Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

quinta-feira, 6 de março de 2025

ADIÓS

 Tendo em vista a modorra causada por este verão de 2025, algo anormal, da nossa querida cidade de Gramado, vamos à republicação, em forma de postagem, de uma música já publicada anteriormente na "tag" "MÚSICAS" de nosso "blog".
Cabe, imediatamente, uma ressalva: não sou um fã ardoroso da música latina. Essa, entretanto, entre muitas outras, me é extremamente evocativa dos meus tempos de criança. Já tive oportunidade de escrever em outros lugares, que muitas das minhas músicas preferidas não são do meu tempo, mas a elas fui conduzido por influência de meus pais, ou por lembrança de tenra idade quando por eles era levado para assistir apresentações de orquestras no antigo Auditório Araújo Viana, então situado ao lado da Praça da Matriz, em Porto Alegre, onde hoje se situa a Assembleia Legislativa do Estado. Morei ali perto, por pouco tempo e tinha então, em 1947, os meus três anos de idade e músicas como essas eram muito executadas, naquele período de pós Segunda Guerra Mundial, por grandes orquestras americanas, estilo Glenn Miller, entre outras. Essas músicas que são, evidentemente, músicas de boa qualidade, ficaram muito bem guardadas em minha memória e, embora não sejam executadas com frequência – principalmente nesses tempos atuais, muito conturbados -, sempre me conduzem de volta àqueles tempos de criança, já tão longínquos e sempre as escuto com muito prazer.
Adiós é, originalmente, uma “rumba fox trot, de autoria de Enric Madriguera (música e letra original em espanhol), composta em 1931; posteriormente, Eddie Woods faria uma versão em inglês da letra em espanhol. A letra original é triste e simples, contando a história de um homem que se despede do seu amor, pedindo que não o esqueça. Mas é realmente a melodia, que mais traduz a tristeza que ele sente e que a torna tão linda. Posteriormente essa melodia foi transformada, em ritmo e orquestração, transformando-se, nas execuções de Glenn Miller, Mantovani e outras grandes orquestras em canção suave e de alta qualificação. Vários cantores também gravaram a sua composição, entre eles Pedro Vargas e o nosso Roberto Carlos.
Enric Madriguera foi um violinista, compositor e diretor de orquestra espanhol, de origem catalã, nascido em Barcelona, em 17 de fevereiro de 1904 e morto em 7 de setembro de 1973, em Danbury, Connecticut, USA. Já costumava dar concertos, ainda quando criança, antes de entrar para o conservatório de Barcelona. A forma castelhana do seu nome é “Enrique”, como algumas vezes ele usava em discos.
Antes de emigrar aos Estados Unidos, fez muitas apresentações na Espanha e França, ainda como adolescente. Já nos EUA, com vinte e poucos anos de idade, fez parte, como solista, das célebres orquestras filarmônicas de Chicago e Boston. Ao final dos anos 1920’s, Madriguera tocou na orquestra de estúdio Ben Selvin, na Columbia Records, New York, onde serviu brevemente como diretor daquela companhia para gravações de música latina.
Ao encerrar os anos 1920’s, durante uma temporada em Cuba, chegou a dirigir a Orquestra Filarmônica Cubana, de cuja proveitosa etapa nasceu o seu gosto pelos ritmos cubanos e seu vínculo com “La Única”. Como era conhecida a cantora cubana Rita Montaner, inspiradora de uma das suas mais famosas composições: Adiós. Rita havia feito uma versão muito original da canção de Moisés Simons, “El Manisero”; “Adiós”, notavelmente influenciado pelo primeiro, também se converteu em estrondoso sucesso. 
Enric Madriguera entre membros de sua orquestra
Em 1932 ele iniciou sua própria orquestra no Biltmore Hotel, que gravou para a Columbia até 1934. Nesse período sua música era, na maior parte, dança ou fox trot anglo-americana, embora tivesse um modesto hit com sua interpretação em rumba de Carioca. Pelos anos 1940’s ele gravava quase que exclusivamente música latino-americana. Diz-se que todos os embaixadores de países sul-americanos declararam Madriguera o “Embaixador de Música para todas as Américas”. Apareceu em alguns musicais em curta metragem, incluindo “Enric Madriguera e sua Orquestra, de 1946, em que ele interpretava várias canções cantadas por sua esposa vocalista Patricia Gilmore.
Enric Madriguera foi, junto com seu patrício Xavier Cugat, um dos músicos que mais difundiram os ritmos cubanos a partir do início dos anos 1930’s.
Para ser o mais fiel possível à memória da própria canção, vou começar apresentando a versão original da gravação de Adiós pelo selo Columbia, com a orquestra de Enric Madriguera e o vocalista Guty Cárdenas. A seguir, a versão que talvez tenha feito mais sucesso e também por mostrar um estilo muito característico, pela Orquestra de RayConniff e Seus Cantores. Mas, a gravação que realmente me emocionou, fica por conta de Mantovani e sua Orquestra. É aquela que que eu costumo dizer que, em certas partes da sua execução, chega a dar uma dorzinha lá no fundo do coração ...
Para quem quiser acompanhar cantando, segue a letra original em espanhol. Ao lado da letra, apresentamos a primeira página da partitura da composição "Adiós", com letra de Eddie Woods.

ADIÓS 
(Enric Madriguera)

Adiós
Me voy linda morena lejos de ti
El alma hecha una pena porque al partir
No quiero que olvides nuestro amor
Hermosa flor
Mi alma cautivaste
Con la fragancia de tú candor
Tú eres toda mi ilusión
Tú eres mi dulce canción
Adiós
Me voy linda morena lejos de aqui
A llorar mi tristeza lejos de ti
Hermosa flor
Mi alma cautivaste
Con la fragancia de tú candor
Tú eres toda mi ilusión
Tú eres mi dulce canción
Adiós, adiós
Me voy linda morena lejos de aqui
A llorar mi tristeza lejos de ti
Adiós
Adiós, adiós
Me voy linda morena lejos de aqui

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