V – ÉTICA E VIRTUDES
Os antigos estoicos são muitas vezes mal-entendidos porque os termos que eles usavam eram relevantes a mais diferentes conceitos no passado, do que eles são hoje. A palavra “estoico” surgiu para significar “sem emoção” ou indiferente à dor, porque a ética estoica ensinava a liberdade da “paixão” pelo seguimento da “razão”. Os estoicos não buscavam extinguir as emoções; eles buscavam transformá-las através de um decidido “askesis”[1] (ascetismo) que proporciona à pessoa desenvolver um julgamento claro e uma calma interior. A lógica, a reflexão e a concentração, eram os métodos de tal autodisciplina.
Tomando emprestado dos Cínicos, a base da ética estoica é que o bem se situa no estado da própria alma, na sabedoria e no autocontrole. A ética estoica enfatizava a regra: “Siga aonde a razão o conduzir”. Deve-se, portanto, se esforçar para ser livre de paixões, tendo sempre em mente que o antigo significado de paixão era “angústia” ou “sofrimento”, isto é, reagir passivamente aos eventos externos, o que é bem diferente do uso moderno da palavra. Uma distinção era feita entre pathos, que é normalmente traduzido como paixão, propathos ou reação instintiva (por exemplo tornar-se pálido e com tremores quando confrontado com um perigo físico) e eupathos, que é a marca do sábio estoico (sophos). A eupatheia são os sentimentos que resultam do correto julgamento, da mesma forma que as paixões resultam de um julgamento incorreto.
A ideia era permanecer livre do sofrimento através da apatheia ou paz da mente (literalmente “sem paixão”), onde a paz da mente era entendida, no sentido antigo, como ser objetivo ou ter um julgamento claro e a manutenção de equanimidade em face dos altos e baixos da vida.
Para os estoicos, a razão significava não apenas usar a lógica, mas também entender os processos da natureza – o logos, ou razão universal, inerente a todas as coisas. Viver de acordo com a razão e a virtude, sustentavam eles, é viver em harmonia com a ordem divina do universo, em reconhecimento da razão comum e o valor essencial de todas as pessoas.
As quatro virtudes cardiais da filosofia estoica são um conjunto derivado dos ensinamentos de Platão:
· Sabedoria (Sophia)
· Coragem (Andreia)
· Justiça (Dikaiosyne)
· Temperança (Sophrosyne).
Segundo Sócrates, os estoicos sustentavam que a infelicidade e o mal eram os resultados da ignorância humana da razão na natureza. Se alguém é cruel, é porque ele não tem consciência da sua própria razão universal, que conduz à conclusão de bondade. A solução para o mal e a infelicidade é, então, a prática da filosofia estoica: examinar seus próprios julgamentos e procedimentos, determinando onde eles divergem da razão universal da natureza.
Os estoicos aceitavam que o suicídio fosse permitido às pessoas sábias em circunstâncias tais que pudessem impedir uma vida virtuosa. Plutarco sustentava que aceitar uma vida sob a tirania, teria comprometido a constância de Cato[2] como um estoico e prejudicado sua liberdade para fazer as escolhas morais honradas. O suicídio seria justificado se alguém se tornasse vítima de grave dor ou doença, sendo visto, de outra forma, como rejeição de seu dever social.
V.1 A DOUTRINA DAS “COISAS INDIFERENTES”
Em termos filosóficos, as coisas que são indiferentes, estão fora da aplicação da lei moral, isto é, sem tendência de produzir ou obstruir os fins morais. As ações nem exigidas, nem proibidas pela lei moral, ou que não afetam a moralidade, são chamadas de moralmente indiferentes. A doutrina das coisas indiferentes surgiu na escola estoica como um corolário (declaração que segue imediatamente uma declaração anterior) da sua oposição diametral de virtude e vício (respectivamente “ações convenientes” ou ações em acordo com a natureza e enganos). Como resultado dessa dicotomia, uma grande classe de objetos foi deixada como indeterminada e assim considerada como indiferente.
Finalmente, três subclasses de “coisas indiferentes” se desenvolveram: coisas a serem preferidas, porque assistem a vida de acordo com a natureza; coisas a evitar, porque a impedem; e coisas indiferentes no sentido mais estreito. O Princípio das coisas indiferentes foi também comum aos Cínicos e Céticos e acabou sendo revivida, durante o Renascimento, por Philipp Melanchthon.
