O estado do Rio Grande do Sul possui 496 municípios, sendo que um dos mais importantes, por destacar-se como a principal cidade do pólo metal-mecânico na região serrana, é o de Caxias do Sul. Este município possui 10 subprefeituras que envolvem as quatro regiões administrativas – Ana Rech, Desvio Rizzo, Forqueta e Galópolis – e os seis distritos - Criúva, Fazenda Souza, Santa Lúcia do Piai, Vila Cristina, Vila Seca e Vila Oliva. Este “post” é uma pequena homenagem a este último distrito de Caxias do Sul: Vila Oliva.
Em 1932 os irmãos Francisco e Luiz Oliva adquiriram 33.000 km² de terra, em sua maioria coberta de pinheiros e mata nativa, e começaram a explorar a madeira de pinho. Como a madeireira exigia mão de obra, diversos funcionários dos Irmãos Oliva adquiriram terrenos nas proximidades, dando origem à Vila que homenageou seus fundadores. Posteriormente as terras foram divididas e vendidas a colonos que se dedicavam à agricultura.
Os irmãos Oliva tiveram papel fundamental na construção da vila, pois construíram a atual estrada que a liga à área urbana do município. Além disso, indenizaram os donos de terrenos e construíram cercas laterais por conta própria com a intenção de transportar a madeira que exploravam até a capital do Estado.
Hoje o distrito possui uma população de aproximadamente 1300 habitantes. Sua principal atividade econômica é a fruticultura, tendo como principais produtos cultivados a maçã, o caqui e a ameixa. Ainda há, como produção representativa, os hortigranjeiros, a pecuária de corte e a extração vegetal.
E de onde vem o meu interesse pessoal em Vila Oliva?
Eu nunca havia ouvido falar nesse nome, em minha vida, até o dia em que fui estudar no Colégio Anchieta, de Porto Alegre. Quando menino, cumpri os quatro anos do ginásio daquela época, nesse Colégio, entre os anos de 1955 e 1958. Naquela época, os padres Jesuítas dirigiam e lecionavam no Colégio Anchieta, que então se localizava na Rua Duque de Caxias, muito próximo da Catedral Metropolitana e ao lado do Museu Júlio de Castilhos. Em minha opinião, os Jesuítas sempre foram professores extraordinários e sempre pretenderam proporcionar aos seus alunos uma educação muito saudável, nunca descurando de qualquer dos seus componentes, aí incluindo, obviamente, o aspecto religioso.
Paralelamente ao aspecto educacional, sempre se preocuparam com o fato de que os alunos tivessem seu tempo ocioso preenchido, tanto quanto possível, com atividades saudáveis e, preferencialmente, supervisionada. Para tanto, o complexo educacional anchietano contava com instalações exemplares tanto em Porto Alegre como fora da capital. Assim, eram muito conhecidos dos alunos do Anchieta e de seus pais, o Morro do Sabiá, em Ipanema, com a sua Casa da Juventude e as suas várias modalidades de atividades desportivas, a casa de Retiro Vila Manresa, num dos morros da Glória e a sua casa de férias de Vila Oliva, município de Caxias do Sul.
Essas férias sempre foram uma experiência inesquecível, para nós, meninos entre os seus 11 e 15 anos de idade. Era a ocasião em que nos afastávamos dos pais por um período então nunca imaginado, que podia variar de 15 a 30 dias seguidos. Era uma verdadeira aventura! A começar pela própria viagem que, para se tornar menos cara, era realizada de trem, de Porto Alegre até Caxias e em ônibus, muito pouco confortável, de Caxias até Vila Oliva. Lembro que muitas vezes, os pais não conseguiam controlar a sua ansiedade e nos faziam pelo menos uma visita dentro do período de afastamento da casa – e como essa visita era bem vinda! – pois mesmo numa época de pura diversão e entretenimento, às vezes a saudade apertava e era sempre muito bom voltar a ver os pais. Sem contar que, quando iam, eles sempre lembravam de nos levar algumas guloseimas, raridade por lá e muito importante, tendo em vista que na Casa da Juventude, em Vila Oliva, embora pagássemos por essas férias, a alimentação era farta, mas jamais com supérfluos. Os padres não podiam dar-se ao luxo das guloseimas que sempre podíamos desfrutar quando em nossas casas. Essas viagens eram verdadeiras temeridades se fossem realizadas sem correntes colocadas sobre os pneus, dado o estado em que ficavam as estradas de terra, entre Ana Rech e Vila Oliva, na eventualidade de ocorrência de chuvas pesadas.
Essa competição só era ultrapassada, em importância, pela sempre esperada disputa entre o time principal do Anchieta e o time da Vila Oliva. Essa era sempre levada muito a sério e não foram poucas as vezes em que o jogo encerrou-se com pancadaria. Já começa que o jogo era sempre apitado por residente da Vila e mais de uma vez, o bandeirinha que anulava os nossos ataques (sempre da Vila), trocava de lado, junto com o time, ao término do primeiro tempo. O time do Anchieta, pelas duras faltas praticadas pelo time da Vila, que não punha limite de idade aos seus atletas, era sempre formado pelos alunos mais velhos e mais fortes. Lembro perfeitamente de uma vez em que, por qualquer razão, faltou um jogador ao time do Anchieta e eu pedia, desesperado, aos padres que organizavam o evento, para que eles me deixassem jogar; eles bem conheciam as minhas habilidades futebolísticas, mas temerosos de me colocarem, com apenas 11 ou 12 anos de idade, para jogar contra adultos e sujeito a me machucar sem necessidade, se negavam a concordar com meus rogos. A solução foi encontrada quando, pela sugestão de um dos bons jogadores mais velhos, os padres concordaram com que eu jogasse, com a promessa de que eu não disputaria, de forma alguma, jogadas previsivelmente perigosas ou ríspidas. Foi uma promessa que nunca pude cumprir e me orgulho muito de ter desempenhado muito bem o meu papel, sem maiores conseqüências pessoais no plano físico, pelo que saí de campo muito festejado.
E haveria ainda muitas outras coisas para contar, como as maravilhosas aventuras em nossos acampamentos, as fugidas para os passeios de barco no lago da represa ... Devo muito a essa Vila Oliva, de lembranças inesquecíveis do meu tempo maravilhoso do ginásio no Colégio Anchieta. Ainda volto lá, qualquer dia desses, para matar as saudades e rever as paisagens inesquecíveis de tempos tão alegres e sem arrependimentos...
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