O IMPÉRIO GERMÂNICO
Wilhelm II, Imperador Germânico |
O Império Alemão recém-fundado era uma monarquia constitucional. Para a composição do Reichstag (Parlamento) foi instituído o sufrágio geral, igual e secreto dos homens, mas a influência do Reichstag sobre a política imperial era limitada. Leis propostas através do Reichstag só podiam entrar em vigor com a aprovação do Conselho Federal e do Imperador; eles podiam dissolver o parlamento a qualquer momento e organizar novas eleições. O único poder importante do Reichstag era a aprovação do orçamento do Estado. Quanto ao maior item, o orçamento militar, o Reichstag era autorizado a votar somente de forma generalizada e por um período total de sete anos (Septennat). O governo imperial obedecia ao Imperador, não ao Reichstag.
Prédio do Parlamento do Império Alemão, Berlim, 1894 |
A partir de 1871, os socialdemocratas também foram representados no Reichstag e seus partidos se uniram posteriormente ao SPD[2]. Era o único partido político no Império alemão que se declarava a favor de uma forma republicana de governo. Por causa disso, até renunciar ao cargo em 1890, Otto von Bismarck, a partir de 1878, mandou persegui-lo com base em leis antissocialistas. No entanto, os socialdemocratas aumentaram sua percentagem de votos em quase todas as eleições. Após a eleição geral de 1912, com 110 deputados e 28 por cento dos votos os socialdemocratas representaram o maior partido.
Nos 43 anos do Império até a Primeira Guerra Mundial, o SPD não só cresceu, mas também mudou seu caráter. Na discussão do Revisionismo de 1898, os revisionistas queriam excluir o objetivo revolucionário do programa do partido. Ao invés disso, lutaram por reformas sociais com base na ordem econômica existente. A maioria da base marxista do partido foi contra o revisionismo e se impôs novamente. Mas a retórica ainda revolucionária escondia somente com dificuldade o fato de que SPD havia se tornado praticamente reformista desde a abolição das leis antissocialistas em 1890. Os socialdemocratas, que foram consideradas "inimigos do Reich" e "apátridas" por muito tempo, se viam como patriotas alemães. No início da Primeira Guerra Mundial, tornou-se óbvio que o SPD era parte integral do Império, embora na oposição.
As duas décadas que se seguiram à Unificação Alemã viram o plantio e o auge do primeiro conflito mundial pelo sistema político prussiano-alemão.
A constituição do Império Germânico foi uma versão levemente modificada da constituição da Confederação da Alemanha do Norte. Oficialmente, o Império Alemão era um estado federal. Na prática, a relação do Reino da Prússia com o resto do império foi sempre um pouco confusa. O reino de Hohenzollern incluía três quintos do território alemão e dois terços da sua população. O Exército Imperial Alemão foi, na prática, um exército prussiano ampliado, embora os outros reinos (Baviera, Saxônia e Württemberg) tivessem mantido seus próprios exércitos.
A coroa imperial era um cargo hereditário da Casa de Hohenzollern, a casa real da Prússia. O primeiro-ministro da Prússia, com exceção de dois períodos curtos (janeiro a novembro de 1873 e 1892-1894), também foi chanceler imperial. Mas o próprio império não tinha o direito de cobrar impostos diretamente de seus súditos; os únicos rendimentos totalmente sob o controle federal foram os direitos aduaneiros, impostos especiais de consumo comuns, e as receitas de prestação de serviços postais e telegráficos. Embora todos os homens acima de 25 anos de idade pudessem votar nas eleições imperiais, a Prússia manteve o seu sistema de votação restritivo de três classes. Isso exigia, de forma eficaz, que o rei/imperador e o primeiro-ministro/chanceler procurassem maiorias das legislaturas eleitas por duas populações diferentes. Tanto no Reino quanto no Império, os círculos eleitorais originais nunca foram redesenhados para refletir as mudanças na população, o que fez com que as zonas rurais foram grosseiramente sobre representadas na virada do século XX.