V.2 EXERCÍCIO ESPIRITUAL
Filosofia, para um estoico, não é apenas um conjunto de crenças ou propostas éticas, mas um meio de vida envolvendo prática e treinamento constante. As práticas filosóficas e espirituais do estoico incluíam lógica, diálogo socrático e auto diálogo, contemplação da morte, treinamento da atenção para permanecer no momento presente (similar a algumas formas de meditação oriental) e reflexão diária sobre os problemas de todo o dia e possíveis soluções. Filosofia, para um estoico, é um processo ativo de constante prática e auto lembrança.
Em suas “Meditações”, Marco Aurélio apresenta várias de tais práticas. Por exemplo, no Livro II.I:
“Diga a si mesmo cada manhã: hoje encontrarei homens ingratos, violentos, traiçoeiros, invejosos e sem caridade. Toda a ignorância do mal e bem reais ... Não posso ser ferido por qualquer deles, pois nenhum homem me envolverá no erro, nem posso ficar brabo com meu parente ou odiá-lo, porque viemos ao mundo para trabalhar juntos ...
Epictetus, estoico, nascido escravo e autor dos "Discursos" |
Antes de Aurélio, Epictetus, em seus “Discursos”, distinguia entre três tipos de ações: julgamento, desejo e inclinação. De acordo com o filósofo francês Pierre Hadot, Epictetus identifica essas três ações com lógica, física e ética, respectivamente. Hadot escreve que, nas “Meditações”, “Cada máxima desenvolve ou uma dessas muitas ações características, ou duas ou três delas.
As práticas de exercícios espirituais têm sido descritas como influenciando os de prática reflexiva por Seamus Mac Suibhne. Paralelos entre exercícios espirituais estoicos e a moderna terapia cognitiva de procedimento[3] foram detalhados à exaustão no “A Filosofia da Terapia Cognitiva de Procedimento” de Robertson.
VI – FILOSOFIA SOCIAL
Uma característica diferenciada do estoicismo é o seu cosmopolitismo: todos os povos são manifestações do único espírito universal e deveriam, segundo os estoicos, viver no amor fraternal e estarem sempre prontos a se ajudar uns aos outros. Nos “Discursos”, Epictetus comenta sobre as relações do homem com o mundo: “Cada ser humano é, primariamente, um cidadão da sua própria-nação; mas ele é também um membro da grande cidade dos deuses e homens, da qual a cidade política é apenas uma cópia”. Tal sentimento faz eco às palavras de Diógenes de Sinope, que disse: “Não sou um ateniense ou um coríntio, mas um cidadão do mundo”.
Eles sustentavam que diferenças externas tais como a posição social e a riqueza não são importantes nas relações sociais, mas sim a fraternidade da humanidade e a igualdade natural de todos os seres humanos. O estoicismo tornou-se a mais influente escola do mundo greco-romano e produziu um grande número de importantes escritores e personalidades, como Cato, o Jovem e Epictetus.
Sêneca, o Jovem, filósofo estoico, estadista e dramaturgo |
Em particular, foram notados por sua clemência pelos escravos. Sêneca exortava “Gentilmente lembrar que aquele que você chama escravo é fruto do mesmo estoque, expressa sua alegria pelos mesmos céus e, em termos iguais com você, respira, vive e morre.
VII – CRISTIANISMO
A maior diferença entre as duas filosofias (social e espiritual) é o panteísmo do estoicismo, em que Deus nunca é totalmente transcendente, mas sempre imanente. Deus, como a entidade criadora do mundo, é personalizada no pensamento cristão, mas o estoicismo equipara Deus à totalidade do universo, o que é profundamente contrário ao Cristianismo. A única encarnação (literalmente significando tomar corpo na carne ou tomar carne) no estoicismo é que cada pessoa tem parte do logos dentro de si. O estoicismo, diferentemente do cristianismo, não coloca a questão do início e fim do universo.
O Estoicismo foi, mais tarde, visto, pelos Pais da Igreja, como uma filosofia pagã, embora alguns conceitos filosóficos centrais do Estoicismo fossem empregados pelos primeiros escritores cristãos. Exemplos incluem os termos “logos”, “virtude”, “Espírito” e “consciência”. Mas os paralelos vão bem além de compartilhar e tomar emprestada a terminologia. Tanto o Estoicismo como o Cristianismo declaram uma liberdade interior em face ao mundo exterior, uma crença na ligação humana com a Natureza de Deus, um senso de corrupção inata – ou “mal persistente” – da espécie humana e a futilidade e temporariedade das posses e ligações do mundo. Ambos encorajam o ascetismo com relação às paixões e emoções inferiores tais como a luxúria e a inveja, de forma que as maiores possibilidades da humanidade de alguém podem ser despertadas e desenvolvidas.
