Embora em paz com a Pártia, Roma ainda interferia em seus assuntos. O imperador romano Tibério Graco (14 a 37 DC) envolveu-se numa trama de Farasmanes I da Ibéria (no Cáucaso, nada a ver com a Península Ibérica), para colocar seu irmão Mitrídates (de Farasmanes I e que não tem nada a ver com os Mitrídates anteriores) no trono da Armênia, pelo assassinato de rei Arsaces, da Armênia, aliado Parta dos romanos. Artabano III tentou e não conseguiu restabelecer o controle Parta da Armênia, provocando uma revolta aristocrática que o forçou a fugir para a Cítia. Os romanos liberaram um príncipe refém, Tirídates III da Pártia, para governar a região como um aliado de Roma. Pouco antes de sua morte, Artabano III conseguiu expulsar Tirídates do trono, usando tropas da Hircânia. Após a morte de Artabano III, em 38 DC, uma longa guerra civil eclodiu entre os sucessores legais Vardanes I e seu irmão Gotarzes II da Pártia. Vardanes I foi assassinado durante uma expedição de caça e a nobreza parta apelou ao imperador romano Cláudio (41 a 54 DC), em 49 DC, para libertar o príncipe refém Meherdates para desafiar Gotarzes. O tiro saiu pela culatra quando Meherdates foi traído pelo governador de Edessa (cidade da Mesopotâmia Superior fundada por Seleucos I Nicator cerca de 302 AC) e por Izates bar Monobaz, de Adiabene (pertencente ao Império Armênio), capturado e enviado a Gotarzes, que lhe permitiu viver após cortar suas orelhas, ato que o desqualificou para sempre de herdar o trono.
Logo que Radamisto (51 a 55 DC), filho de Farasmanes I, rei da Ibéria, invadiu a Armênia para depor o rei cliente de Roma, Mitrídates, Vologeses I da Pártia (51 a 77 DC) planejou invadir e colocar seu irmão, o posterior Tirídates I da Armênia, no trono. Com a queda de Radamisto e começando com o reino de Tirídates I, a Pártia manteria firme controle da Armênia – com breves interrupções – com a dinastia Arsácida da Armênia. Mesmo após a queda do Império Parta, a linha Arsácida sobreviveu através dos reis da Armênia, através dos reis da Geórgia, com a dinastia Arsácida da Ibéria e, por muitos séculos após, na Albânia Caucasiana, com a Dinastia da Albânia Caucasiana.
Quando Vardanes II da Pártia rebelou-se contra seu pai Vologeses I, em 55 DC, este retirou suas forças da Armênia, e Roma rapidamente tentou preencher o vazio político deixado. Na guerra Roma – Pártia de 58 a 63 DC, o comandante Cneu Domício Córbulo, cunhado de Calígula, obteve alguns sucessos militares contra os Partas, enquanto instalando Tigranes VI da Armênia como cliente romano. Contudo, seu sucessor Lucius Caesennius Paetus foi francamente batido pelas forças partas e abandonou a Armênia. Seguindo um tratado de paz, Tirídates I viajou para Nápoles e Roma em 63 DC, sendo cerimoniosamente coroado, em ambos os locais, Rei da Armênia, pelo imperador Nero.
Um longo período de paz seguiu-se entre Roma e a Pártia, somente registrando-se a invasão dos Alanos (povo de origem iraniana do nordeste do Cáucaso) nas regiões orientais da Pártia cerca de 72 DC, registrada por historiadores romanos. Enquanto Augusto e Nero tinham escolhido uma prudente política militar de confronto com a Pártia, os imperadores que se seguiram invadiram e tentaram conquistar o Fértil Crescente oriental, coração do Império Parta ao longo do Tigre e Eufrates, agressão em parte explicada pelas reformas militares de Roma. Contudo, os romanos não possuíam grande estratégia em seu tratamento com a Pártia e conquistaram poucos territórios com essas invasões.
