Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

quinta-feira, 21 de abril de 2016

ORIGEM E FORMAÇÃO DA ALEMANHA (PARTE 1)

I – INTRODUÇÃO

A Prússia, que se tornaria um apelido pejorativo para o militarismo e autoritarismo alemão, começou a sua história inteiramente fora da atual Alemanha, embora ao longo de sua história se tenha transformado na origem do reino e do estado da Alemanha. O povo chamado Prussiano, em alemão, que habitava as terras da costa sudeste do mar Báltico, era eslavo, ligado aos lituanos e letões. Foram conquistados e cristianizados à força, no século XIII, pelos Cavaleiros Teutônicos vindos da Terra Santa. Camponeses germânicos foram trazidos para cultivar a terra e, cerca do ano 1350, a maioria da população já era germânica, embora os poloneses tenham anexado parte da Prússia no século seguinte, deixando os Cavaleiros Teutônicos com o Leste da Prússia.
No pico de sua expansão, ao final do século XIX, a Prússia se estendia ao longo das costas dos Oceanos Báltico e do Norte, da Bélgica, Holanda, França e Luxemburgo, no oeste, para o Império Russo no leste, para a Áustria-Hungria no leste, sudeste e sul, e para a Suíça ao sul.
A Prússia moderna foi, sucessivamente, com modificações geográficas, um reino independente (1701-1871), o maior reino constituinte do Império Germânico (1871-1918), um estado ou território constituinte da República de Weimar (1919-1933) e uma divisão administrativa, compreendendo 13 províncias, do centralizado Terceiro Reich Germânico (1934-1945). Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Prússia Ocidental foi perdida para a Polônia, e a Prússia Oriental foi separada do resto do Império Germânico, em 1919, sob os termos do “Tratado de Versailles”, por uma faixa do antigo território prussiano conhecido como “Corredor Polonês” (Corredor de Dantzig ou Corredor de Gdansk), projetado para dar à Polônia uma saída ao Mar Báltico e o maior motivo da invasão da Polônia por Hitler, na “inauguração” da Segunda Guerra Mundial. As outras províncias da Prússia entre as duas Guerras Mundiais eram Reno, Brandenburgo, Pomerânia, Berlin, Saxônia, Schleswig-Holstein, Hannover, Vestfália, Grenzmark Posen-Westpreussen (atualmente na Polônia), Hessen Nassau e Hohenzollern (ambas na atual Alemanha), e Silesia (hoje parte na Polônia e parte na República Tcheca). Em 1947, após a Segunda Grande Guerra (1939-1945), a Prússia foi abolida como uma unidade política e, com exceção da Prússia Oriental, repartida em várias partes pelas quatro zonas de ocupação na Alemanha, administradas pela França, Grã Bretanha, Estados Unidos e URSS. A região nordeste da Prússia Oriental foi anexada pela URSS e o restante foi colocado sob administração polonesa. Berlin era a capital da Prússia antes da Segunda Guerra Mundial e as principais cidades incluíam Frankfurt am Main, Colônia, Essen, Dortmund, Düsseldorf, Magdeburg, Stettin (agora Szczecin) e Königsberg (agora Kaliningrado).
Este, o assunto que vamos, a partir de agora, analisar detalhadamente.