Como resultado, o Reino da Prússia e o Império Alemão formavam um estranho paradoxo. Bismarck sabia que seu novo Reich Alemão (Império Alemão) agora era um colosso fora de qualquer proporção com relação ao resto do continente. Com isso em mente, ele declarou a Alemanha uma potência satisfeita, usando seus talentos para preservar a paz, por exemplo, no Congresso de Berlim[3].
Friedrich III, segundo imperador do Império Germânico, por 99 dias. |
Como primeiro imperador do Império Alemão, Wilhelm I foi sucedido por seu filho Friedrich III, que exerceu o cargo por apenas noventa e nove dias, em 1888, após a morte de seu pai, morrendo de câncer da laringe. Friedrich III casou-se com a Princesa Victoria, filha mais velha da Rainha Victoria, do Reino Unido. A ideologia liberal do casal conduziu-os a buscar uma maior representação dos Comuns no governo. A despeito de sua experiência familiar militar conservadora, ele havia desenvolvido tendências liberais como resultado de seus laços com a Grã-Bretanha e seus estudos na Universidade de Bonn. Enquanto ainda Príncipe, opôs-se ao Chanceler Bismarck, especialmente com relação às suas ideias de unir os estados germânicos pela força e muito fez para ofuscar a Chancelaria. Liberais do Império Germânico e Inglês esperavam que, como Imperador ele fosse liberalizar o seu Império. Infelizmente pouco pode fazer por tal, pois já sofria de câncer de laringe quando morreu em 15 de junho de 1888, com 56 anos de idade.
Em 1888, aos 29 anos, Wilhelm tornou-se o Imperador Wilhelm II, após uma juventude difícil e conflitos com sua mãe britânica Vitória, Princesa Real. Ele acabou demonstrando ser homem de pouca experiência e visão estreita e reacionária; de julgamento pobre e mau humor frequente, alienou antigos amigos e aliados. Foi o imperador da Primeira Grande Guerra e por ela foi deposto e obrigado a fugir em exílio para a Holanda.
Embora, em sua juventude, ele tivesse sido grande admirador de Bismarck, a característica impaciência de Wilhelm II logo o fez entrar em choque com o “Chanceler de Ferro”, figura dominante na fundação do seu Império. Ao contrário do seu antecedente, Wilhelm II pretendia uma expansão rápida e vigorosa para assegurar o seu “lugar ao Sol”, em oposição à cuidadosa política externa de Bismarck; além disso, o jovem Imperador veio também para reinar além de governar, diferentemente do seu avô que muito delegava a Bismarck. Assim, conflitos desde o início logo envenenaram o relacionamento entre os dois e o rompimento final iniciou logo após a tentativa de Bismarck de implementar uma lei antissocialista de longo alcance, no início da década de 1890. À medida que as discussões prosseguiam, Wilhelm tornava-se mais interessado nos problemas sociais, especialmente na greve dos mineiros de 1889, interrompendo Bismarck frequentemente, para que todos soubessem onde ele se situava na política social. Bismarck discordava francamente de sua política e com o tempo, sentindo-se pressionado por Wilhelm e solapado por seus ambiciosos conselheiros, recusou-se a assinar uma proclamação relativa à segurança de trabalhadores, junto com Wilhelm, como previa a Constituição. O rompimento final veio quando Bismarck teve que buscar nova maioria no Parlamento devido ao fiasco do projeto antissocialista. Os poderes remanescentes no Parlamento eram o Partido Católico do Centro e o Partido Conservador. Bismarck quis formar um novo bloco com o Partido do Centro e convidou o seu líder no Parlamento, Ludwig Windthorst, para discutir uma coalizão, o que provocou a explosão de Wilhelm. Pela primeira vez forçado a uma situação da qual ele não poderia tirar vantagem própria, Bismarck resignou, por insistência de Wilhelm, em 18 de março de 1890, com a idade de 75 anos, sendo sucedido por Leo von Caprivi, depois por Chlodwig, príncipe de Hohenlohe-Schillingsfürst, em 1894 e, finalmente, por Bernard von Bülow, em 1900, “seu próprio Bismarck”. Na abertura do Parlamento, em 6 de maio de 1890, o Kaiser declarou que a questão mais importante era a ampliação do projeto de lei relativo à proteção do trabalhador. Em 1891 o Parlamento aprovou o Ato de Proteção ao Trabalhador, que melhorava as condições de trabalho, protegia as mulheres e crianças e regulava as relações de trabalho, tudo a que se opunha Bismarck.
