de coordenar a tomada de Canaã. Para que ocorresse de forma ordenada, a terra de Canaã foi dividida entre cada uma das tribos e meias-tribos, que se encarregaram de conquistá-las, na maior parte dos casos sem o auxílio das demais. Uma das tribos, a de Levi, não recebeu uma porção territorial fixa, mas sim algumas cidades distribuídas por toda a Palestina.

OS HEBREUS
Hebreus significa, etimologicamente, "descendentes do patriarca bíblico Éber", sendo o nome dado ao povo que viveu na região do Oriente Médio a partir do segundo milênio AC, e que daria origem aos povos semitas, como os árabes e os israelitas, antepassados históricos e espirituais dos atuais judeus. Éber, ou Heber, é um dos descendentes de Noé, da linhagem de Sem, e ancestral de Abrahão. Eber, também pode ser interpretado como “do Outro Lado ou do Oriente - além do Rio Jordão -, importante rio da Terra Santa. Entretanto, também etimologicamente, e aí o termo pode vir do de Éber ou da raíz “a-vár”, o termo hebreu significa “passar, transitar, atravessar ou cruzar” e, nesse caso, denotaria “viandantes”, ou seja, aqueles que viajam, tendo em vista que eram descendentes de povos nômades.
Podemos dizer que a história dos hebreus foi dividida em três grandes etapas: governo dos patriarcas, governo dos juízes e governo dos reis.
Na era dos patriarcas os hebreus foram dirigidos pelos patriarcas, líderes políticos encarados como “pais” da comunidade. Como vimos, o primeiro grande patriarca foi Abrahão, segundo o antigo testamento, mesopotâmico, originário de Ur, na Caldéia. Após a saída de Ur, na Mesopotâmia, conduzidos por Abrahão, em direção à Palestina (estreita faixa de terra entre a Fenícia, atual Líbano, e o Egito), os hebreus dividiram-se em tribos, formadas por clãs patriarcais que cultuavam a um único Deus (monoteismo), acreditando ser o povo eleito, de onde Deus escolheria determinados membros do grupo para que estes fizessem com que os planos divinos fossem cumpridos. Os clãs eram construídos por um patriarca e pelos filhos e servos; praticavam uma economia baseada no pastoreio, que evoluiu para a agricultura graças à fertilidade das terras do norte e das zonas montanhosas do sul da Palestina. Os hebreus permaneceram por três séculos na Palestina, até a ocorrência de uma violenta seca que abalou a região.
De Abrahão a liderança foi passada a seu filho Isaque e depois para Jacó, filho de Isaque. Seu nome foi posteriormente alterado para Israel, de onde tiveram origem as doze tribos de Israel.
Quando os hebreus chegaram à Palestina, vindos do Egito, por volta de 1550 AC, conduzidos por Moisés, a região encontrava-se já ocupada. De início, fixaram-se nas regiões localizadas a oeste do mar Morto, mas pouco a pouco ocuparam as margens do Mediterrâneo e as terras do norte da Palestina. Nessa época, todos os hebreus eram julgados pelo Patriarca.