II - UMA BREVE HISTÓRIA DA PRÚSSIA



A área que foi, até modernamente, conhecida como Prússia, foi habitada, em tempos remotos, por tribos eslávicas[1] ocidentais, ancestrais dos poloneses modernos, do oeste, e tribos bálticas, muito relacionadas aos lituanos, do leste. A região e seus habitantes foram descritos pela primeira vez por Tácito, em sua obra “Germânia”, no ano de 98 DC, no período em que suevos, godos e outros povos germânicos viviam em ambos as margens do rio Vístula[2], ao lado dos éstios, os povos do leste, como os chamou Tácito em seu livro, que viviam depois dos povos germânicos da Média Germânia.
Num mapa moderno, a região original dos primeiros prussianos
É uma região histórica que se estende desde a Baía de Gdansk (na Polônia atual) e o final da Curlândia (na costa sudeste do Mar Báltico, na atual Letônia) até a Masúria, grande região no nordeste do território polonês atual. O nome Prússia tem sua origem histórica nos prussianos, um povo báltico que habitava a área em torno das lagunas da Curlândia e do rio Vístula (no que é hoje o norte polonês). Nos séculos VII e VIII os vikings também começaram a penetrar a costa oriental do mar Báltico. Os maiores centros de comércio dos prussianos, como Truso e Kaup, parecem ter absorvido alguns Vikings. Prussianos usaram o mar Báltico como uma rota comercial, frequentemente viajando de Truso a Birka (atual Suécia). No final da Era Viking, os filhos do rei dinamarquês Harald Bluetooth e Canuto, o Grande, lançaram várias expedições contra os prussianos. Eles destruíram muitas áreas na Prússia, incluindo Truso e Kaup, mas não conseguiram dominar totalmente a população. Em algum ponto após o século VII, a área foi invadida e colonizada por tribos germânicas pagãs, mais tarde conhecidas como prussianas. As pessoas do qual o nome Prússia é derivado eram, geralmente, chamados Prússicos ou Borússicos, nas fontes mais antigas. Esse povo falava uma linguagem agora conhecida como Prussiano Antigo e seguia uma mitologia prussiana pagã. 
Figura medieval representando o
martírio de Santo Adalberto

Os saxões entraram na Europa Oriental no século X e falharam em suas tentativas de converter os prussianos ao cristianismo. Em 997 o bispo e santo Adalberto foi martirizado como missionário na Prússia.
Em 1211, André II da Hungria concedeu Burzenland[3], na Transilvânia, como um feudo dos Cavaleiros Teutônicos (sobre os Cavaleiros Teutônicos, ver quadro abaixo), uma ordem religiosa militar que converteu os prussianos ao Cristianismo e levou colonizadores germânicos e holandeses para o território conquistado. Em 1225, André II expulsou os Cavaleiros Teutônicos da Transilvânia, que se transferiram para o mar Báltico. Conrado I, o duque polaco de Mazóvia, tentou em vão conquistar a Prússia pagã nas cruzadas em 1219 e 1222. Em 1226, o duque Conrado I convidou os Cavaleiros Teutônicos para conquistar as tribos prussianas bálticas em suas fronteiras, o que eles conseguiram no mesmo ano. Durante 60 anos de lutas contra os prussianos, a ordem criou um estado independente, que passou a controlar a Prússia. Em 1237, eles passaram a controlar também a Livônia (atual Letônia e Estônia). Nesta década de 1230, o território dos prussianos e dos povos vizinhos, curonianos (habitantes da Curlândia) e livônios, estiveram sob o controle do Estado da Ordem Teutônica. Por volta de 1252, eles terminaram a conquista da tribo prussiana setentrional dos escalvianos, assim como os ocidentais curonianos bálticos e ergueram o Castelo de Memel (atual Lituânia), que se tornou a cidade portuária de Memel (atual Klaipėda). 
Tribos prússicas, entre outras tribos
bálticas, cerca de 1200 DC
Foram os Cavaleiros Teutônicos que deram origem ao Ducado da Prússia e à Marca de Brandenburgo, principado do Sacro Império Romano Germânico, com papel crucial na história da Alemanha e da Europa Central. Durante séculos, a Casa de Hohenzollern governou com sucesso a região, expandindo seu tamanho por meio de um exército bem organizado e eficaz. Ao final do século XIII a região estava completamente subjugada e daí para diante foi governada pelos Cavaleiros Teutônicos, como um feudo papal, subordinados ao Papa e ao Imperador.