Os escritos dos estoicos, tais como “As Meditações”, de Marco Aurélio, têm sido altamente considerados por muitos cristãos através dos séculos. O ideal estoico da ausência de paixões é aceito, até hoje, como o estado moral perfeito pela Igreja Ortodoxa Oriental. Santo Ambrósio de Milão ficou conhecido por aplicar a filosofia estoica à sua teologia.
O apóstolo Paulo encontrou-se com os estoicos durante a sua estada em Atenas, conforme “Atos 17: 16-18”. Em suas cartas, Paulo refletiu fortemente sobre o seu conhecimento da filosofia estoica, usando termos e metáforas estoicos para ajudar seus novos convertidos gentis no seu entendimento na palavra revelada de Deus.
A influência estoica também pode ser vista nos trabalhos de Santo Ambrósio, Marcus Minucius Felix e Tertuliano.
VIII – USO MODERNO
A palavra “Estoico” comumente se refere a “alguém indiferente à dor, pesar ou alegria. O uso moderno como “pessoa que reprime sentimentos ou suporta pacientemente” foi primeiro citado em 1579, como um “nome”, e em 1596, como um adjetivo. Em contraste ao termo “Epicurista”, a Enciclopédia Stanford de Filosofia, com relação ao Estoicismo, escreve: “O sentido do adjetivo inglês ‘estoico’ não é totalmente enganoso com relação às suas origens filosóficas”.
Os estoicos de fato reprimiam emoções como medo ou inveja (ou ligações sexuais sem intensa emoção, ou amor com paixão por qualquer coisa que seja) quer fosse ou se originasse de falso julgamento e que o sábio – uma pessoa que tivesse atingido a perfeição moral ou intelectual – não seria atingido por elas. Os últimos estoicos dos tempos do Império Romano, Sêneca e Epictetus, enfatizavam as doutrinas (já centrais aos ensinamentos dos primeiros estoicos) de que o sábio seria totalmente imune à má sorte e que a virtude é suficiente para a felicidade.
Nossa frase “calma estoica” talvez contenha o significado geral de suas assertivas. Não sugere, contudo, as mais radicais visões éticas que os estoicos defendiam, como por exemplo que somente o sábio é livre enquanto todos os demais são escravos, ou que todos aqueles que são moralmente viciosos também são assim. Embora pareça claro que alguns estoicos tivessem uma espécie de alegria perversa em advogar pontos de vista que parecessem em desacordo com o senso comum, não procediam assim apenas para chocar. A ética estoica alcança uma certa plausibilidade dentro do contexto de sua teoria física e psicologia e dentro da estrutura da teoria ética grega como exposta a eles a partir de Platão e Aristóteles. Parece que eles tinham consciência da natureza mútua interdependente de seus pontos de vista filosóficos, assemelhando a própria filosofia a um animal vivo em que a lógica seria os ossos e tendões; a ética e a física seriam a carne e a alma respectivamente (outra versão reverteria esta designação, fazendo a ética a alma). Seus pontos de vista em lógica e física não são menos distintivos e interessantes que na própria ética.
IX – INFLUÊNCIAS
A influência do Estoicismo sobre as culturas Grega e Romana, foi enorme. Zeno, o primeiro líder da escola, teve uma estátua dedicada a si, em Atenas, com dinheiro público, em que, parcialmente se lia:
“Tendo em conta que Zeno de Citium, filho de Mnaseas, foi por muitos anos devotado à filosofia na cidade, continuando a ser um homem de valor em todos os outros aspectos, exortando à virtude e temperança os jovens que vieram a ele ter para serem ensinados, dirigindo-os para o que é melhor, proporcionando a todos, com sua própria conduta, um padrão de imitação em perfeita consistência com seus ensinamentos ...”