Em 97 DC, o general chinês Ban Chao, “Protetor Geral das Regiões Ocidentais”[1], enviou seu emissário Gan Ying em uma missão diplomática ao Império Romano. Antes de partir em direção a Roma, Gan visitou a corte de Pacorus II (78 a 105 DC), em Hecatompilo, e viajou para o oeste até o Golfo Pérsico, onde autoridades partas o convenceram de que a única forma de chegar a Roma seria por uma árdua viagem marítima contornando a Península Arábica. Desencorajado por isso, Gan Ying voltou à corte Han onde fez ao Imperador He de Han, um detalhado relatório sobre o Império Romano baseado em relatos de seus anfitriões, que não queriam o estabelecimento de relações diplomáticas entre Roma e a China.
Já há algum tempo os partas quebravam sua união política, dividindo-se em clãs que administravam as províncias do Império, criando um governo central cada vez mais fraco. Os romanos bem souberam se aproveitar disso, logrando vitórias cada vez mais expressivas. As hostilidades entre Roma e Pártia se renovaram quando Osroes I da Pártia (reinou de 109 a128 DC) depôs o rei armênio Tirídates substituindo-o por Axidares, filho de Pacorus II, sem consultar Roma. O imperador romano Trajano (reinando entre 98 e 117 DC) matou o novo parta indicado para o trono da Armênia, em 114 DC, transformando a Armênia numa província romana. Suas forças também capturaram Nisibis, essencial para garantia das rotas principais pela planície norte da Mesopotâmia. No ano seguinte Trajano invadiu a Mesopotâmia, encontrando pouca resistência uma vez que Osroes I enfrentava uma guerra civil contra Vologases III da Pártia. Após depor Osroes I, em 116 DC, Trajano desceu o Eufrates capturando várias cidades (entre elas a importante cidade persa de Susa) até chegar ao Golfo Pérsico. Quando Sanatruces II da Pártia (filho de Mitrídates IV e sobrinho do deposto Osroes I) reuniu forças na Pártia oriental para desafiar os romanos, seu primo Parthamaspates (filho de Osroes I) da Pártia o traiu matando-o: foi coroado por Trajano como novo rei da Pártia. Nunca mais o Império Romano avançaria tão longe para o leste.
Adriano, sucessor de Trajano (subitamente morto em 117 DC), reafirmou as fronteiras Roma – Pártia no rio Eufrates, decidindo pela não invasão da Mesopotâmia dados seus então limitados recursos militares. Com a retirada dos romanos, o deposto Osroes I expulsou Parthamaspates reivindicando o trono parta. Mitrídates IV acabou por suceder a Osroes I em 129, reinando até 140 quando morreu num ataque romano. O rival de seu pai, de longa data, Vologases III, ocupou seu lugar no trono, mas outro filho de Mitrídates IV, Vologases IV (reinando de 147 a 191), chegou ao trono com a morte de Vologases III, reinando num período de paz e estabilidade. Contudo, a guerra Roma – Pártia de 161 começou quando Vologases IV invadiu a Armênia e a Síria, retomando Edessa. O então Imperador Marco Aurélio (reinando entre 161 e 180) enviou Lucius Verus para a Síria, enquanto Marcus Statius Priscus invadia a Armênia em 163 e Avidius Cassius invadia a Mesopotâmia em 164. Os romanos capturaram e incendiaram totalmente Selêucia e Ctesifonte, mas tiveram que se retirar porque seus soldados contraíram uma doença mortal (possivelmente varíola) que logo devastou o mundo romano. Embora a retirada, a cidade de Dura-Europos permaneceu em mãos romanas daí para diante.
