Nascido em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, até o final do ano de 1976 sempre me faltou oportunidade adequada para conhecer a linda cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, nosso vizinho estado. Mas quando a conheci, foi para ficar!
Com minha família morando na cidade de São Paulo, desde o ano de 1961, inicialmente solteiro e posteriormente casado e constituindo família, eu usava a BR-116 para as viagens freqüentes que fazia à Paulicéia, para visitá-los. Era uma viagem em estrada simples de mão dupla, perigosa, que por ser longa me obrigava a correr demais para evitar o pernoite no caminho; o resultado era uma média de dezessete horas de viagem (que podia chegar a mais de vinte horas), em condições bem arriscadas e nunca sem sobressaltos, se considerarmos também as condições normais (anormais?) das estradas brasileiras e, particularmente essa, que cruza várias serras conhecidas. Posteriormente, a BR-101 foi construída, o que facilitou bastante essas minhas viagens, tanto no que se refere à segurança como à duração da viagem. Entretanto, tanto por uma, como pela outra, sempre deixava ao largo a bela capital dos catarinenses. Com uma boa dose de tristeza, principalmente quando trafegando pela BR-101, quando era possível apreciar, pela proximidade da estrada, as maravilhosas praias de todo o litoral e a Ilha de Santa Catarina. Mas o objetivo, em épocas de estudante e início de carreira, era apenas chegar ao destino, fosse ele São Paulo ou Porto Alegre.
Em dezembro de 1976, por razões que aqui não cabem (quem sabe numa outra crônica?), solicitei a minha demissão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde exercia as minhas atividades junto ao Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) e candidatei-me a uma vaga em um consórcio de empresas privadas de Porto Alegre e Rio de Janeiro. Na ocasião, o Consórcio vencedor da concorrência estava recrutando mão de obra especializada para trabalhar num grande projeto de controle de enchentes no Vale do rio Tubarão, que havia sofrido uma inundação catastrófica no ano de 1974. O projeto havia sido licitado pelo extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) e seria supervisionado por sua 14ª Diretoria Regional de Saneamento, em Santa Catarina, Florianópolis. Como os quadros com formação realmente cientifica do DNOS haviam ficado concentrados em sua administração central, no Rio de Janeiro, o Diretor Regional de Santa Catarina aplicou no empreiteiro recém contratado, a famosa “chave de estrela” dos militares e lá retornei eu para o serviço público federal, agora contratado em Função de Assessoramento Superior, pelo Ministério do Interior.
Fui numa espécie de “pelotão precursor”, sozinho, para sentir como seriam as coisas em Florianópolis; após alguns dias foi a vez da minha esposa e logo em seguida realizamos a mudança, quando se juntaram a nós as nossas duas filhas – o Nelson Jr. viria mais tarde, como um lindo presente extra da terra. Nos apaixonamos pela cidade e, particularmente, pela Ilha Maravilhosa. E lá ficamos pelos últimos trinta e cinco anos!
Naquela época, Florianópolis era uma pequena capital, de cuja população ninguém gostava de falar. Era sempre a população da “Grande Florianópolis”, que englobava então os municípios vizinhos de São José, Palhoça, Biguaçú e outros, e aí se conseguia chegar a números imprecisos, que variavam entre 150 mil e 350 mil habitantes. E foi nesse encanto de cidade, onde então as balconistas das lojas paravam de nos atender para conversar com uma amiga que havia chegado ao recinto, que criamos as nossas duas filhas e o filho, que lá foi gerado.
Na Florianópolis do final de 1976, ainda trafegava-se pela velha ponte pênsil Hercílio Luz e pela recém inaugurada ponte Colombo Salles. Em questão de dois anos foi inaugurada a segunda ponte de concreto e, em compensação, entrou em recesso permanente (pelo menos até os dias de hoje) a antiga ponte pênsil.
Nossas crianças tomaram seu primeiro banho de mar em Santa Catarina, na Lagoa da Conceição, um “mar” de águas claras dentro de uma ilha, dentro do mar..., em cujas margens se instalava o Lagoa Iate Club ou LIC, projetado por Oscar Niemayer, onde passamos dias maravilhosos das quatro estações, pois a pouca afluência da época fazia do LIC um lugar tranqüilo durante o ano inteiro.
Passamos nosso primeiro ano num lindo apartamento alugado, num pequeno prédio cor-de-rosa, de três andares, recém concluído, da Rua Almirante Alvim, em frente ao então Supermercado Riachuelo, de onde podia-se ir a pé ao centro da cidade. No ano seguinte compramos a nossa casa no Jardim Santa Mônica, na rua Jonas Alves Messina, esquina com a Av. Madre Benvenuta. Era uma típica casa de bairro estritamente residencial, devidamente planejado para que não faltasse nada e tampouco sobrasse alguma coisa. Nessa casa, que sofreu algumas reformas ao mesmo tempo em que as crianças cresciam e se tornavam adultas, vivemos durante vinte e três anos e vimos o progresso, inexorável, chegar a Florianópolis e ao nosso calmo bairro.