A ORDEM TEUTÔNICA


A “Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria de Jerusalém”, conhecida apenas como “Ordem Teutônica”, foi uma ordem militar cruzada, vinculada à Igreja Católica, por votos religiosos, pelo Papa Clemente III, formada em São João do Acre, Israel, na época das Cruzadas, ao final do século XII. Seus membros usavam sobrevestes brancas com uma cruz negra. Os Cavaleiros tiveram a sua sede em Montfort, uma fortaleza construída nos tempos do Reino de Jerusalém[1] (1099-1291), durante as Cruzadas, cujos vestígios ainda se conservam ao norte de Israel.
A Torre Teutônica da cidade de Acre, em Israel
A Ordem Teutônica foi uma das mais poderosas e influentes da Europa. A maioria dos seus membros pertencia à nobreza, inclusive à família real prussiana e outros nobres germânicos. Os soberanos e a nobreza dos estados antecessores da atual Alemanha, inclusive a família soberana do Império Alemão (1871-1918) e da Prússia (1525-1947), os Von Hohenzollern, eram membros da Ordem.
Após a derrota das forças cristãs no Oriente Médio, os cavaleiros teutônicos mudaram-se para a Transilvânia, em 1211, a convite do rei André II, da Hungria, onde fundaram a cidade de Brasov, mas foram expulsos em 1224. Transferiram-se então para o norte da Polônia, onde criaram o “Estado da Ordem Teutônica” (que existiu entre 1224 e 1525). A agressividade e o poder da Ordem ameaçavam os países vizinhos, em especial o Reino da Polônia e o Grão-Ducado da Lituânia.
Entre 1229 e 1279 a ordem conquistou áreas na Prússia, onde os cavaleiros construíram muitas cidades e fortes. Por volta de 1329, os cavaleiros teutônicos controlavam, por domínio papal, toda a região do Báltico, desde o golfo da Finlândia até a Pomerânia, na Polônia. Na parte sul de seu domínio, a ordem foi abolida e suas terras se tornaram a Prússia, em 1525. A parte norte (Estônia e Letônia) foi dividida entre a Polônia, Rússia e Suécia, depois de 1558.
Em 1410, na batalha de Grunwald (também conhecida como batalha de Tannenberg), um exército combinado polaco-lituano, comandado pelo rei polaco Ladislau II Jagelão, derrotou a Ordem e pôs fim a seu poderio militar. O poder da Ordem continuou a declinar até 1525, quando seu grão-mestre, Alberto de Brandemburg, converteu-se ao luteranismo e assumiu o título e os direitos de duque hereditário da Prússia (embrião do Reino da Prússia, catalisador do futuro Império Alemão). O Grão-Magistério foi então transferido para Mergentheim, de onde os grão-mestres teutônicos continuavam a administrar as consideráveis posses da Ordem no Sacro Império Romano-Germânico.
Em 1806, quando Napoleão Bonaparte determinou a extinção do Sacro Império, a Ordem perdeu as suas últimas propriedades seculares, mas logrou sobreviver até o presente. O decreto papal emitido por Pio XI, a 21 de novembro de 1929, transformou os cavaleiros teutônicos numa ordem clerical composta por sacerdotes, padres e freiras. Atualmente, tem a sua sede em Viena, Áustria, e trabalha, primordialmente, com objetivos assistenciais. A cruz teutônica está na origem da célebre "Cruz de Ferro", condecoração ainda em uso pelas forças armadas alemãs.
Nas mãos de Heinrich Himmler, a SS foi estruturada segundo o modelo da Ordem dos Cavaleiros Teutónicos, cujos membros, acreditava-se, tinham sido guardiões do Santo Graal. Equipes da SS foram designadas para encontrar tanto o Santo Graal quanto a Arca da Aliança.

[1] O Reino de Jerusalém foi um Estado cruzado criado no Levante, em 1099, pela Primeira Cruzada. O reino durou aproximadamente 200 anos, de 1099 a 1291 quando o Acre, sua última possessão, foi destruída pelos Mamelucos, mas sua história é dividida em dois períodos distintos. O Primeiro Reino de Jerusalém (com a capital nessa cidade) existiu entre 1099 e 1187, quando foi quase totalmente tomado por Saladino, muçulmano de origem curda e primeiro sultão do Egito e Síria. Após a Terceira Cruzada, o Reino foi reestabelecido em Acre, em 1192 e durou até a sua destruição, em 1291. Esse segundo reino é algumas vezes chamado de Segundo Reino de Jerusalém ou Reino do Acre.

