III.2 – CONQUISTA DO EGITO (639 – 642)
Impérios Bizantino, Sassânida e Árabe (Califado Rashidun), Consolidada a conquista da Península Arábica. |
Apenas como lembrança, ao início da conquista muçulmana do Egito, este era também parte do Império Romano do Oriente/Bizantino, que tinha a sua capital em Constantinopla. Apenas uma década antes, o Egito havia sido tomado pelo Império Persa, sob Khosrau II (616-629 DC); contudo, o imperador Heráclio recapturou o Egito após uma série de campanhas contra os persas sassânidas, antes de perde-lo novamente para o exército muçulmano Rashidun dez anos após. Como vimos, antes de perder o Egito para os muçulmanos, os bizantinos já haviam perdido também o Levante – com o seu aliado árabe, o reino Gassânida[1] – ficando assim perigosamente expostos e vulneráveis.
A província bizantina do Egito possuía grande importância estratégica por sua produção de grãos, parques navais e como base para futuras conquistas na África. O general Amr.ibn.al-‘As iniciou a conquista da província por sua própria iniciativa em 639. Ao final de dezembro ou início de janeiro de 640, os muçulmanos chegaram a Pelúsio, considerado o portão mais oriental do Egito; em fevereiro de 640 o forte e a cidade foram assaltados e capturados. As perdas do exército muçulmano foram substituídas pelos beduínos do Sinai que a ele se haviam juntado voluntariamente. Após a queda de Pelúsio os muçulmanos marcharam para Bilbeis, primeiro lugar do Egito em que os bizantinos ofereceram resistência, mas que acabou caindo após um mês, em março de 640; com a queda de Bilbeis, os árabes se encontravam apenas a um dia de viagem da cabeça do delta do Nilo.
Mapa da Invasão do Egito pelos muçulmanos |
Após a queda de Bilbeis os árabes avançaram para Babilônia, próximo da moderna Cairo, cidade fortificada que os romanos haviam preparado para o cerco. Este começou em maio de 640 e a luta permaneceu indecisa por dois meses, quando Amr solicitou reforços ao califa Omar. Tais reforços não foram suficientes e novas adições significativas chegaram a Babilônia em setembro de 640. Entrementes, em julho do mesmo ano, os árabes se voltaram para Heliópolis, a 10 km desta cidade, e conseguiram ocupá-la rapidamente, retornando para Babilônia.
Ao longo do seu retorno cidades menores foram tomadas e após muitas escaramuças, Babilônia tombou em 21 de dezembro de 640, com o general bizantino Theodorus e seu exército fugindo para a ilha de Rauda
Em 22 de dezembro, o patriarca Cyrus, da Alexandria, fez um acordo com os muçulmanos, por onde reconhecia a soberania islâmica sobre todo o Egito, incluindo o Thebaid (região do antigo Egito que compreendia os treze distritos mais ao sul do Egito Superior) e concordava em pagar Jizya[2] aos conquistadores. Tal tratado deveria ser aprovado pelo imperador Heráclio e pelo califa Omar, que foram informados, respectivamente, por Cyrus e por Amr. Heráclio repudiou o tratado, removeu Cyrus do seu posto de vice-rei (embora tenha permanecido como líder dos cristãos no Egito) e deu ordens ao comandante das forças bizantinas para que expulsassem os muçulmanos do Egito. Omar, por seu lado, ordenou a Amr que atacasse e expulsasse da Alexandria os bizantinos, antes que pudessem reunir mais forças. Com a promessa de que os muçulmanos manteriam o tratado com os cristãos, estes passaram a ajudar os muçulmanos em seu esforço de guerra, abastecimento, construção de estradas e pontes e apoio moral.
Omar, o segundo Califa |
Em fevereiro de 641 Amr marchou para a Alexandria com seu exército, enfrentando pequenas forças bizantinas por todo o caminho, propositalmente deixadas. Tais escaramuças prosseguiram por 10 dias, sem decisão, até que os muçulmanos lançaram um vigoroso assalto, obrigando os bizantinos a retirar-se para Alexandria. Com isso o caminho para a cidade estava limpo e as forças muçulmanas alcançaram os arredores de Alexandria em março de 641, quando iniciou o sítio.
Heráclio havia reunido um grande exército em Constantinopla e pretendia marchar como líder, pessoalmente para Alexandria, mas morreu nessa ocasião. As tropas se dispersaram e nenhuma ajuda seguiu para Alexandria que, embora pesadamente fortificada e com provisões, não conseguiu resistir ao cerco por mais de seis meses, sendo capturada pelos muçulmanos em setembro de 641.