E a chegada do progresso – que trouxe junto a expansão imobiliária, o comércio, o movimento e a impessoalidade – testemunhou, no ano de 1999, a nossa “fuga” para um belo apartamento da rua Bocaiúva, primeira paralela à Av. Beira Mar Norte, próximo ao centro da cidade, novamente, onde permanecemos, vendo os filhos casarem e os netos chegarem, até o ano de 2007.
Com a aposentadoria e mais alguns anos de trabalho na consultoria independente, com as origens começando a chamar fortemente de volta, negociamos o apartamento da Bocaiúva e compramos um apartamento em Gramado, RS, mas também um na praia de Canasvieiras, para não perder o vínculo com a Ilha, onde ainda temos dois dos nossos filhos residindo.
Essa foi a curtíssima história da nossa vida em Florianópolis. Poderia escrever alguns livros sobre essa Ilha Maravilhosa, que nos acolheu tão bem e que ainda não nos mandou embora - não creio que algum um dia o faça. Não nos cobrou absolutamente nada por tudo quanto nos deu de bom. Foi nela que os nossos filhos cresceram, estudaram e se criaram, tiveram as suas alegrias e as suas tristezas e fizeram as suas vidas. Na verdade as nossas vidas! Foi nela que fizemos amizades que jamais esqueceremos e que esperamos que não nos esqueçam nunca. Foram tantas e boas as amizades que fizemos, que não mencionaremos nenhuma, pois correríamos o risco de omitir algum nome que também poderia também ter sido muito querido. Mas se algum deles ler essa pequena crônica, saberá com certeza, que o temos muito bem guardado em nossos corações.
E, por tudo isso, agradeço a Florianópolis a acolhida que nos deu e a alegria que nos proporcionou durante todos esses anos, sem fazer qualquer esforço para isso, nos transformando, dessa forma, em mais alguns entre seus muitos filhos adotivos. E presto-lhe, como também a todos os amigos que aqui fizemos, uma singela homenagem, através de uma pequena coleção de fotos e do hino que popularizou, de forma tão eloqüente, a Ilha Maravilhosa de Florianópolis. Aos que não a conhecem e aos que já tiveram o prazer e sentem saudades, convido a seguirem o link e apreciar algumas das belas paisagens de Forianópolis e de suas praias maravilhosas, regadas ao som do “Rancho de Amor à Ilha” do inesquecível Zininho. Aumentem o volume e se deliciem pois a transição dos "slides" é automática. A apresentação é muito mais eloquente do que um milhão de palavras.
Muito obrigado, querida Ilha da Magia!
Com minha família morando na cidade de São Paulo, desde o ano de 1961, inicialmente solteiro e posteriormente casado e constituindo família, eu usava a BR-116 para as viagens freqüentes que fazia à Paulicéia, para visitá-los. Era uma viagem em estrada simples de mão dupla, perigosa, que por ser longa me obrigava a correr demais para evitar o pernoite no caminho; o resultado era uma média de dezessete horas de viagem (que podia chegar a mais de vinte horas), em condições bem arriscadas e nunca sem sobressaltos, se considerarmos também as condições normais (anormais?) das estradas brasileiras e, particularmente essa, que cruza várias serras conhecidas. Posteriormente, a BR-101 foi construída, o que facilitou bastante essas minhas viagens, tanto no que se refere à segurança como à duração da viagem. Entretanto, tanto por uma, como pela outra, sempre deixava ao largo a bela capital dos catarinenses. Com uma boa dose de tristeza, principalmente quando trafegando pela BR-101, quando era possível apreciar, pela proximidade da estrada, as maravilhosas praias de todo o litoral e a Ilha de Santa Catarina. Mas o objetivo, em épocas de estudante e início de carreira, era apenas chegar ao destino, fosse ele São Paulo ou Porto Alegre.
Em dezembro de 1976, por razões que aqui não cabem (quem sabe numa outra crônica?), solicitei a minha demissão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde exercia as minhas atividades junto ao Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) e candidatei-me a uma vaga em um consórcio de empresas privadas de Porto Alegre e Rio de Janeiro. Na ocasião, o Consórcio vencedor da concorrência estava recrutando mão de obra especializada para trabalhar num grande projeto de controle de enchentes no Vale do rio Tubarão, que havia sofrido uma inundação catastrófica no ano de 1974. O projeto havia sido licitado pelo extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) e seria supervisionado por sua 14ª Diretoria Regional de Saneamento, em Santa Catarina, Florianópolis. Como os quadros com formação realmente cientifica do DNOS haviam ficado concentrados em sua administração central, no Rio de Janeiro, o Diretor Regional de Santa Catarina aplicou no empreiteiro recém contratado, a famosa “chave de estrela” dos militares e lá retornei eu para o serviço público federal, agora contratado em Função de Assessoramento Superior, pelo Ministério do Interior.