Na política externa, Bismarck havia alcançado um frágil equilíbrio de interesses entre o Império Germânico, a França e a Rússia; a paz estava bem próxima e Bismarck tentou manter este estado de coisas embora o crescente sentimento popular contra a Grã-Bretanha (com relação à suas colônias) e, especialmente, contra a Rússia. Com a saída de Bismarck os russos esperavam uma inversão na política em Berlim e rapidamente buscou a França, iniciando um processo que, no início de 1914, praticamente isolou o Império Germânico.
Por outro lado, trazendo para si pessoas como Caprivi e Hohenlohe, Wilhelm II embarcava no que é conhecido pela história como o “Novo Rumo”, em que ele esperava exercer decisiva influência no governo do Império. Os historiadores discutem sobre o seu sucesso na implementação do “governo pessoal”, mas ficou clara a diversa dinâmica existente entre a Coroa e o Chanceler (seu chefe político) na “Era Guilhermina”. Bismarck havia criado o “Mito Bismarck”, algo que os eventos futuros mostrariam, e sua saída destruiu quaisquer chances que o Império possuía de estabelecer um governo efetivo. Assim, o “Novo Rumo” foi mais caracterizado como o navio germânico fora de controle, eventualmente conduzindo, por uma série de crises, ao morticínio da Primeira e Segunda Guerra Mundiais.
No início do século XX, Wilhelm iniciou sua real agenda: a criação de uma marinha germânica que rivalizasse com a britânica e permitisse ao Império declarar-se uma potência mundial. E enquanto seus fiéis chanceleres se ocupavam dos negócios domésticos, Wilhelm II espalhava alarmes nas chancelarias da Europa com suas crescentes visões excêntricas das relações externas. Hoje é amplamente reconhecido que os vários atos espetaculares por ele perpetrados na esfera internacional foram muito influenciados pela elite da política externa germânica. A própria opinião pública britânica, que havia sido favorável ao Kaiser nos seus primeiros doze anos, tornou-se amarga ao final dos anos 1880 e durante a Primeira Guerra Mundial ele tornou-se o principal alvo da propaganda britânica antigermânica e na personificação de um inimigo odiado. Wilhelm II inventou e espalhou temores de um “perigo amarelo”, tentando interessar outros governantes europeus nos perigos que eles enfrentavam numa invasão da China. Também usou a vitória dos japoneses na guerra Russo – Japonesa, para provocar medo, no Ocidente, do perigo amarelo que eles enfrentavam num Japão ressurgente, que dizia, se uniria à China para derrotar o Ocidente. Com Wilhelm, o Império investiu no fortalecimento de suas colônias da África e do Pacífico, mas poucas tornaram-se lucrativas e foram perdidas durante a Primeira Guerra Mundial. Uma das poucas vezes em que Wilhelm foi bem-sucedido na diplomacia pessoal, foi quando em 1900 ele apoiou o casamento do Arquiduque Franz Ferdinando da Áustria[4], com Sophie Chotek, contra os desejos do Imperador Franz Joseph.
Aqui, um pequeno parêntese se faz necessário. Nesta postagem, não vou tratar da Primeira Guerra Mundial com detalhe, já que um assunto imenso e sobre o qual tanto já se escreveu. Relembro que o nosso assunto é a formação da Alemanha moderna, desde as suas origens. Assim, a Primeira Grande Guerra será aqui tratada apenas como um dos episódios importantes da formação desse país.