Quando o imperador romano Sétimo Severo invadiu a Mesopotâmia em 197 DC, durante o reinado de Vologases V da Pártia (191-208), mais uma vez os romanos desceram o Eufrates, capturando Selêucia e Ctesifonte de onde só saíram em 198 DC. Cerca de 212 DC, logo após Vologases VI da Pártia tomar o trono, seu irmão Artabano V da Pártia rebelou-se, ganhado o controle da maior parte do Império. Enquanto isso, o imperador romano Caracala depunha os reis de Osroene (reino histórico da Mesopotâmia superior cuja capital era Edessa) e Armênia, que se tornavam novamente províncias romanas. Ele marchou para a Mesopotâmia sob o pretexto de desposar uma das filhas de Artabano V, mas como o casamento não foi permitido, fez guerra contra a Pártia e conquistou Arbil, a leste do rio Tigre. No ano seguinte, Caracala foi assassinado por seus soldados, e os partas fizeram um acordo com Macrino (imperador romano de abril de 217 a junho de 218) pelo qual Roma pagou à Pártia mais de 200 milhões de denarii (singular denarius, pequena moeda de prata do sistema monetário romano) com presentes adicionais.
Mas o Império Parta, que sobrevivera por cinco séculos, mais tempo que a maioria dos impérios orientais, enfraquecido por disputas internas e as guerras com Roma, seria rapidamente seguido pelo Império Sassânida. Seu fim chegou em 224 DC quando sua organização havia relaxado e o último rei foi derrotado por um dos povos vassalos do Império, os persas sob os sassânidas. Contudo, há evidências de que Vologases VI continuou a cunhar moedas em Selêucia, até 228 DC. Na verdade, a dinastia Arsácida continuou a existir por séculos pela Armênia, Ibéria e a Albânia Caucasiana (não confundir com o moderno país Albânia), ramos epônimos da dinastia.
III.4 – IMPÉRIO SASSÂNIDA (224-651 DC)
Moeda de Ardashir I, fundador
do Império Sassânida
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O Império Sassânida, foi o último período do Império Persa (Irã) antes da ascensão do Islamismo e tirou seu nome da Casa de Sasan, que governou de 224 a 651 DC. Sucedendo ao Império Parta, foi reconhecido como uma das principais potências mundiais, junto com seu arquirrival vizinho, o Império Romano Bizantino, por um período de mais de 400 anos. Fundado por Ardashir I, após a queda do Império Parta e a derrota do último rei Arsácida, Artabano V, englobou em sua máxima extensão os atuais Irã, Iraque, Arábia Oriental (Bahrain, Kuwait, Oman, Qatif, Qatar, Emirados Árabes Unidos), o Levante (Síria, Palestina, Líbano, Israel, Jordânia), Armênia, o Cáucaso (Geórgia, Azerbaijão, Daguestão, Ossétia do Sul[2], Abecásia[3]), Egito, grandes partes da Turquia, a maioria da Ásia Centra (Afeganistão, Turquemenistão, Uzbequistão, Tajiquistão), Iêmen e Paquistão. De muitas formas, o período Sassânida testemunhou o pico da antiga civilização iraniana, que influenciou a cultura romana, chegando a alcançar a Europa Ocidental, África, China e Índia. Muito do que ficou mais tarde conhecido como cultura islâmica em arte, arquitetura, música e outras matérias, foi transferida dos sassânidas através do mundo islâmico.
Império Sassânida em sua maior extensão,
cerca de 620 DC, sob o rei Khosrau II
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Ardashir I, o governador iraniano local de Persis (a moderna província de Fars, Irã) começou a subjugar os territórios vizinhos, desafiando o domínio Arsácida. Ele confrontou Artabano V na Batalha de Ormozdgan em 28 de abril de 224 DC, talvez num local próximo de Isfahan (na província de Isfahan do Irã moderno, 340 km ao sul de Teerã), derrotando-o e estabelecendo o Império Sassânida. Os Sassânidas não somente assumiriam o legado da Pártia como castigo persa de Roma, mas também tentariam restaurar as fronteiras do Império Aquemênida, brevemente conquistando o Levante, Anatólia e o Egito, do Império Romano do Oriente, durante o reino de Khosrau II (590 a 628 DC); contudo, eles perderiam esses territórios para Heráclio, o último imperador romano antes das conquistas árabes.