Com a queda de Alexandria, os muçulmanos tornaram-se senhores do Egito, de que ela era a capital. Os muçulmanos eram vivamente impressionados e atraídos por Alexandria, que chamavam “a rainha das cidades”; por isso, Amr escreveu a Omar pedindo licença para torna-la a capital islâmica do Egito. Tal proposta foi rejeitada por Omar que a considerava, como cidade marítima, perigosa quanto a novos ataques navais bizantinos, sugerindo que a capital fosse estabelecida num local central, sem massa de água importante entre Arábia e Egito. O local escolhido por Amr para ser a nova capital do Egito foi o mesmo onde ele havia acampado ao tempo da batalha da Babilônia, a leste da cidade, e foi denominado Fustat (tenda em árabe). A primeira estrutura da cidade construída foi a mesquita que mais tarde ficou famosa como a “Mesquita de Amr ibn al-As”. Com o tempo, Fustat estendeu-se, incluindo a Babilônia e cresceu para tornar-se uma cidade agitada e o centro comercial do Egito.
Para consolidar seu domínio no Egito, Omar impôs a jizya aos egípcios, que antes só fora paga por bizantinos e gregos. Com a autorização de Omar, o general Amr abriu o canal “Nahar Amir ul Mu’minee” (Canal do Comandante do Fiel) que ligou o Nilo ao mar Vermelho e que faria florescer o comércio com a Arábia e o Iraque através de novo e fácil caminho.
A perda permanente do Egito significou a perda de uma imensa quantidade de alimentos e riquezas dos bizantinos. No ano de 645 uma tentativa foi feita para recuperar Alexandria para o Império Bizantino, mas ela foi retomada por Amr em 646. No mesmo ano, Mu‘awiya, o governador árabe da Síria e futuro fundador da dinastia Omíada, ordenou a construção de uma frota naval que foi posta a navegar três anos após, num ataque de pilhagem a Chipre[3]. Em 650 um segundo ataque seguiu-se que foi encerrado com um tratado pelo qual os cipriotas entregaram boa parte de suas riquezas e escravos. Em 688 a ilha foi transformada numa dominação conjunta do califado e do império bizantino que durou por quase 300 anos.
Em 654 uma frota de invasão enviada ao Egito, por Constante II, foi repelida. A partir daí nenhum novo sério esforço foi feito pelos bizantinos para recuperação do Egito. Os árabes permaneceram no controle do Egito, desde essa época até o ano de 1250, quando caiu sob o domínio dos Mamelucos[4], dos quais ainda voltaremos a falar.
III.3 – CONQUISTA DO NORTE DA ÁFRICA (642-643)
Após uma tentativa mal sucedida na Núbia, ao sul do Egito, o general Amr decidiu realizar campanhas para o oeste, afim se garantir as fronteiras a oeste do Egito e limpar a região de Cirenaica, Tripolitânia (região administrativa do reino da Líbia, ao norte) e Fezã (região administrativa do reino da Líbia ao sul) da influência bizantina. Em setembro de 642, Amr conduziu suas tropas para oeste e após um mês de marcha atingiu as cidades de Pentápolis (outro nome da Cirenaica). De Barce (uma das cinco cidades de Pentápolis), Uqbah bin Nafi liderou uma coluna em campanha contra Fezã, diretamente contra sua capital, Zaweela; nenhuma resistência foi oferecida e todo o distrito de Fezã submeteu-se aos muçulmanos. Uqbah retornou a Barce e logo em seguido marchou para oeste, chegando em Trípoli (na costa norte da Tripolitânia) na primavera de 643 e iniciando o cerco da cidade que caiu em um mês. De Trípoli, Amr enviou um destacamento a Sabratha (cidade a cerca de 64 km a oeste de Trípoli), que ofereceu fraca resistência, rendendo-se e concordando com o pagamento da Jizya. De Trípoli, Amr reportou suas vitórias ao califa Omar, comunicando que o caminho para o oeste estava limpo.
Omar, cujos exércitos se encontravam empenhados em maciça campanha para conquista do Império Sassânida, não quis se comprometer mais ao longo do norte da África, enquanto o domínio do Egito não se encontrava totalmente seguro. Assim, ordenou que Amr primeiro consolidasse a posição muçulmana no Egito, enfatizando que não houvesse campanhas adicionais. Amr obedeceu, abandonando Trípoli e Barce e retornando a Fustat, ao final de 643.