Tribos Prussianas no Século XIII
Sua relação, inicialmente estreita, com a Coroa polonesa deteriorou depois que eles conquistaram em 1308 a Pomerânia (mar Báltico, ao norte da Polônia e vizinha de Dantzig) ou Pomerélia e Dantzig (Gdansk dos tempos modernos), controlada pelos poloneses. Durante a segunda metade do século XIV, uma forte oposição aos germânicos desenvolveu-se na Europa Oriental, causando a união dinástica da Polônia e Lituânia (União de Krewo), em 1385, que derrotou os Cavaleiros Teutônicos na Batalha de Grunwald (Tannenberg), em 1410.
Na Guerra dos Treze Anos, a Batalha da Lagoa do Vístula,
14/09/1463, entre Ordem Teutônica e Confederação Prussiana
A “Guerra dos Treze Anos” (1454-1466) começou quando a Confederação Prussiana[4], uma coalizão de cidades da Prússia Ocidental, se rebelou contra a ordem, com solicitação de ajuda ao rei polonês. Os Cavaleiros Teutônicos foram forçados a reconhecer a soberania e prestar homenagem ao rei Casimiro IV da Polônia, na Segunda Paz de Torun (1466), perdendo a Prússia Ocidental para a Polônia, que se tornou conhecida como Prússia Real Polonesa. Os termos da segunda Paz de Torun deixaram os Cavaleiros de posse da parte oriental da Prússia, mantida como um feudo da coroa polonesa. Com isso, a Prússia, que já possuía Berlim como sua capital, ficou dividida em dois estados: a Prússia Real, no oeste, e Prússia Ducal, no leste. A Prússia Real (ou Prússia Polonesa) era uma província do Reino da Polônia, parte da comunidade encravada fora do Estado da Ordem Teutônica. Administrativamente, a Prússia Real era parte da Província da Grande Polônia, junto com a própria Grande Polônia, com a capital em Poznan, formando um corredor ao Mar Báltico (Corredor Dantzig). A Prússia Ducal, um feudo da Coroa da Polônia até 1657, foi estabelecida durante a Reforma Protestante, em 1525 e foi o primeiro ducado luterano com população dominante de língua germânica e minorias polonesa e lituana. Nessa época, o porto de Dantzig foi designada uma “cidade livre”.
A Reforma Protestante, do início a meados do século XVI, viu muitos prussianos se converterem ao Protestantismo, ao passo que a Polônia permaneceu - e ainda permanece - solidamente católica. Em 1525, Alberto de Brandenburgo – Ansbach, um membro da casa de Hohenzollern, o último Grande Mestre dos Cavaleiros Teutônicos, tornou-se um luterano protestante e secularizou os restantes dos territórios prussianos da ordem para a Prússia Ducal, área a leste da foz do rio Vístula, às vezes chamada de "Prússia Adequada". Pela primeira vez, essas terras chegaram às mãos da família Hohenzollern. A dinastia Hohenzollern havia governado a “Marca de Brandemburg”, a oeste, um estado germânico centrado em Berlim, desde o século XV. Além disso, com sua renúncia da ordem, Alberto, 1º Duque da Prússia, agora podia casar-se e produzir herdeiros legítimos, o que transformou a Prússia Ducal num ducado hereditário. A unidade das duas partes da Prússia foi preservada pela manutenção das suas fronteiras, da cidadania de seus habitantes e da sua autonomia política.
Em 1618, a Prússia Ducal, ainda um estado vassalo da Polônia, passou a John Sigismund, um Hohenzollern. Com a união da Prússia Ducal com Brandenburgo, através do seu neto, Friedrich Wilhelm, Grande Eleitor de Brandenburgo, e a invasão pelos suecos em 1657, a Polônia rendeu soberania e independência à Prússia Ducal, que se transformou no Reino da Prússia, chefiado pela linha Hohenzollern, na Paz de Oliva, em 1660. Friedrich Wilhelm, que governou de 1640 até a sua morte, em 1688, transformou Brandenburgo – Prússia no mais forte dos estados germânicos do norte, criou um eficiente exército, fortificou Berlim, centralizou a administração do ducado e assumiu poderes de governança que eram anteriormente exercidos pela nobreza e as oligarquias da cidade.
Friedrich I, fundador do Reino da Prússia
Seu filho, o Eleitor Friedrich III (1657 – 1713), conhecido em Berlim como o “Fritz Torto” - um acidente de infância lhe tinha torcido a espinha e deixado uma corcunda -, apaixonado por tudo que era francês, buscava uma coroa como recompensa por ter ajudado o Imperador Leopoldo I (então Arquiduque da Áustria e imperador do Sacro Império Romano). Brandenburgo não podia ter um rei, pois que parte do Império, e não podia haver um rei da Prússia porque parte dela estava na Polônia. Por uma fórmula engenhosa, contudo, Friedrich obteve de Leopoldo I, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, onde a maior parte das terras da Prússia estava, a permissão para ser chamado “Rei