Castelo de Firuzabad, construído por Ardashir I |
Assim que designado Xá (shah é o título dado aos governantes máximos do Irã, em sua língua, e que equivale a Rei ou Imperador; entretanto, muitos desses governantes incorporaram ao seu nome o título; em português o título é mais conhecido como Xá) do Império Sassânida, Ardashir I mudou sua capital para o sul de Pars (Fars), fundando a cidade de Ardashir-Khwarrah (atual Firuzabad), protegida por altas montanhas e facilmente defendida por passos estreitos, onde construiu o castelo que seria o centro de seus esforços para ganhar mais poder. Após estabelecer domínio sobre Pars, Ardashir rapidamente estendeu seu território exigindo fidelidade dos príncipes locais e ganhando controle sobre todas as províncias vizinhas, até diretamente combater Artabano V, morto na Batalha de Hormozgan. Nos anos seguintes, rebeliões locais se formariam em torno do Império; contudo, Ardashir I expandiu seu novo império para o leste e para o noroeste, conquistando várias províncias e pequenos reinos para as possessões dos Sassânidas. A partir daí Ardashir I prosseguiu invadindo as províncias de oeste do anterior Império Parta, realizando assaltos contra Hatra, Armênia e Adiabene, embora com menor sucesso. Em 230 ele fez ataques profundos em território romano, o que provocou um contra-ataque romano dois anos mais tarde, encerrado sem conclusão, embora o imperador Alexander Severus tenha celebrado um triunfo em Roma.
Shapur I, filho de Ardashir I, continuou a expansão do Império, conquistando a Báctria e a parte oeste do Império Kushan, enquanto liderava várias campanhas contra Roma. Invadindo a Mesopotâmia romana, Shapur capturou Carrhae e Nisibis, mas em 243 os persas foram derrotados em Resena (na moderna Síria) e os territórios foram recuperados pelos romanos. Logo Shapur I reiniciou a guerra, derrotando os romanos em 253 quando tomou e saqueou a Antióquia. O contra-ataque romano, com o imperador Valeriano, terminou em desastre quando o exército romano foi derrotado e sitiado em Edessa e Valeriano capturado por Shapur I que o manteve como prisioneiro até a sua morte. Shapur I explorou tal vitória avançando até a Anatólia (260 DC), quando se retirou em desordem após derrotas ante os romanos e a perda de todos os territórios que antes havia capturado deles.
Foi durante o reinado de Shapur I – e protegido por ele - que surgiu na Pérsia o Maniqueísmo, movimento religioso fundado pelo filósofo iraniano cristão Manes ou Maniqueu. O termo foi de tal forma popularizado, que maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda a doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal. Os reis que se seguiram reverteram a política de Shapur I, de tolerância religiosa. Sob pressão dos zoroastrianos e influenciado pelo alto sacerdote Kartir, seu filho mais velho (e sucessor de seu filho mais novo, Hormizd I), Baram I, matou Manes e perseguiu seus seguidores. Como seu pai, Baram II também acedeu aos desejos dos sacerdotes de Zoroastro. Durante seu reinado a capital sassânida, Ctesifonte, foi saqueada pelos romanos, sob o imperador Carus; a maioria da Armênia, após um século de domínio persa, foi cedida a Diocleciano.