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
A Primeira Guerra Mundial, que matou 17 milhões de pessoas, traumatizou uma geração, fez desmoronar antigos impérios e alterou a ordem política mundial, ainda mantém suas origens obscuras. A mais simples resposta sobre o início da Primeira Grande Guerra é que a sua causa imediata foi o assassinato de Franz Ferdinand, Arquiduque do Império Austro-Húngaro. Sua morte pelas mãos de Gavrilo Princip, um nacionalista sérvio da Bosnia, pertencente à organização “Jovem Bosnia”, com ligações com o grupo secreto militar conhecido como “Mão Negra” (composta por militares do exército da Servia), impulsionou as maiores potências militares europeias em direção à guerra. Sob as ordens do chefe da Inteligência Militar da Servia, oficiais sérvios organizaram e facilitaram o assassinato do Arquiduque, por ocasião de sua visita à Sarajevo, na Bosnia.
Gavrilo Princip, assassino do Arquiduque Franz Ferdinand |
Entretanto, os eventos que conduziram ao assassinato, são muito mais complexos, mas muitos estudiosos concordam que a emergência gradual de um grupo de alianças entre potências importantes foi causa parcial do início da guerra. Mas mesmo a teoria das alianças é hoje considerada muito simplificada pelos historiadores. A guerra não veio à Europa por acidente, mas por projeto, pondera o historiador militar Gary Sheffield, segundo o qual, a Primeira Guerra Mundial começou por duas razões fundamentais:
1) Os tomadores de decisão, em Berlim e Viena, escolheram o rumo que esperavam trar-lhes-ia significativas vantagens políticas, mesmo se conduzisse a uma guerra geral.
2) Os governos dos estados da Entente (França e aliados) aceitaram o desafio.
Sheffield acrescenta: “Na melhor das possibilidades, o Império Germânico e a Áustria-Hungria se jogaram numa aposta inconsequente que resultou totalmente errada; na pior, o ano de 1914 viu uma guerra premeditada de agressão e conquista, um conflito que provou se afastar demais da rápida e decisiva aventura que alguns esperavam.
Entretanto, conhecendo-se os antecedentes que envolviam a Áustria-Hungria, Bosnia e Servia, os patrocinadores do assassinato, comprovado o governo sérvio, jamais poderiam esperar outra reação do Império Austro-Húngaro – e seus aliados – além da declaração de guerra subsequente. O que pode sugerir duas coisas: ou uma imensa irresponsabilidade do governo sérvio ou uma ação proposital encomendada pela Entente para obter uma guerra de grandes proporções que interrompesse a caminhada imperialista dos países das Potências Centrais, outra imensa irresponsabilidade, mas agora da Entente.
Outro ponto importante a considerar, é que, longe de serem governantes remotos que desconheciam seus inimigos, os líderes dos estados da Grã-Bretanha, Império Germânico e Rússia – Rei George V, Kaiser Wilhelm II e Czar Nicolau II, respectivamente -, eram primos em primeiro grau que se conheciam muito bem. A Rainha Victoria, da Inglaterra, avó dos três líderes, tentou gerenciar a paz entre os primos, mas após a sua morte, em 1901, a boa vontade entre os ramos russo, inglês e germânico da família se dissipou conduzindo seus governantes à beira da guerra.
A investigação austro-húngara descobriu todos – com exceção de um – os assassinos e também muito da linha férrea subterrânea usada para transportar os assassinos e suas armas, da Servia para Sarajevo. Nos dois dias que se seguiram ao assassinato o Império Austro-Húngaro e o Império Germânico aconselharam a Servia a abrir uma investigação, ao que respondeu o Ministro das Relações Exteriores da Servia, Gruic: “Nada foi feito até agora e o assunto não diz respeito ao governo sérvio!”. Após isso, ásperas palavras foram trocadas de ambos os lados.
Wilhelm II, que era muito amigo de Franz Ferdinand e ficou profundamente chocado com seu assassinato em 28 de junho de 1914, ofereceu apoio à Áustria-Hungria para esmagar a “Mão Negra”, sancionando o uso da força contra a fonte presumida do movimento: a Servia (o famoso “cheque em branco”).