Posteriormente, com o envolvimento do povo judeu em suas guerras pela conquista de Canaã, surgiram os líderes militares, indicados pelas doze tribos de Israel. Que julgavam tudo e todos. Foi o governo ou era dos Juízes, período que se estendeu por cerca de 300 anos, entre a conquista de Canaã (Palestina) e o início da Monarquia. Entre esses chefes, tornaram-se famosos Gideão, Jefté, Samuel e Sansão, conhecido por sua força descomunal.
No século XII AC, os chamados povos do mar, entre eles os filisteus, ocuparam as planícies litorâneas. As constantes lutas entre os dois povos terminaram com a vitória dos hebreus. Os filisteus sempre representaram e nessa época ainda representavam grande ameaça aos hebreus, visto que lutavam pelo completo controle do território da Palestina. No século X AC, a Palestina aproveitou o enfraquecimento dos grandes impérios vizinhos para expandir o seu território. Isso fez com que os hebreus instituíssem a monarquia, como forma de centralização de poder e proporcionar mais força para enfrentar os adversários. O primeiro rei hebreu foi Saul, da tribo de Benjamim, que não teve sucesso ao enfrentar os filisteus e suicidou-se em batalha, com seu escudeiro, ao perceber que não conseguiria derrotar os seus adversários. Seu sucessor Davi, de história bem conhecida, no século XI AC, mostrou grande eficiência nos combates militares, conseguindo vencer os seus inimigos, tornando a nação hebraica forte e estabilizada e expandindo os domínios do seu reino que tinha Jerusalém como capital. Seu filho Salomão o sucedeu em 966 AC, quando ainda muito jovem, ficando conhecido na história pela imensa fortuna e sabedoria que acumulou. Ampliou a participação de Israel no comércio e construiu inúmeras obras públicas – como o famoso Templo de Jerusalém, dedicado a Jeová (Javé).
Com a morte de Salomão, o reino dividiu-se em dois: o Reino de Israel e o Reino de Judá, com as capitais, respectivemente em Samaria e Jerusalém. Com isso o reino original tornou-se vulnerável, sendo invadido pela Babilônia, com Nabucodonosor, em 587 AC e levado a cativeiro que durou até 539 AC, quando foram libertados pelo imperador persa Ciro, o Grande, que apoderou-se da Babilônia, e retornaram à Palestina para a reconstrução do Templo, da cidade e de suas muralhas.
Depois da conquista do Império Persa pelo macedônio Alexandre o Grande, a Palestina foi conquistada pelos greco-macedônios, ficando submetida à influência helenística. Finalmente foram conquistados pelos romanos. Em 70 DC Tito, general romano, destruiu Jerusalém e os hebreus abandonaram a Palestina, constituindo a chamada Diáspora.
Somente em 1948 foi fundado novamente o Estado de Israel, que permanece até hoje em meio a incessantes conflitos com as nações árabes vizinhas.