na Prússia” e não “Rei da Prússia”. Tal permissão culminou com a proclamação do Reino da Prússia (em substituição ao Ducado da Prússia), com sua capital em Berlim, em 18 de janeiro de 1701, quando o Eleitor[5] Friedrich III se auto coroou Friedrich I, em Konigsberg, e o país se tornou uma das grandes potências de sua época, com maior influência nos séculos XVIII e XIX. A partir daí Brandenburgo, embora ainda teoricamente parte do Sacro Império Romano, devendo obediência ao Imperador, passou a ser tratado na prática como parte do Império da Prússia. Friedrich I e sua segunda esposa, Sophia Charlotte de Hanover, irmã de George I da Inglaterra, fez da sua corte em Berlim uma miniatura de Versailles, onde o francês era a primeira língua, a etiqueta francesa era seguida com rigor e o rei desfilava em sapatos vermelhos de saltos altos e uma longa cabeleira para esconder sua corcunda, desperdiçando dinheiro como água e imitando ao máximo Louis XIV. O estado prussiano cresceu em esplendor durante o reinado de Friedrich I, que patrocinou as artes às custas do tesouro. 
Friedrich Wilhelm I, o austero Rei Soldado
Friedrich I foi sucedido por seu filho, Friedrich Wilhelm I (que reinou de 1713 a 1740), o austero "Rei Soldado", que transformou seu reino numa autocracia militar, dando à Prússia sua duradoura reputação. Aumentou de forma significativa o tamanho do exército prussiano e reconstruiu a organização do Estado em torno de um exército profissional permanente, um dos mais poderosos da Europa, embora suas tropas apenas brevemente tivessem entrado em ação durante a Grande Guerra do Norte. Tendo em vista o tamanho do exército em relação à população total, Mirabeau diria mais tarde: A Prússia, não é um estado com um exército, mas um exército com um Estado. No tratado de Estocolmo, de 1720, adquiriu a metade da Pomerânia sueca.
O rei Friedrich Wilhelm I morreu em 1740 e foi sucedido por seu filho, Friedrich II (que reinou entre 1740 e 1786), cujas realizações levaram a sua reputação ao título de "Friedrich II, o Grande". Como príncipe herdeiro, Friedrich II concentrou-se, principalmente, na filosofia e nas artes, mas usou os recursos e o exército herdado de seu pai para tornar a Prússia uma das principais potências da Europa ao final do século XVIII. Em dezembro de 1740 ele invadiu e tomou a província austríaca da Silesia, a mais rica da Monarquia de Habsburgo, precipitando a “Guerra da Sucessão Austríaca” (1740-1748)[6]. A Silesia, repleta de solos ricos e cidades prósperas com fábricas, se tornou uma região vital para a Prússia, aumentando grandemente a área, população e riqueza do país. Ao final da “Guerra dos Sete Anos” (1756-1763)[7] o território prussiano incluía a Silesia, principal causa da iniciada rivalidade e conflitos de mais de um século entre Áustria e Prússia, os dois estados mais poderosos dentro do Sacro Império Romano-Germânico (embora, ironicamente, ambos tivessem extenso território fora do império), até 1866. 
Friedrich II, o Grande, rei da Prússia (1740-1786)
Foi durante o seu reinado e seu formidável gênio militar, que a Prússia anexou a Prússia Real Polonesa, assim ligando seu reino da Prússia, ao leste, com Brandenburgo e o corpo principal de suas possessões germânicas no oeste. Assim, a nação que consistia das províncias de Brandenburgo, Pomerânia, Danzig, Prússia Ocidental e Prússia Oriental, tornou-se a maior potência da Europa e teve uma grande influência em muitos assuntos internacionais.
Durante os últimos anos de seu reinado, Friedrich II abriu as fronteiras da Prússia aos imigrantes que fugiam da perseguição religiosa em outras partes da Europa, como os huguenotes. A Prússia tornou-se um refúgio seguro, da mesma forma que os Estados Unidos receberam imigrantes em busca da liberdade no século XIX. Friedrich, o Grande, o primeiro "Rei da Prússia", praticou o despotismo esclarecido. Ele introduziu um código civil geral, aboliu a tortura e estabeleceu o princípio de que a Coroa não iria interferir em assuntos de justiça. Ele também promoveu um ensino secundário superior, precursor do sistema (escola de gramática) que preparava os alunos mais brilhantes para os estudos universitários. O sistema de ensino prussiano foi imitado em vários países, incluindo os Estados Unidos.
Friedrich II, o Grande, foi sucedido no trono, em 1786, por Friedrich Wilhelm II, que foi, por sua vez, sucedido por Friedrich Wilhelm III, o rei das “Guerras Napoleônicas”, em 1797, e a elas dedicaremos um capítulo especial, por sua importância na formação do futuro estado da Alemanha.