Certamente os cidadãos de Atenas não poderiam ter honrado Zeno por toda uma vida vivida em consistência com seus princípios filosóficos, a menos que o conteúdo desses princípios fosse conhecido do público em geral. Considerando que os estoicos se reuniam, discutiam e ensinavam filosofia em lugares públicos, a mensagem geral de sua filosofia era amplamente conhecida. O estoicismo tornou-se uma “filosofia popular” de uma forma que, nem Platonismo, nem Aristotelismo, jamais foram. Em parte, isso foi porque o Estoicismo, como seu rival, o Epicurianismo, abordava questões que interessavam à maioria das pessoas, de formas muito diretas e práticas. Ele lhe diz como você deve considerar a morte, o sofrimento, grandes riquezas, pobreza, poder sobre outros e escravidão. No contexto político e social do poderio helenístico (onde uma pessoa poderia passar entre esses extremos em curto espaço de tempos) o Estoicismo proporcionava uma fortaleza psicológica garantida contra a má sorte. Historiadores de filosofia anteriores, deste século, viam isto, em geral, como uma marca contra a filosofia helenística. A noção era de que a filosofia havia chegado ao seu auge com Platão e Aristóteles e então degenerado para uma popular filosofia do “sentir-se bem” do período helenístico sem se aproximar da sua glória anterior novamente, até Plotinus. Pode ser verdade que a falta de autonomia política nas cidades-estados gregas tenha feito o ideal do sábio estoico autossuficiente parecer mais relevante e desejável. Mas mesmo que a filosofia fosse agradável à época, os estoicos e epicurianos forneceram argumentos para seus pontos de vista que ainda possuem interesse para nós que vivemos num contexto social e político muito diferente. Ou talvez tudo possa depender de quão pessimista você seja sobre as possibilidades quanto à autodeterminação dos indivíduos e pequenas comunidades na idade da globalização.
No nível político, a dinastia Antigonida[4] tinha ligações com os filósofos Estoicos. Antigonus Gonatas foi, alegadamente, um pupilo de Zeno de Citium. Ele solicitou a Zeno que fosse o tutor de seu filho, Demetrius, mas ele recusou com a desculpa de ser muito velho para o serviço. O homem que ele enviou em seu lugar, Perseus, era profundamente envolvido nos negócios da corte e, de acordo com algumas fontes, morreu em batalha em Corinto, a serviço de Antigonus. Outro homem forte helenístico, Cleomenes de Esparta, tinha o filósofo Estoico Sphaerus como um de seus conselheiros. As reformas instituídas em Esparta (incluindo a extensão da cidadania a estrangeiros e a redistribuição da terra) foram vistas por alguns como uma reforma social estoica, embora seja menos claro que tenha sido apenas um instrumento de poder para Cleomenes.
Marco Aurélio, imperador romano e filósofo estoico autor das “Meditações” |
Em 155 AC, Atenas enviou uma delegação de três filósofos, Estoico, Acadêmico cético e Peripatético, em embaixada a Roma – nenhum Epicuriano foi incluído, talvez porque os Epicurianos recusassem por princípio participar em negócios públicos. Seus ensinamentos causaram sensação entre os educados. O Cético Carneades se dirigiu a uma multidão de milhares em um dia e argumentou que a justiça era um bem genuíno no seu próprio direito. No dia seguinte ele argumentou contra a proposição de que era no interesse do agente ser justo em termos de convencimento. Essa clara disposição de perícia dialética, junto com a profunda suspeição assentada de cultura filosófica, gerou uma reação conservadora contra todos os filósofos gregos conduzido por Marcus Porcius Cato (o Censor). Cerca de 86, contudo, Roma estava pronta para receber a filosofia grega de braços abertos. Seria natural que um romano ambicioso e abonado, como Cícero, fosse estudar nas escolas filosóficas de Atenas e retornasse para popularizar a filosofia grega para seus compatriotas menos cosmopolitas. O Epicurianismo tendeu a ser favorecido nas fileiras dos militares de Roma, ao passo que o Estoicismo apelou mais aos membros do Senado e outros influenciadores e poderosos políticos. Muitos políticos romanos adotaram ao final o tom de alta moral do Estoicismo de acordo com o qual somente a virtude é um bem genuíno, enquanto dinheiro, saúde e mesmo a própria vida são simplesmente consideradas indiferentes. Figuras políticas romanas associadas com o Estoicismo incluem Cato, o Jovem e Scipio Aemilianus (embora algumas das queixas feitas no aprendizado anterior sobre a filosofia e cultura gregas e o Círculo Scipiônico sejam hoje vistas com certa suspeição). Marcus Brutus (o amigo de Cícero que tomou parte no assassinato de Julius Caesar), professou o estoicismo, o que não o impediu de recorrer a empréstimos de agiota (daí a piada de que era um homem de altos princípios, mas ainda mais altos juros). Pompeu achou suficientemente importante prestar atenção às idas e vindas do filósofo Estoico Panaetius. Otávio, (que se tornou Augusto), teve um tutor Estoico. Entre os imperadores romanos, o filósofo Estoico Sêneca foi o conselheiro de Nero. Helvidius Priscus fazia propaganda de ser um Estoico. Quando de forma pouco inteligente criticou o Imperador Vespasiano no Senado, foi executado e todos os filósofos foram expulsos de Roma como criadores de problemas. Sob Domiciano eles foram banidos de toda a Itália. Claramente, o pior dos imperadores romanos não sabia o que fazer com pessoas que não viam a morte como o maior dos males. A hostilidade do Império não durou muito. Adriano (117 a 138 DC) foi um amigo da filosofia grega e fez com que seu parente e sucessor, Marco Aurélio, tivesse uma educação que incluísse a filosofia. Suas “Meditações” são ainda uma boa leitura, mesmo que você não saiba nada sobre Estoicismo, mas especialmente se sabe. Marco Aurélio reparou os pecados de Roma contra a Filosofia, estabelecendo a formação de professores nas quatro escolas de filosofia de Atenas e em cento e setenta e seis outras. A despeito disso, o Estoicismo como movimento filosófico em si, desaparece aos primórdios do segundo século.