O Império Austro-Húngaro enviou, em 23 de julho, um “Ultimatum” ao governo Sérvio, pelo qual ele deveria, publicamente, condenar a propagando perigosa contra o Império, cujo objetivo final seria “separar da Monarquia territórios a ela pertencentes”. Além disso, o governo da Servia deveria atender a uma série de duras demandas impostas pelo Império. Um apêndice ao texto principal listava vários detalhes da investigação criminosa contra Gavrilo Princip e seus camaradas, que demonstrariam a culpabilidade e assistência fornecida aos conspiradores por vários oficiais sérvios. Instruções foram fornecidas ao ministro austríaco em Belgrado, pelo qual, se nenhuma resposta positiva incondicional fosse recebida da Servia dentro de 48 horas, o Ministro deveria abandonar a embaixada Austro-Húngara de Belgrado com todo o seu pessoal.
Enquanto os possíveis apoiadores da Servia, a aconselhavam a aceitar o ultimatum “com a menor humilhação possível”, os aliados do Império Austro-Húngaro fomentavam o início da guerra no mais curto prazo possível. A Servia aceitou todos os termos do ultimatum com exceção de um e sua resposta não foi aceita como favorável, pelo que, em 25 de julho de 1914, o Imperador Franz Joseph do Império Austro-Húngaro, assinou a mobilização para iniciar as operações contra a Servia em 28 de julho; o embaixador do Império, Giesl, deixou Belgrado. Em 28 de julho, os austro-húngaros declararam guerra à Servia e invadiram subsequentemente. A Rússia mobilizou em defesa da Servia, o Império Germânico invadiu os neutros Bélgica e Luxemburgo, antes de mover-se em direção à França, conduzindo o Reino Unido a declarar guerra contra a Alemanha.
De acordo com a teoria das alianças, em 1914 haviam resultado seis forças mais importantes que se juntaram em dois amplos grupos: Grã-Bretanha, França e Rússia formaram as Potências Aliadas (Triple Entente); o Império Germânico, Áustria-Hungria e Itália compreenderam as Potências Centrais. Embora a Itália fosse um membro das Potências Centrais, ela não se juntou a eles pelo fato da Áustria-Hungria ter tomada a ofensiva na Guerra, contra os termos da aliança. Esses acordos foram reorganizados e expandidos à medida que outras nações entraram na guerra: Itália (1915), Romênia (1916), Japão e Estados Unidos (1917) juntaram-se às Potências Aliadas, enquanto o Império Otomano (novembro de 1914) e a Bulgária (1915) juntaram-se às Potências Centrais. Os eventos chaves foram os seguintes:
· Em 28 de julho de 1914 a Áustria-Hungria declara guerra à Servia.
· Em 2 de agosto de 1914 o Império Otomano (Turquia) e o Império Germânico assinam um tratado secreto de aliança.
· Em 3 de agosto de 1914 o Império Germânico declara guerra à França.
· Em 4 de agosto de 1914 o Império Germânico invade a Bélgica, conduzindo a Grã-Bretanha a declarar guerra ao Império Germânico.
· Em 10 de agosto de 1914 a Áustria-Hungria invade a Rússia.
Finalmente, muitos outros países, incluindo Austrália, Índia e muitas colônias africanas lutaram por determinação dos seus governos imperiais.
O governo russo entrou em colapso em março de 1917, francamente solapado pela revolução comunista que tirou a Rússia da guerra através do vergonhoso tratado de Brest Litovsk, assinado por Lenin e demais líderes comunistas, constituindo uma maciça vitória germânica. Após uma formidável ofensiva germânica na Frente Ocidental, na primavera de 1918, os Aliados recuperaram-se obrigando os germânicos a retrocederem numa série de ofensivas sucessivas.
Em novembro de 1918 o Império Austro-Húngaro concordou com um armistício e o Império Germânico, com sua revolução interna, concordou com um armistício em 11 de novembro de 1918, assim encerrando a Primeira Guerra Mundial com a vitória dos Aliados.