quinta-feira, 18 de março de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS HEBREUS - PARTE III

A Bíblia relata que teria havido, então, fome na terra prometida de Canaã e que, por causa disso, o Patriarca - e todo o seu acampamento - teria se retirado para o Egito. Ao chegar no país, temendo Abrahão que viesse a ser morto pela beleza de sua mulher, com ela combinou de dizerem aos egípcios que eram irmãos e não casados. O faraó de fato apaixonou-se por Sara, levando-a para o seu palácio e passando a favorecer Abraão. Ainda segundo a Bíblia, Deus teria castigado o rei egípcio, que chamou Abraão e devolveu-lhe Sara, ordenando-lhe que deixassem o país com os seus bens.
A Bíblia narra que Abrahão, juntamente com Sara e seu sobrinho Lot, retornou do Egito para a terra de Canaã, para o mesmo local onde se fixara anteriormente, ao Sul de Betel (provavelmente Salém) e lá tornou-se muito rico. Entretanto, Abraão e Lot resolveram separar-se devido às contendas ocorridas entre os seus pastores por causa do numeroso rebanho que possuíam. Estudos não bíblicos explicam que Abrahão, muito provavelmente, teria interesse em tornar-se um grande líder carismático entre o povo da Palestina.
Ao separar-se do sobrinho, Abrahão deu-lhe a opção da escolha da planície onde estabelecer-se e Lot teria preferido fixar-se na planície do rio Jordão, na região de Sodoma e Gomorra (especificamente no reino de Sodoma) que, antes de destruídas, seria comparada ao Jardim do Éden e ao Egito. Após a separação de Lot, Deus apareceu novamente a Abrahão, confirmando a doação daquelas terras à sua descendência e ordenando-lhe que percorresse a região, em vista do que Abrahão levantou novamente as suas tendas e fixou-se em Hebron, onde edificou um novo altar a Deus. A figura abaixo mostra Israel, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza atuais; o acidente geográfico que aparece em preto e branco, praticamente ao centro da foto, é o Mar Morto; o rio Jordão corre praticamente sobre a linha amarela que atravessa o Mar Morto, de cima para baixo (coincidindo com a direção Norte – Sul). Exatamente ao sul do Mar Morto, onde aparecem algumas culturas irrigadas em cor azulada, encontravam-se Sodoma e Gomorra, no então chamado Vale do Sidim; neste vale encontravam-se, na verdade, as cinco cidades ou reinos mencionados baixo.
A Bíblia relata então uma guerra entre nove reinos locais, envolvendo, de um lado, os reinos de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar e, do outro, Elão (governado por Quedorlaomer e a quem os primeiros pagavam tributos e se haviam rebelado) e mais três reinos aliados. Nessa guerra, Sodoma e Gomorra foram finalmente vencidos e Lot levado cativo com todas as suas riquezas. Sabedor disso, Abraão, com apenas trezentos e dezoito homens, lutou contra os inimigos e perseguiu-os até as proximidades de Damasco, libertando Lot, sua família e o povo de Sodoma.
Informações não bíblicas relatam que, após a batalha final, Abrahão manteve-se fiel ao seu monarca Melquisedec e tornou-se o dirigente militar de mais onze tribos vizinhas que pagavam tributos – o chamado dízimo. Abrahão teria fracassado em algumas tentativas de estabelecer alianças diplomáticas com o soberano de Sodoma. Porém, ao conseguir o resultado, formou uma aliança militar estratégica entre o Rei de Sodoma e outros povos de Hebrom. Abrahão tinha mesmo intenção de formar um estado poderoso em toda a Canaã, mas Melquisedc, o sábio rei de Salém, convenceu-o a abandonar a tentativa de formar um reino material e tornar-se aquilo que hoje o seu nome significa – o Pai da Fé. Para persuadi-lo, utilizou a sua aliança, a promessa do seu reino, e tornou-o como sua própria descendência.
Localização de Hebron