No ano de 647, os árabes retornaram ao norte da África, para a conquista do que se chamava de Exarcado da África, ou de Cartago, sua capital, uma divisão administrativa do império Bizantino, que abarcava todas as suas possessões no Mediterrâneo ocidental, governada por um exarca (vice-rei). Essa divisão havia sido criada pelo Imperador Mauricio ao final dos anos 580, sobrevivendo até a conquista muçulmana do Maghreb ao final do século VII.
Localização da Anatólia na Eurásia (retângulo vermelho) |
Desta feita o exército tomou a Tripolitânia após a batalha de Sufetula (a 240 km de Cartago), em 647. As forças árabes retornaram ao Egito em 648 em troca por tributo. Todas as conquistas árabes adicionais foram logo interrompidas por força de uma guerra civil entre facções árabes que resultou na morte do califa Uthman, em 656, substituído por Ali Ibn Abi Talib, que por sua vez foi assassinado em 661. A dinastia Omíada (de que falaremos ainda) estabeleceu-se em Damasco e o califa Muawiya I começou a consolidação do império desde o mar Aral até a fronteira oeste do Egito. Colocou um governador local no Egito em al-Fustat, criando um assento subordinado de poder que continuaria pelos dois próximos séculos. Ele então continuou a invasão dos estados vizinhos não muçulmanos, atacando a Sicília e a Anatólia, em 663. A figura mostra a localização da Turquia, na Ásia Menor, dentro do retângulo, com referência ao continente europeu. A Anatólia corresponde, grosseiramente, à parte asiática da Turquia, com exceção das partes orientais, historicamente conhecidas como “Altas Terras da Armênia”.
III.4 – CONQUISTA DA MESOPOTÂMIA E PÉRSIA (633-651)
A conquista da Pérsia (atual Irã) pelos muçulmanos conduziu ao fim do Império Sassânida, em 651 e ao declínio posterior da religião Zoroastriana na Pérsia. É importante lembrar que, a esse tempo, o império Sassânida era formado por Iraque e Irã (Mesopotâmia e Pérsia), além de outros territórios menores.
A ascensão dos muçulmanos havia coincidido com um significativo enfraquecimento político, social, econômico e militar da Pérsia, conforme já mencionamos, pelas exaustivas batalhas travadas pelo Império Sassânida contra o Império Bizantino.
Logo após as guerras Ridda, que consolidaram o califado de Abu Bakr em 633, um chefe tribal do nordeste da Arábia, Al-Muthanna ibn Haritha, forte o bastante para atacar o Império Persa ao nordeste e o Império Bizantino ao noroeste, atacou pela primeira vez cidades persas na Mesopotâmia, por determinação do califa. Ele tinha três objetivos com essas conquistas: (1) ao longo das fronteiras árabes com esses dois impérios haviam numerosas tribos árabes nômades que atuavam como um estado amortecedor entre romanos e persas; Abu Bakr cria que essas tribos aceitariam o Islamismo ajudando em sua difusão; (2) as populações persas e romanas sofriam com impostos muito altos e Abu Bakr acreditava que elas podiam ser persuadidas a ajudar os muçulmanos com a promessa de liberá-los dos tributos excessivos; (3) dois impérios gigantescos cercavam a Arábia, tornando inseguras as fronteiras do Estado Islâmico (rever Figura 007); Abu Bakr esperava que atacando Iraque e Síria, pudesse remover o perigo de suas fronteiras. Os sucessos iniciais e posteriores de Al-Muthanna ibn Haritha fizeram-no pensar sobre a expansão do Império Rashidun. Khalid ibn al-Walid, seu melhor general foi posto no comando e, com 10.000 homens e mais 8.000 dos chefes tribais das fronteiras, penetrou no Império Persa na terceira semana de março de 633.
Até a última semana de julho, a maior parte do que é hoje o Iraque estava sob controle islâmico. Três batalhas adicionais em Zumail, Sanni e Muzieh, em novembro de 633, encerraram o controle persa na Mesopotâmia, deixando sua capital, Ctesiphon desguarnecida e vulnerável ao ataque muçulmano. Antes de avançar à capital, em dezembro de 633, Khalid venceu sua última batalha na conquista da Mesopotâmia, em Firaz, contra um exército combinado de persas, bizantinos e árabes cristãos. Nesse momento ele recebeu ordens do califa Abu Bakr para assumir o comando dos exércitos muçulmanos na luta contra a Síria romana, conforme já vimos acima.