[1] Os primeiros eslavos compreendiam um grupo diverso de sociedades tribais que viveram durante o período migratório e o início da Idade Média europeia, entre os séculos V e X, que indiretamente criaram as fundações para as nações eslávicas da atualidade. A primeira menção escrita do nome eslavo, data do século VI, quando as tribos eslávicas ocupavam uma vasta área da Europa leste central. Pelos dois séculos seguintes, os eslavos se espalharam mais, em direção aos Balcãs e os Alpes, ao sul e oeste e em direção ao rio Volga, no norte e leste.
[2] O Vístula é o mais longo rio da Polônia, com 1.047 km, e sua bacia hidrográfica banha cerca de 194 mil km², ou quase dois terços da superfície da Polônia. Ele tem a sua nascente nos Beskides (cadeia montanhosa entre o nordeste da República Checa, o noroeste da Eslováquia, o sul da Polônia e o oeste da Ucrânia, fazendo parte dos Cárpatos) ocidentais, na alta Silésia, a 1.106 metros de altitude escoando pela Polônia antes de desembocar no Mar Báltico, perto de Gdansk.
[3] A Burzeland é uma área histórica e etnográfica no sudeste da Transilvânia, Romênia, com uma população mista de romenos, alemães e húngaros. Situa-se nas cadeias de montanhas dos Cárpatos do Sul; sua cidade mais importante é Brasov.
[4] A Confederação Prussiana foi uma organização formada em 1440 por um grupo de 53 nobres e clérigos e 19 cidades, na Prússia, que se opuseram à Ordem Teutônica. Em 1454, o líder da confederação, Hans von Baysen, pediu formalmente a Casimiro IV, Rei da Polônia, para incorporar a Prússia ao Reino da Polônia. Isto marcou o início da Guerra dos Treze Anos (1454-1466), travada entre o vitorioso Reino da Polônia e a derrotada Ordem Teutônica. A guerra foi terminada pela Paz de Torun.
[5] Os príncipes-eleitores (ou simplesmente eleitores) do Sacro Império Romano, eram os membros do colégio eleitoral deste Império, que possuíam, desde o século XIII, o privilégio de eleger o Rei dos Romanos ou, a partir do meio do século XVI, diretamente o Sacro Imperador Romano. O herdeiro aparente de um príncipe-eleitor secular ficou conhecido como um príncipe eleitoral. A dignidade do Eleitor possuía grande prestígio e era o segundo após o Rei ou Imperador.
[6]Conflito europeu causado pela “Pragmática Sanção”, segundo a qual o imperador Carlos VI pretendeu legar o Sacro Império Romano à filha, Maria Teresa da Áustria. A guerra, desencadeada após a morte do imperador do Sacro Império Romano, Carlos VI, foi motivada pela ambição da Prússia, da Baviera e da Espanha. O fim definitivo da guerra foi selado pelo Tratado de Aquisgrão.
[7] Foi uma série de conflitos internacionais ocorridos durante o reinado de Luís XV, entre a França, a Monarquia de Habsburgo e seus aliados (Saxônia, Império Russo, Império Sueco e Espanha), de um lado, e a Inglaterra, Portugal, o Reino da Prússia e Reino de Hanôver, de outro. A guerra deu continuidade a disputas não apaziguadas pelo Tratado de Aquisgrão e foi desencadeada por vários fatores: preocupação das potências europeias com o crescente prestígio e poderio de Friedrich II, o Grande, Rei da Prússia; as disputas entre a Monarquia de Habsburgo e o Reino da Prússia pela posse da Silésia; e a disputa entre a Grã-Bretanha e a França pelo controle comercial e marítimo das colônias das Índias e da América do Norte. Também foi motivada pela disputa por territórios situados na África, Ásia e América do Norte.

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