Sendo Sara estéril e pretendendendo dar um filho a seu marido, ofereceu sua serva egípcia Hagar para que gerasse o primeiro filho de Abrahão. Hagar então gerou a Ismael, considerado pelos muçulmanos como o ancestral dos povos árabes. O texto bíblico informa que Abraão teria sido pai pela primeira vez aos oitenta e seis anos. E, antes mesmo do nascimento de Ismael, surgiram conflitos entre Hagar e Sara, culminando na sua fuga do acampamento de Abraão. Tendo Hagar fugido da presença de Sara, o Anjo do Senhor apareceu-lhe quando se encontrava junto a uma fonte de água, convencendo-a a retornar, sujeitar-se à sua senhora, prometendo-lhe um futuro grandioso para seu filho.
Aos noventa e nove anos, novamente Deus aparece a Abraão e confirma a sua promessa. Deus ordena que Abrahão e todos os homens de sua casa fossem circuncidados e que toda criança do sexo masculino que nascesse receberia esse sinal ao oitavo dia. É também nesta ocasião que Deus muda os nomes de Abrahão (pai de muitas nações) e de Sara, que até então chamavam-se Abrão e Sarai, com a promessa do nascimento de um filho, Isaque, pondo fim à sua esterelidade. Isaque, herdeiro da Promessa, nasceu no ano seguinte e informações não bíblicas dizem que foi numa cerimônia pública e solene que Abrahão teria apresentado Isaque como o seu primogênito, em Salém. Mesmo com o nascimento de Isaque, os conflitos entre Hagar e Sara continuaram, ameaçando a paz de sua família. Abraão então resolve despedir sua serva junto com o seu filho Ismael. Após o nascimento de Isaque, a história do povo judeu segue então a linhagem do filho legítimo de Abrahão.
Novamente Deus falou com Abrahão e pediu-lhe uma verdadeira prova de fé, determinando que oferecesse seu único filho em holocausto no Monte Moriá, próximo a Salém. Abrahão subiu ao monte em companhia de Isaque. Porém, ao levantar a mão para sacrificar seu filho, foi impedido pelo Anjo do Senhor e encontrou no mato um carneiro que ofereceu em seu lugar.
Segundo a Bíblia, Sara morreu em Hebron, com cento e vinte e sete anos. Abrahão então adquire, de Efrom, a Cova de Macpela, por quatrocentos siclos de prata, considerada a primeira aquisição de uma propriedade do patriarca em Canaã, onde sempre viveu como um peregrino em busca de melhores pastagens para o seu rebanho. A sepultura adquirida é, posteriormente, utilizada pelo patriarca e por seus descendentes.
A Gênesis narra então que Abrahão enviou o seu servo Eliezer à Mesopotâmia para trazer uma esposa para seu filho Isaque, entre os seus parentes. Eliezer, ao chegar à cidade de Naor, encontra Rebeca, filha de Betuel e irmã de Labão, que consente em ir com Eliezer ao encontro de Isaque, seu primo.
Abrahão morre com cento e setenta e cinco anos e é sepultado na Cova de Macpela por Isaque e Ismael, ao lado de Sara. Tudo o que possuía deixou de herança para Isaque, filho de Sara, que possuía o status de esposa.
Isaque teve por única esposa, sua prima Rebeca e orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, que era estéril. O Senhor ouviu as suas orações e disse a Rebeca que ela trazia em seu ventre duas nações. Rebeca teve dois filhos, Esaú e Jacó (gêmeos, tendo Esaú nascido antes). O filho mais velho, Esaú, era o favorito do pai e teria o direito às bênçãos de Deus por ser o primogênio. Mas Jacó, com a ajuda da mãe, de quem era favorito, enganou seu pai, muito velho e quase cego, e apresentou-se a Isaque como seu filho mais velho, recebendo assim a bênção paterna no lugar de seu irmão Esaú. Após isso os dois brigaram e separaram-se, permanecendo Jacó como herdeiro da tradição hebraica. Esaú, por sua vez, daria início à história dos povos árabes.
Jacó ou Jacob, traduzido como "aquele que segura pelo calcanhar", também conhecido como Israel, "aquele que luta com Deus", foi o terceiro patriarca da bíblia. Sua história ocupa vinte e cinco capítulos de Gênesis. Jacó teve doze filhos e uma filha de suas duas mulheres, Léia e Raquel, e de suas duas concubinas, Bila e Zilpa: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim e Diná. Seus filhos homens deram origem às Doze Tribos de Israel.
Tribos de Israel é o nome dado às unidades tribais patriarcais do Antigo Povo de Israel que, de acordo com a tradição judaico-cristã, teriam se originado dos doze filhos homens de Jacó, filho de Isaque e neto Abrahão. As doze tribos teriam o nome de onze dos filhos de Jacó. José não teve uma tribo. A tribo restante recebeu o nome dos filhos de José, abençoados por Jacó como seus próprios filhos, Manassés e Efraim. Em consequência, os nomes das tribos são: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Zebulom, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, Benjamim, Manassés e Efraim. Apesar desta suposta irmandade as tribos não teriam sido sempre aliadas, o que ficaria manifesto na cisão do reino após a morte do rei Salomão. Com a extinção do Reino de Israel ao norte, nove das doze tribos desapareceriam e a determinação do seu destino é até hoje objeto de debate. As tribos restantes (Judá, Benjamin e Levi constituiriam o povo hoje chamado de judeu.