Sucedendo a Baram III (que reinou brevemente em 293), Narseh envolveu-se em outra guerra contra os romanos e após um sucesso inicial contra o imperador Galerius em 296, foi decisivamente derrotado em 298. Galerius avançou na Média e Adiabene com vitórias sucessivas, garantindo Nisibis. Deslocou-se ao longo do Tigre tomando Ctesifonte. As negociações de paz começaram na primavera de 299, com Diocleciano e Galerius presidindo. Pelas pesadas condições de paz, a Pérsia desistiria de territórios em favor de Roma, trazendo novamente o Tigre como fronteira entre os dois impérios; a Armênia voltaria ao domínio romano; a Ibéria Caucasiana pagaria submissão a Roma através de um nomeado por ela; Nisibis, agora sob domínio romano, seria a única via para comércio entre a Pérsia e Roma, com esta exercendo controle sobre as cinco satrapias entre o Tigre e Armênia, e os sassânidas concordando em não interferir nos assuntos da Armênia e Geórgia. Ao final desta derrota, Narseh entregou o trono e morreu um ano depois, passando o reino sassânida ao seu filho Hormizd II. A agitação se espalhou por toda a terra e enquanto Hormizd II suprimia revoltas em Sistan e Kushan, não podia controlar os nobres e acabou assassinado por beduínos numa viagem de caçada, em 309.
Logo após a morte de Hormizd II, os árabes do norte começaram a saquear as cidades do oeste do império, atacando até mesmo a província de Fars, lar dos reis sassânidas. Os nobres persas mataram um, cegaram outro e aprisionaram o terceiro (que acabou fugindo para território romano) dos filhos de Hormizd II, reservando o trono para Shapur II, filho ainda não nascido de uma das esposas de Hormizd II, que foi coroado em seu útero. Assim que teve idade, Shapur II assumiu o poder, rapidamente mostrando ser um ativo e efetivo governante. Conduziu seu pequeno, mas disciplinado exército e venceu os árabes do sul. Iniciou então sua primeira campanha contra os romanos no oeste, onde conseguiu uma série de vitórias sem ganhos territoriais por não conseguir a cidade chave de Nisibis. Tais campanhas cessaram por ataques nômades ao longo da fronteira leste do Império, que ameaçavam a Transoxiana[4], uma área estratégica para a Estrada da Seda. Em sua marcha para o leste destruiu as tribos da Ásia Central, anexando-as como nova província, hoje conhecida como Afeganistão.
Cabeça de Shapur II, décimo rei
do Império Sassânida
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Essa vitória foi seguida de uma expansão cultural e a arte sassânida penetrou o Turquestão, chegando até a China. Junto com o rei nômade Grumbates, Shapur II iniciou sua segunda campanha contra os romanos em 359, retomando cidades que haviam sido recuperadas pelos romanos. Em resposta, o imperador romano Juliano penetrou profundamente no território persa e derrotou as forças de Shapur II em Ctesifonte sem, contudo, tomar a capital, sendo morto quando tentava retornar a território romano. Seu sucessor, Joviano, emboscado na margem oriental do Tigre, teve que devolver todas as províncias que os persas haviam cedido aos romanos em 298, bem como Nisibis e Singara (posto fortemente guarnecido na extremidade norte da Mesopotâmia), para ter garantida passagem segura ao seu exército, para fora da Pérsia. Shapur II perseguiu uma severa política religiosa: sob seu reinado, a coleção da Avesta, textos sagrados do Zoroastrismo, foi completada, a heresia e a apostasia foram punidas e os cristãos foram perseguidos, como reação à cristianização do Império Romano fomentada por Constantino, o Grande. Ao tempo de sua morte, o Império Persa estava mais forte do que nunca, com seus inimigos do leste pacificados e a Armênia sob controle persa.
Da morte de Shapur II até a primeira coroação de Kavad I, houve um período de muita paz com os romanos – por essa época já Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, sediado em Constantinopla -, apenas interrompida por duas breves guerras: a primeira em 421-422 e a segunda em 440. Por todo esse período a política religiosa sassânida diferiu dramaticamente de rei para rei. A despeito de uma série de fracos líderes, o sistema administrativo estabelecido por Shapur II permaneceu forte e o império continuou a funcionar efetivamente. Durante o tempo de Baram IV (388-399), a Armênia foi dividida por tratado entre os Impérios Romano (uma pequena parte do oeste da Armênia) e Sassânida (com domínio sobre a maior parte da Armênia). Yazdegerd I (399 a 421), seu filho, proibiu a perseguição contra os cristãos, punindo nobres e sacerdotes que os perseguiam. Teve uma era de paz com os romanos, com o jovem Teodosio II (408 a 450) sob sua tutela, casou com uma princesa judia e com ela teve um filho.