Fui numa espécie de “pelotão precursor”, sozinho, para sentir como seriam as coisas em Florianópolis; após alguns dias foi a vez da minha esposa e logo em seguida realizamos a mudança, quando se juntaram a nós as nossas duas filhas – o Nelson Jr. viria mais tarde, como um lindo presente extra da terra. Nos apaixonamos pela cidade e, particularmente, pela Ilha Maravilhosa. E lá ficamos pelos últimos trinta e cinco anos!
Naquela época, Florianópolis era uma pequena capital, de cuja população ninguém gostava de falar. Era sempre a população da “Grande Florianópolis”, que englobava então os municípios vizinhos de São José, Palhoça, Biguaçú e outros, e aí se conseguia chegar a números imprecisos, que variavam entre 150 mil e 350 mil habitantes. E foi nesse encanto de cidade, onde então as balconistas das lojas paravam de nos atender para conversar com uma amiga que havia chegado ao recinto, que criamos as nossas duas filhas e o filho, que lá foi gerado.
Na Florianópolis do final de 1976, ainda trafegava-se pela velha ponte pênsil Hercílio Luz e pela recém inaugurada ponte Colombo Salles. Em questão de dois anos foi inaugurada a segunda ponte de concreto e, em compensação, entrou em recesso permanente (pelo menos até os dias de hoje) a antiga ponte pênsil.
Nossas crianças tomaram seu primeiro banho de mar em Santa Catarina, na Lagoa da Conceição, um “mar” de águas claras dentro de uma ilha, dentro do mar..., em cujas margens se instalava o Lagoa Iate Club ou LIC, projetado por Oscar Niemayer, onde passamos dias maravilhosos das quatro estações, pois a pouca afluência da época fazia do LIC um lugar tranqüilo durante o ano inteiro.
Passamos nosso primeiro ano num lindo apartamento alugado, num pequeno prédio cor-de-rosa, de três andares, recém concluído, da Rua Almirante Alvim, em frente ao então Supermercado Riachuelo, de onde podia-se ir a pé ao centro da cidade. No ano seguinte compramos a nossa casa no Jardim Santa Mônica, na rua Jonas Alves Messina, esquina com a Av. Madre Benvenuta. Era uma típica casa de bairro estritamente residencial, devidamente planejado para que não faltasse nada e tampouco sobrasse alguma coisa. Nessa casa, que sofreu algumas reformas ao mesmo tempo em que as crianças cresciam e se tornavam adultas, vivemos durante vinte e três anos e vimos o progresso, inexorável, chegar a Florianópolis e ao nosso calmo bairro.
E a chegada do progresso – que trouxe junto a expansão imobiliária, o comércio, o movimento e a impessoalidade – testemunhou, no ano de 1999, a nossa “fuga” para um belo apartamento da rua Bocaiúva, primeira paralela à Av. Beira Mar Norte, próximo ao centro da cidade, novamente, onde permanecemos, vendo os filhos casarem e os netos chegarem, até o ano de 2007.
Com a aposentadoria e mais alguns anos de trabalho na consultoria independente, com as origens começando a chamar fortemente de volta, negociamos o apartamento da Bocaiúva e compramos um apartamento em Gramado, RS, mas também um na praia de Canasvieiras, para não perder o vínculo com a Ilha, onde ainda temos dois dos nossos filhos residindo.
Essa foi a curtíssima história da nossa vida em Florianópolis. Poderia escrever alguns livros sobre essa Ilha Maravilhosa, que nos acolheu tão bem e que ainda não nos mandou embora - não creio que algum um dia o faça. Não nos cobrou absolutamente nada por tudo quanto nos deu de bom. Foi nela que os nossos filhos cresceram, estudaram e se criaram, tiveram as suas alegrias e as suas tristezas e fizeram as suas vidas. Na verdade as nossas vidas! Foi nela que fizemos amizades que jamais esqueceremos e que esperamos que não nos esqueçam nunca. Foram tantas e boas as amizades que fizemos, que não mencionaremos nenhuma, pois correríamos o risco de omitir algum nome que também poderia também ter sido muito querido. Mas se algum deles ler essa pequena crônica, saberá com certeza, que o temos muito bem guardado em nossos corações.
E, por tudo isso, agradeço a Florianópolis a acolhida que nos deu e a alegria que nos proporcionou durante todos esses anos, sem fazer qualquer esforço para isso, nos transformando, dessa forma, em mais alguns entre seus muitos filhos adotivos. E presto-lhe, como também a todos os amigos que aqui fizemos, uma singela homenagem, através de uma pequena coleção de fotos e do hino que popularizou, de forma tão eloqüente, a Ilha Maravilhosa de Florianópolis. Aos que não a conhecem e aos que já tiveram o prazer e sentem saudades, convido a seguirem o link e apreciar algumas das belas paisagens de Forianópolis e de suas praias maravilhosas, regadas ao som do “Rancho de Amor à Ilha” do inesquecível Zininho. Aumentem o volume e se deliciem pois a transição dos "slides" é automática. A apresentação é muito mais eloquente do que um milhão de palavras.
Muito obrigado, querida Ilha da Magia!
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