terça-feira, 16 de março de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS HEBREUS - PARTE II


REGISTROS DA HISTÓRIA DE ABRAHÃO
Abrahão é citado no livro de Gênesis como a nona geração de Sem, um dos filhos do patriarca Noé, sobrevivente das águas do Dilúvio. Segundo a Bíblia, a mais provável procedência de Abraão seria a cidade de Ur dos Caldeus, onde seus irmãos também teriam nascido.
Ur era uma cidade da região da Mesopotâmia, localizada a cerca de 160 km da grande Babilônia, junto ao rio Eufrates, habitada na Antiguidade pelos caldeus e que, de acordo com o livro de Gênesis (Bíblia, Antigo Testamento), teria sido a terra natal do patriarca dos hebreus, Abrahão; era considerada também a maior cidade de sua época. O maior representante de lideranças em Ur tinha o nome de Ur-Nammu, e ficou conhecido por ter criado o primeiro código de leis de que se tem notícias; seu código vigorou por 300 anos, quando então foi substituído por aquele que é considerado como o pai de todos os códigos: o código de Hamurabi.
A Mesopotâmia, nome de origem grega que significa "entre rios", é uma região de interesse histórico e geográfico mundial. Trata-se de um planalto de origem vulcânica localizado no Oriente Médio, delimitado entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, ocupado pelo atual território do Iraque e terras vizinhas. Os dois rios desembocam no Golfo Pérsico e a região é toda cercada por desertos. Inserida na área do chamado Fértil Crescente - de Fértil Lua Crescente, exatamente pelo fato de ela ter o formato de um Quarto Crescente e de ter um solo fértil -, uma região do Oriente Médio excelente para a agricultura, exatamente num local onde a maior parte das terras vizinhas era muito árida para qualquer cultivo. A Mesopotâmia tem duas regiões geográficas distintas: ao norte, a Alta Mesopotâmia ou Assíria, uma região bastante montanhosa, desértica, desolada, com escassas pastagens; ao Sul, a Baixa Mesopotâmia ou Caldéia, muito fértil em função do regime dos rios, que nascem nas montanhas da Armênia e desaguam separadamente no Golfo Pérsico.
A Caldeia era uma subregião ao sul da Mesopotâmia, principalmente na margem oriental do rio Eufrates; muitas vezes o termo é usado para se referir a toda a planície mesopotâmica. A Caldéia é uma vasta planície formada por depósitos do Eufrates e do Tigre, estendendo-se a cerca de 250 quilômetros ao longo do curso de ambos os rios, e cerca de 60 quilômetros em largura. Seus habitantes, os Caldeus, foram uma tribo (acredita-se que tenham emigrado da Arábia) que viveu no litoral do Golfo Pérsico e se tornou parte do Império da Babilônia.
A Babilônia foi a capital da antiga Suméria e Acádia, duas outras subregiões da Baixa Mesopotâmia, hoje no moderno Iraque, aproximadamente a 80 km ao sul de Bagdá. O nome (Babil ou Babilu em babilônico) significa "Porta de Deus", mas os judeus afirmam que vem do Hebraico Antigo, Babel, que significa "confusão", numa referência à bíblica “Torre de Babel”.

Na figura pode-se ver, no iluminado maior, o Império da Babilônia em torno de 1750 AC; a região da Mesopotâmia segue esse contorno, mas é bem mais ampla, circundando totalmente os vales dos Rios Tigre e Eufrates; no iluminado menor e mais forte, o Império da Babilônia em 1792 AC, com a capital ao centro; a cidade-estado de Ur encontra-se um pouco mais a sudeste, próximo ao Golfo Pérsico.