Seu sucessor foi seu filho Baram V (421 a 438), um dos mais conhecidos reis sassânidas e herói de muitos mitos. Em 427 ele esmagou uma invasão no leste por parte dos nômades Heftalitas, estendendo sua influência na Ásia Central onde sua figura sobreviveu por séculos na cunhagem de Bukhara (no moderno Uzbequistão). Depôs o rei vassalo da porção persa da Armênia, tornando-a uma província. Teve muitas vitórias sobre os romanos e simbolizou um rei a altura de uma idade de ouro, personificando a prosperidade real. Durante o seu tempo, as melhores peças da literatura sassânida foram escritas, peças notáveis de música sassânida foram produzidas e esportes como o polo tornaram-se passatempo real, uma tradição que permanece até hoje em muitos reinos.
Seu filho Yazdegerd II (438 a 457) foi, de muitas formas, um governante moderado, mas em contraste com Yazdegerd I, praticou uma política severa para com as religiões minoritárias, particularmente a cristã. Contudo, na Batalha de Avarayr (451), os súditos armênios, conduzidos por Vardan Mamikonian, garantiram à Armênia a livre profissão da fé cristã, mais tarde confirmado pelo tratado de Nvarsak (484). Em 443 lançou uma prolongada campanha contra os Kidaritas, que durou até a sua morte em 457.
Hormizd III (457-459), seu filho mais novo, ascendeu ao trono e entrou em luta com seu irmão mais velho, Peroz I, sendo morto por ele em 459. Os Hunos Brancos, que já haviam atacado a Pérsia no início do século V, derrotaram Peroz I (457-484) em 484, quando ele foi morto e seu exército liquidado. Após essa vitória os hunos avançaram até a cidade de Herat, lançando o império no caos. Finalmente um nobre iraniano, Sukhra, da antiga família de Karen, restaurou um pouco da ordem, elevando ao trono Balash, um dos irmãos de Peroz I. Balash (484-488) foi um monarca brando e generoso que fez concessões aos cristãos, mas não tomou qualquer providência contra os inimigos do Império, particularmente os hunos brancos. Após um reinado de quatro anos, foi cego e deposto pelos magnatas, sendo substituído por seu sobrinho Kavad I.
[1] O “Protetor Geral das Regiões Ocidentais” foi uma administração imperial imposta pela China Han sobre muitos estados menores e anteriormente independentes, que ficaram conhecidos na China como chineses das “Regiões Ocidentais”. Tais regiões referiam-se, principalmente, a áreas a oeste do Passo Yumen, especialmente as da bacia do rio Tarim.
[2] A Ossétia é uma região etno-linguística localizada nas duas vertentes do Grande Cáucaso e que é habitada principalmente pelos ossetas, um povo iraniano que fala a língua osseta (um idioma indo-iraniano). A área de língua osseta ao sul da principal cordilheira do Cáucaso encontra-se dentro das fronteiras legais da Geórgia, mas está, em grande parte, sob controle da República da Ossétia do Sul, um governo, na prática, não reconhecido internacionalmente.
[3] A Abecásia é uma região do Cáucaso, margem oriental do Mar Negro, e uma república autônoma ao norte da Geórgia, que se declara independente, desde o fim da guerra civil de 1992-1993, que arruinou a economia local e matou milhares de civis.
[4] Transoxiana ou Transoxania é o nome antigo usado para a porção da Ásia Central que corresponde, aproximadamente, aos modernos Uzbequistão, Tajiquistão, sul do Kirjistão e sudoeste do Cazaquistão. A região era uma das satrapias da dinastia Aquemênida da Pérsia, sob o nome Sogdiana.
Prossegue na próxima postagem com a PARTE 6
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