A influência do Estoicismo na história subsequente do pensamento filosófico e religioso é difícil de avaliar diretamente. A tradição de teorias de lei natural na ética, parece derivar diretamente do Estoicismo. Teólogos cristãos foram certamente receptivos a alguns dos elementos do Estoicismo. Existe uma inautêntica correspondência entre São Paulo e Sêneca incluída na Apócrifa. O documento é muito antigo referido em “De Viris Illustribus”, de São Jerônimo e na “Epístola 153.4” de Santo Agostinho, que resolveu seguir os Estoicos ao invés dos Platonistas (seus aliados usuais entre os filósofos) sobre a questão da associação de animais na comunidade moral. Filósofos medievais e do Renascimento eram afeitos ao Estoicismo, principalmente através dos escritos de Sêneca e Cícero. A influência do Estoicismo no pensamento medieval foi considerada por Verbeke (1983) e Colish (1985). Seu renascimento no século XVI é discutido por Zanta (1914) e Cooper (2004). Há vários estudos novos sobre a influência da filosofia Estoica, incluindo Osler (1991) e Strange e Zubek (2004).
[1] Askesis, em grego, ou ascetismo, em português, é um estilo de vida caracterizado pela abstinência de prazeres sensuais, muitas vezes com o objetivo de atingir metas espirituais. Os ascetas poderiam se retirar do seu mundo para as suas práticas ou continuar a fazer parte de suas sociedades, mas tipicamente adotavam um estilo de vida frugal, caracterizado pela renúncia de possessões materiais e prazeres físicos e pelo tempo dispendido em jejuns, ao mesmo tempo que concentrando-se na prática da religião ou na reflexão sobre matérias espirituais.
[2] Marcus Porcius Cato Uticensis, (95 AC a 46 AC), comumente conhecido como Cato, o Mais Jovem, para distingui-lo de seu bisavô, Cato, o Mais Velho, foi um estadista do final da República Romana e um adepto da filosofia estoica. Um orador notável, lembrado por sua teimosia e tenacidade (especialmente por seu prolongado conflito com Júlio Cesar), bem como por sua imunidade aos subornos, por sua integridade moral e seu famoso desgosto pela corrupção disseminada do período.
[3] Terapia cognitiva de procedimento (TCP) é uma intervenção psicossocial que visa melhorar a saúde mental. Ela foca o desafio e a mudança de distorções que não ajudam em nada (por exemplo, pensamentos, crenças e atitudes) e procedimentos cognitivos, melhorando a regulação emocional e o desenvolvimento de estratégias pessoais de tratamento, cujo alvo é a solução de problemas corriqueiros. Originalmente ela foi projetada para tratar a depressão, mas seus usos foram estendidos para incluir o tratamento de várias condições de saúde mental, inclusive a ansiedade.
[4] A Dinastia Antigonida foi uma dinastia de reis helenísticos descendente do general de Alexandre, o Grande, Antigonus I Monophtalmus (o “de Um Olho Só”). Foi a casa governante da antiga Macedônia de 306 a 168 AC. Tal dinastia foi estabelecida quando Demetrius I Poliorcetes, o filho de Antigonus I, removeu o Governador de Atenas de Cassander, Demetrius de Phaleron, e conquistou a ilha de Chipre, com isso dando a seu pai o controle do Mar Egeu, Mediterrâneo oriental e todo o Oriente Médio, com exceção da Babilônia. Antigonus I foi proclamado rei em 306 AC pelos exércitos reunidos dessas áreas.
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