Abrahão, já aos catorze anos de idade, ainda residindo em Ur com sua família, teria começado a compreender que os homens da terra haviam se corrompido com a idolatria, adorando as imagens de escultura. Então Abrahão não aceitou mais adorar ídolos com o seu pai Terah e orava a Deus, pedindo-lhe que conservasse a sua alma pura do erro dos filhos dos homens e também a de seus descendentes. Abrahão casou-se com Sara, aos 49 anos de idade e contava com 60 anos quando ocorreu a morte trágica de seu irmão Harã, o pai de Lot. Após a morte de Harã, Terah teria tomado sua família e organizado uma expedição para fixar-se em Canaã. Contudo, ao chegar numa localidade que veio a receber o mesmo nome do filho falecido, Terah ali permaneceu, até a idade de duzentos e cinco anos, quando morreu.
Canaã é a antiga denominação da região correspondente às áreas ocupadas pelo atual Estado de Israel, da Cisjordânia, da Jordânia ocidental, sul da Síria e sul do Líbano. Comparada aos desertos circundantes, a terra de Canaã era uma terra de fartura, onde havia uvas e outras frutas, azeitonas e mel, daí ter sido vista por Abrahão como a "terra prometida onde corre leite e mel" (ao lado, a Canaã Patriarcal).
O longo êxodo dos hebreus teria durado muitas décadas, até que os descendentes de Abraão alcançaram Canaã, que passou então a ser por eles denominada Terra de Israel. De acordo com a Bíblia, o nome Canaã é alusivo ao filho de Cam e neto de Noé, ao qual se atribui a origem dos cananeus, conforme relato de Gênesis, Capítulo 10. Após o Dilúvio, Cam teria se deparado com Noé embriagado e visto a sua nudez em sua tenda e contado o fato a seus irmãos, em vez de cobrir o pai (Gênesis 9). Quando recobrou a consciência, Noé amaldiçoou o filho de Cam, Canaã, referindo-se a ele como o "servo dos servos" (Gênesis 9:25) e disse: “Maldito seja Canaã; seja servo dos servos de seus irmãos". Segundo uma certa linha de interpretação, ao proferir tais palavras, Noé estaria profetizando que um dos descendentes de Sem, um de seus outros filhos, Abraão, iria herdar a terra dos cananeus.
Harã é, atualmente, um sítio arqueológico localizado ao sul da Turquia. Na Bíblia é citado como a vila ou região onde Abraão habitou quando saiu de Ur, antes de ir para Canaã, e onde teria morrido seu pai Terah. É fácil de ver pelo mapa, que Harã estaria no caminho para Canãa, com um pequeno desvio, possivelmente motivado por razões geográficas.

Caminho percorrido por Abrahão, de Ur a Harã e Canaã

Harã, como mencionado acima, foi também um dos irmãos de Abrahão, falecido jovem quando o seu pai, Terah, ainda se encontrava em Ur dos caldeus. Ao falecer, Harã teria deixado como descendente o seu filho Lot que, corajosamente, acompanhou Abrahão em sua jornada à terra de Canaã. Tal fato explica o motivo do nome do lugar onde provisoriamnte se fixaram, antes de prosseguirem sua viagem para Canaã.

Ruínas de Harã


Sabe-se que Harã, na Antigüidade, foi um importante ponto de passagem para as caravanas do Oriente Próximo e talvez a prosperidade do local tenha motivado a fixação aí, da família de Abrahão. Foi em Harã que Abrahão teria recebido um segundo chamado divino para prosseguir em sua viagem `Terra Prometida.
Obedecendo às ordens de Deus, Abrahão saiu com Lot de Harã, juntamente com sua esposa e seus bens, em direção a Canaã, já com a idade de setenta e cinco anos de idade, com pessoas a seu serviço, ,as sem qualquer filho. A caminho de Canaã, Abrahão teria passado por Siquém, onde habitavam os cananeus e ali Deus lhe teria aparecido e confirmado a promessa de dar aquela terra à sua descendência. Aí edificou um altar para Deus e partiu para o Sul, fixando-se num lugar entre as cidades de Ai e Betel, onde se estabeleceu com as suas tendas e construiu um novo altar. Depois, prosseguiu para o sul, tendo chegado a Salém, lugar que corresponderia hoje à Jerusalém. Informações não bíblicas relatam que o rei de Salém, Melquisedec, teria enviado um mensageiro a Abrahão convidando-o a fazer parte do núcleo de estudantes/sacerdotes do seu reino. Abrahão partiu com o seu sobrinho Lot e estabeleceram o seu acampamento próximo de Salém, onde edificaram guarnições nas colinas adjacentes, como proteção contra os furtivos ataques dos hititas, filisteus e assírios que privilegiavam estas zonas da Palestina nos seus ataques e saques. As visitas a Salém passaram a ser uma rotina para estes dois personagens e o reflexo dos ensinamentos do sábio Melquisedec foi notório nos ensinamentos de Abrahão.