O envolvimento na guerra havia sido desastroso para os três monarcas. Ao fim de 1918, Wilhelm II, o Kaiser Germânico, fora deposto e fugira em exílio na Holanda; Nicolau II, o Czar Russo e sua família haviam sido executados pelos comunistas; e George V, o Rei Britânico, reinava sobre um império quebrado e afogado em dívidas. Além disso, ao final da Guerra, o Império Germânico, o Império Russo, o Império Austro-Húngaro e o Império Otomano haviam cessado de existir. As fronteiras nacionais foram redesenhadas, com várias nações independentes restauradas ou criadas e as colônias do Império Germânico distribuídas entre os vencedores. Durante a Conferência de Paz de Paris, 1919, pelo Tratado de Versailles, os “Quatro Grandes” (Grã-Bretanha, França, Estados Unidos e Itália) impuseram seus termos numa série de tratados. A “Liga das Nações” foi formada com o objetivo de prevenir a repetição de um conflito semelhante. Tal Liga logo fracassou pela depressão econômica, mas renovou o nacionalismo europeu, enfraqueceu os Estados membros e, através do sentimento germânico de humilhação, contribuiu para a ascensão do Nazismo. Tais condições, em seu conjunto e ao final, muito contribuíram para a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
[1] Junkers eram denominados os membros da nobreza constituída por grandes proprietários de terras nos estados alemães anteriores e durante o 2º Reich (1871-1918). Essa aristocracia latifundiária teve importante papel na construção do Reino da Prússia, a partir do século XVIII. Diferentemente das nobrezas da França e da Inglaterra de então, os Junkers dedicavam-se diretamente à administração da atividade agrícola. Os trabalhadores nas propriedades dos Junkers eram povos conquistados militarmente e despojados de quaisquer direitos ou propriedades. Na colonização prussiana de terras conquistadas de povos eslavos, os Junkers administraram essas terras em moldes capitalistas, visando ao lucro e à eficiência da produção. Assim, constituíram-se como uma classe aplicada às técnicas modernas da produção econômica e paralelamente foram alçados por Friedrich II da Prússia a um monopólio absoluto sobre os quadros civis e militares do reino. Na Prússia do século XVIII, as classes mercantis urbanas não ganharam destaque político e predominou na construção do Estado a postura autoritária e fechada da aristocracia Junker.
[2] O Partido Social-Democrata da Alemanha (em alemão Sozialdemokratische Partei Deutschlands, cuja sigla é SPD) é, até hoje, um partido político alemão. O SPD permanece um dos partidos dominadores da cena política alemã. É o partido alemão mais antigo ainda em funcionamento, tendo completado, em 2015 cento e quarenta anos de existência. Foi impiedosamente perseguido durante o Terceiro Reich (1933-1945) e, na antiga Alemanha Oriental, foi obrigado pelas forças de ocupação soviéticas a se fundir com os comunistas.
[3] O Congresso de Berlim, realizado de 13 de junho a 13 de julho de1878, em Berlim, foi uma reunião entre líderes das grandes potências europeias e o Império Otomano. Na sequência da Guerra russo-turca, de 1877–1878, o objetivo da reunião era tentar reorganizar os países dos Balcãs - região sudeste da Europa que engloba a Albânia, Bosnia e Herzegovina, Bulgária, Grécia, República da Macedônia, Montenegro, Servia, o autoproclamado independente Kosovo e a porção da Turquia no continente europeu; algumas vezes, pode incluir Croácia, Romênia, Eslovênia e a Áustria. Bismarck conduziu o Congresso, e comprometeu-se a equilibrar os diferentes interesses da Grã-Bretanha, Rússia e Áustria-Hungria. Como consequência, no entanto, as diferenças entre a Rússia e a Áustria-Hungria e as questões de nacionalidade dos Balcãs foram intensificada.
[4] Franz Ferdinando era um Arquiduque da Áustria-Leste, Austro-Húngaro e Príncipe Real da Hungria e da Bohêmia e, de 1896 até a sua morte, herdeiro do trono Austro-Húngaro. Seu assassinato em Sarajevo precipitou a declaração de guerra da Austro-Húngaro contra a Servia, causa imediata da Primeira Guerra Mundial.
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