Mapa detalhando a rota de Khalid ibn al-Walid, as batalhas travadas e cidades conquistadas na conquista da Mesopotâmia |
Com a saída de Khalid, os persas decidiram tomar de volta seus territórios perdidos. Seu novo imperador Yazdgerd III buscou aliança com o imperador bizantino Heráclio através do casamento com sua filha e prepararam juntos ataques coordenados, no Levante e na Mesopotâmia para acabar com seu inimigo comum, o novo califa, Omar. Esses ataques não tiveram sucesso porque Yazdgerd III não conseguiu reunir seu exército a tempo e já sabemos o resultado da campanha dos árabes contra os bizantinos.
O exército sassânida, entretanto, era ainda uma força poderosa que se encontrou com as forças islâmicas em Qadisiyyah, em 636, início da segunda invasão. O general muçulmano, Saad ibn Abi Waqqas, dentro de três meses derrotou o exército persa na batalha de Qadisiyyah, efetivamente encerrando o domínio sassânida a oeste da Pérsia. Com o grosso das forças persas derrotadas, Saad conquistou Babilônia, Koosie, Bahrasher e Madein. Ctesiphon, a capital imperial do império sassânida, caiu em março de 637, após um cerco de três meses. Com a queda de mais algumas cidades que incluíram Jalula e a região de Tikrit-Mosul, o domínio muçulmano na Mesopotâmia foi estabelecido.
Em fevereiro de 638 a força dos combates amainou na frente persa. O Suwad (fértil área entre os vales do Tigre e do Eufrates), o Vale do Tigre e o Vale do Eufrates estavam agora sob o total controle dos muçulmanos. Os Persas se haviam retirado para a própria Pérsia, a leste das Montanhas Zagros[5], barreira natural entre o califado Rashidun e o Império Sassânida, que não cessou de realizar contra-ataques até janeiro de 641 quando os muçulmanos conquistaram Susa e Junde Sabur (província do Khuzistan), dois locais de grande importância militar e Omar pretendeu a paz.
Isfahan, capital da província de Isfahan, Pérsia, atual Irã |
Numa última tentativa de expulsar os muçulmanos, os persas conseguiram reunir 100.000 homens em Nahavand. Informado do fato, Omar enviou todas as suas forças para aquela cidade, onde se travou a batalha decisiva para os dois impérios. A Batalha de Nahavand, em 642, foi vencida pelos muçulmanos e com ela selado o destino do império Sassânida, ocorrido em 651.
Após a devastadora derrota em Nahavand, o último imperador sassânida, Yazdegerd III, fugiu por diferentes partes da Pérsia para levantar um novo exército, sem muito sucesso, com Omar tentando capturá-lo quando havia ganho vantagem psicológica sobre os persas. Um plano de ação foi formulado e os preparativos completados em janeiro de 642. Poucos meses depois, um dos principais objetivos de Omar, a província de Isfahan (capital Isfahan), no centro do império e importante ponto de comunicação entre os exércitos persas, foi tomada. O ataque à segunda das grandes províncias pretendidas por Omar, Fars, com capital em Persépolis, havia iniciado em 639, mas só foi vencida em 651; mesmo assim os habitantes da Província ainda se rebelariam, mais tarde, várias vezes contra os árabes.
A conquista do Azerbaijão Iraniano, terceiro grande objetivo dos árabes, encerrou em 651 com um pacto pelo qual a província se rendia ao Califado sob os termos usuais do pagamento da Jizya. A Armênia[6] bizantina já havia sido conquistada entre 638 e 639. Por essa época, com exceção do Khorasan (região histórica situada no nordeste da Pérsia) e da Armênia persa, situada ao norte do Azerbaijão, Omar possuía o controle de todo o Império Persa. Ao final do ano 643, Omar enviou expedições contra essas duas regiões; o avanço sobre a Armênia foi encerrado em novembro de 644 com a morte do Califa Omar, quando praticamente todo o sul do Cáucaso havia sido capturado. O Khorasan era a segunda maior província do império Sassânida, estendendo-se do que é hoje o nordeste do Irã, noroeste do Afeganistão e sul do Turquemenistão, com capital em Balkh (norte do Afeganistão), onde encontrava-se Yazdegerd III com as forças que ainda conseguira reunir. Em 651 seu exército foi derrotado na batalha do Rio Oxus, sua capital ocupada pelos árabes e com essa ocupação a guerra acabou. O imperador Yazdegerd fugiu através do Oxus para a Transoxiana[7] e teve uma pequena chance de fugir para a China, mas foi assassinado por um moleiro local por sua bolsa. Os muçulmanos haviam alcançado as últimas fronteiras persas a oeste; além dessas, restavam apenas as terras dos turcos e ainda além, a China. O velho e poderoso império dos sassânidas havia deixado de existir.