segunda-feira, 15 de março de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS HEBREUS - PARTE I

INTRODUÇÃO
Como tenho sempre enfatizado em todos os artigos históricos que tenho publicado, também este - com maior razão pela importância mundial de que se reveste o assunto – não tem a pretensão de ser rigorosamente científico (e tal matéria poderia ter rigorismo científico?), nem tampouco de exaurir o assunto e as dúvidas que possa levantar.
É também importante ter em mente que a principal fonte de informações desta pesquisa é, sem dúvida alguma, o Antigo Testamento da Bíblia. Mesmo os pesquisadores mais importantes nessa matéria, sempre consideraram a Bíblia como fonte primeira de informações, embora a sua tendenciosidade natural em se tratando de assuntos religiosos. Mas é sempre preciso levar em conta que, ao tempo em que foi escrita, ela era o documento testemunhal da única religião monoteísta então existente.
A idéia inicial perseguida com a elaboração deste artigo, foi tentar bem localizar, no tempo e no espaço, acontecimentos ligados à figura do personagem bíblico Abrahão e o ramo mais importante da sua descendência, com enfoque principal nos personagens históricos mais conhecidos como Isaac (ou Isaque), Jacó (ou Israel), José do Egito e Moisés, até a Diáspora, quando os Judeus abandonam voluntariamente, pela primeira vez, a Palestina para se espalharem pelo mundo.
E, novamente, a pesquisa foi movida pela curiosidade do autor sobre o assunto, pela necessidade que sentiu em possuir, de forma resumida, ordenada e clara a seqüência de eventos de épocas e atores de contribuição tão importantes para a história da civilização.
Sempre que locais forem mencionados, faremos, na medida do possível, uma interrupção na seqüencia da narrativa, para apresentar uma descrição da posição dessas cidades ou regiões, de forma que o leitor possa ter, através de mapas, a idéia exata de onde as ações descritas se passaram.
Como os leitores podem imaginar, o assunto abordado desta feita é bastante amplo, bem no espaço como no tempo e a pesquisa acabou resultando muito longa. Por essa razão, não pretendendo cansar o leitor demasiadamente com uma só postagem, optamos por publicar o artigo em capítulos. Essa se constitui na primeira parte do trabalho.

ANTECEDENTES
Abrahão é um personagem bíblico citado no Livro Gênesis, a partir do qual se desenvolveram três das maiores vertentes religiosas da humanidade: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
No que se refere à sua localização temporal, sabemos hoje que foi encontrado um contrato Babilônico em nome de Abrahão, como pertencendo ao período entre 1800 e 2.000 AC. Há indícios de que este personagem seja o próprio patriarca.
Judaísmo é o nome dado à religião do povo judeu, a mais antiga das três principais religiões monoteístas (as outras duas são o cristianismo e o islamismo).
O Judeu é um membro do grupo étnico e religioso originado nas Tribos de Israel ou hebreus do Antigo Oriente. O grupo étnico e a religião judaica, a fé tradicional da nação judia, são fortemente inter-relacionados, e pessoas convertidas para o judaísmo foram incluídas no povo judeu e judeus convertidos para outras religiões foram excluídos do povo judeu durante milênios.
Os judeus foram palco de uma longa história de perseguições em várias terras, resultando numa população que teve, frequentemente, seus números e suas distribuições alteradas ao longo dos séculos. A maioria das autoridades coloca o número de judeus entre 12 e 14 milhões, representando 0,2% da atual estimada população mundial. De acordo com a Agência Judia para Israel, no ano de 2007 havia 13,2 milhões de judeus mundialmente; 5,4 milhões (40,9%) em Israel, 5,3 milhões (40,2%) nos EUA, e o resto distribuído em comunidades de vários tamanhos no mundo inteiro.
A palavra "judeu" originalmente era usada para designar os nascidos na Judéia. A Judeia é a região localizada a oeste do mar Morto, entre o mar Morto e o mar Mediterrâneo, estendendo-se ao norte até as colinas de Golan e ao sul à faixa de Gaza, sendo estas, atualmente, regiões em contínuo conflito entre Israel e Palestina.
A tradição judaica defende que a origem dos judeus dá-se com a libertação dos filhos de Israel da terra do Egito pelas mãos de Moisés. Com a fundamentação e solidificação da doutrina mosaica (de Moisés), um grupo de hebreus passou a ser conhecida como "Filhos de Israel" (Bnei Israel). É deste evento que surge o conceito de nação, fundamentada nos preceitos tribais e na crença monoteísta.
Quando as doze tribos de Israel são divididas em dois reinos distintos, a maioria formando o reino de Israel, enquanto as tribos de Judá, Benjamim e Levi constituindo o reino de Judá, que continua a ser governada pelos descendentes de Davi, pela primeira vez, os israelitas do sul são chamados de judeus devido à sua conexão com o reino de Judá e posteriormente por todos aqueles que aderissem à doutrina religiosa deste reino, que passou a ser conhecida como judaísmo.
A ênfase do judaísmo na separação entre judeus e não judeus, deu à comunidade judaica um sentido de povo separado e religioso, embora, segundo pesquisadores judeus anti-sionistas, este sentido de separação tenha sido impulsionado e exarcebado pelo movimento sionista, com objetivos políticos, durante o século XX.
Obtendo o seu nome de Sião (Sion, Zion) que é o nome de um monte nos arredores de Jerusalém, o Sionismo é um movimento político que defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado Judaico, por isso sendo também chamado de nacionalismo judaico. Ele se desenvolveu a partir da segunda metade do século XIX, em especial entre os Judeus da Europa central e do leste europeu.
Surgido da religião mosaica, o judaísmo, apesar de suas ramificações, defende um conjunto de doutrinas que o distingue de outras religiões: a crença monoteísta em YHWH (Javé), às vezes chamado Adonai ("Meu Senhor"), ou ainda HaShem ("O Nome") como criador e Deus e a eleição de Israel como povo escolhido para receber a revelação da Torá que seriam os mandamentos deste Deus. Dentro da visão judaica do mundo, Deus é um criador ativo no universo e que influencia a sociedade humana, na qual o judeu é aquele que pertence a uma linhagem com um pacto eterno com este Deus. De acordo com a visão religiosa o judaísmo é uma religião ordenada pelo Criador através de um pacto eterno com o patriarca Abraão e sua descendência. Ainda que seja intimamente relacionada à história do povo judeu, a história do judaísmo se distingue por enfatizar somente a evolução da religião e como esta influenciou o povo judeu e o mundo.
O Cristianismo é uma religião monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, tais como são apresentados no Novo Testamento. A fé cristã acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho de Deus, Salvador e Senhor.
Os seguidores do cristianismo, conhecidos como cristãos, acreditam que Jesus seja o Messias profetizado na Bíblia Hebraica (a parte das escrituras comum tanto ao cristianismo quanto ao judaísmo). A teologia cristã ortodoxa alega que Jesus teria sofrido, morrido e ressuscitado para abrir o caminho para o céu aos humanos; os cristãos acreditam que Jesus teria ascendido aos céus, e a maior parte das denominações ensina que Jesus irá retornar para julgar todos os seres humanos, vivos e mortos, e conceder a imortalidade aos seus seguidores. Jesus também é considerado para os cristãos como modelo de uma vida virtuosa, tanto como o revelador quanto como a encarnação de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de Evangelho ("Boas Novas"), e por isto referem-se aos primeiros relatos de seu ministério como evangelhos.
O Islão ou Islã é uma religião monoteísta que surgiu na Península Arábica no século VII, baseada nos ensinamentos religiosos do profeta Maomé (Muhammad) e numa escritura sagrada, o Alcorão. A religião é conhecida ainda por Islamismo. Na visão muçulmana, o Islão surgiu desde a criação do homem, ou seja, desde Adão, sendo este o primeiro profeta dentre inúmeros outros, para diversos povos, sendo o último deles Maomé.