Província de Fars, lar do povo persa |
Azerbaijão iraniano, noroeste da Pérsia (atual Irã) |
Após sua vitória sobre o exército imperial, os invasores, desde 644 sob o califa Uthman ibn Affan (já pertencente à dinastia Omíada, embora o regime Omíada tenha sido fundado por Muawiya ibn Abi Sufyan, governador da Síria, após o fim da primeira guerra civil muçulmana, em 661), ainda tiveram que lutar com diversos principados da Pérsia, militarmente fracos, mas geograficamente inacessíveis, o que exigiu décadas para dar o total controle ao califado. A conversão ao islamismo foi gradual, parcialmente como resultado dessa violenta resistência; contudo, as escrituras zoroastrianas foram queimadas e muitos sacerdotes executados. Contudo, os persas começaram a se reafirmar mantendo a língua e a cultura persa. Não obstante, o islamismo foi adotado por muitos, por ameaça e extorsão, por razões políticas e econômicas, ou simplesmente por persuasão, tornando-se a religião dominante na idade média.
Os omíadas prosseguiram com as conquistas muçulmanas, incorporando o Cáucaso, Transoxiana, Sindh e a Península Ibérica ao mundo islâmico, como veremos a seguir.
[1] Os Gassânidas eram um grupo de árabes que emigraram no início do século III do sul da Península Arábica para a região do Levante onde alguns se mesclaram com as comunidades cristãs de fala grega, convertendo-se ao cristianismo nos primeiros séculos DC, enquanto outros já eram cristãos antes de emigrarem para o norte escapando da perseguição religiosa. Poucos gassânidas tornaram-se muçulmanos acompanhando a conquista islâmica, mas a maioria permaneceu cristã unindo-se às comunidades Melkita e Siríaca, dentro do que é hoje a Jordânia, Palestina, Síria e Líbano.
[2] Jizya é uma taxa anual per capita historicamente imposta pelos estados islâmicos sobre certos súditos não islâmicos (dhimmis) residindo permanentemente em terras muçulmanas, sob lei islâmica. Os juristas muçulmanos exigiam o pagamento da Jizya por parte de adultos, libertos e homens sãos da comunidade dhimma, deixando isentas as mulheres, crianças, idosos, deficientes, doentes, insanos, eremitas, escravos e moradores temporários. Os dhimmis que se uniam ao serviço militar e aqueles que não podiam pagar eram isentos do pagamento.
[3] O Chipre é a terceira maior e a terceira mais populosa ilha do mar Mediterrâneo oriental. Está localizada ao sul da Turquia, oeste da Síria e do Líbano, noroeste de Israel e Palestina, norte do Egito e sudeste da Grécia.
[4] Mameluco é a designação árabe para escravo, mais usado para se referir a soldados escravos de muçulmanos e a governantes muçulmanos de origem escrava. O mais duradouro reino mameluco foi a casta militar nobre do Egito da Idade Média, que surgiu de soldados escravos em sua maioria de povos turcos, mas também cristãos do Egito, circassianos e georgianos. Com o tempo os mamelucos tornaram-se uma poderosa casta militar em várias sociedades então controladas por muçulmanos. Particularmente no Egito, mas também no Levante, Mesopotâmia e Índia, os mamelucos sustentaram grande poder político e militar.
[5] As montanhas Zagros formam a maior cadeia montanhosa no Irã, Iraque e sudeste da Turquia, com um comprimento de 1.500 km. Grosseiramente, ela corre pela fronteira entre Irã e Iraque, desde o Golfo Pérsico, infletindo para o oeste ao estremo norte do Iraque e correndo entre Iraque, Síria e Turquia até o mar Mediterrâneo.
[6] O Reino da Armênia, que teve o seu auge entre 95 e 66 AC, durante as guerras Bizantino-Sassânidas foi repartida em Armênia Bizantina (em 387 DC) e Armênia Persa (em 428 DC).
[7] Transoxiana é a área além do rio Oxus, antigo nome da porção da Ásia Central correspondente aos atuais Uzbequistão, Tajiquistão, sul do Quirguistão e sudoeste do Cazaquistão).
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