Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

OS MAIORES LIVROS DO MUNDO

Minha família e eu vivemos, de janeiro de 1993 a dezembro de 1996, nos Estados Unidos enquanto eu realizava os meus cursos de Mestrado e Doutorado. Foi durante esse período de quatro anos que tomei conhecimento, por acidente, visitando uma livraria na cidade de Fort Collins, CO, onde morávamos, de uma lista chamada “The World’s Hundred Greatest Books” (Os Cem Maiores Livros do Mundo).
O assunto interessou-me vivamente e examinei com cuidado a lista para ficar conhecendo aqueles que poderiam ser considerados os cem maiores livros do mundo. Supostamente, a lista teria sido formulada por uma equipe internacional de pessoas ligadas de alguma forma à literatura e, sobretudo, imparciais em seu julgamento. A equipe teria sido cuidadosa em sua escolha e ficou logo bem claro que trabalhos do tipo da Bíblia, Alcorão e outros do mesmo calibre teriam, por razões óbvias, permanecido à margem da relação, digamos, como obras “hors concours”.
Por algum tempo, não muito longo, o assunto assim permaneceu, até que um dia, ao entrar em outra livraria, tive minha atenção chamada para uma nova lista de “cem maiores livros do mundo”. O que é interessante notar, inicialmente, é que essa nova lista, elaborada por outras pessoas e editoras, diferia da anterior em cinco livros apenas; ou seja, a lista dos “Cem Maiores Livros do Mundo”, na verdade conteria, pelo menos, 105 livros. Na minha maneira de ver o assunto, uma diferença muito pequena, se apenas cogitarmos da enorme quantidade de livros considerados bons, escritos por todo esse mundo de Deus, em todas as épocas, desde que existe a literatura registrada.
Isso não significa, em absoluto, que o assunto não seja polêmico. Ao contrário, há muito a ser discutido sobre ele, a começar do fato de que, presume-se, todas as pessoas que participaram da elaboração dessas relações tenham lido todos os bons livros considerados dignos de fazer parte de tão celebradas listas. O que imagino que não seja tarefa simples, nem que fosse ao menos para lembrar de todos eles, em todas as épocas. Fico também imaginando a dificuldade que possa ter surgido no que se refere ao bairrismo certamente manifestado pelos componentes das equipes selecionadas para a seleção, cada qual querendo introduzir nessas relações o maior número possível de autores de seu próprio país. Certamente, a questão política torna-se também fundamental na confecção da lista. Não me lembro de ter algum dia posto os olhos nos critérios utilizados para elaborar a tal seleção, se é que o assunto foi previamente regulamentado.
Examinadas essas e outras questões de ordem teórica e prática, que certamente surgirão em grande quantidade, vejo essa como uma tarefa de Odisseu, quase impossível de ser resolvida. Não é por menos que todas as pessoas com quem falo, invariavelmente, mostram um ar de surpresa e perguntam por vários livros que não fazem parte da grande lista. Também não é por menos que, com o passar do tempo, fui tendo acesso a outras listas, com os nomes mais variados possíveis. Entre essas podemos citar as seguintes:


· “Cien novelas del siglo XX”;
· A lista de Freud;
· “Le Monde 100”;
· “The 100 greatest novels of all times” de Robert McCrum;
· “Mil Folhas de Portugal”;


Sem entrar nos detalhes de cada uma das relações acima mencionadas, por motivos históricos e análise pessoal, permaneço com a primeira lista citada; não sem ter inúmeras críticas a fazer, como teria outras tantas acerca de cada uma das demais apresentadas. Apenas para exemplificar, parece muito estranho a nós, falantes da língua portuguesa, que numa relação das cem obras literárias mais importantes do mundo, não seja mencionado “Os Lusíadas”, de Camões. Entretanto prefiro, neste momento, apenas apresentar a relação dos 105 livros que fazem parte dessa relação dos “Cem Maiores Livros do Mundo” e deixar aos meus leitores a sua crítica mais apurada. Gostaria mesmo, de receber suas opiniões, que só enriquecerão a discussão, mesmo que corramos o risco de jamais chegar a uma conclusão definitiva, o que é muito provável. Vamos a ela, em ordem alfabética de seus título, para evitar qualquer tipo de pré-concebida discriminação, em português (apenas para uniformizar a língua), com os seus respectivos autores:


001 - A Carta Escarlate - Nathaniel Howthorne
002 - A Crítica da Razão Pura - Immanuel Kant
003 - A Dama do Lago - Sir Walter Scott
004 - A Divina Comédia - Dante Alighieri
005 - A Eneida -Virgílio
006 - A Ética Nichomaqueana - Aristóteles
007 - A Ilha do Tesouro - Robert L. Stevenson
008 - A Ilíada - Homero
009 - A Importância de Ser Sincero - Oscar Wilde
010 - A Máquina do Tempo - H. G. Wells
011 - A Megera Domada - William Shakspeare
012 - A Odisséia - Homero
013 - A Origem das Espécies - Charles Darwin
014 - A Poesia do Velho Marinheiro - Samuel Coleridge
015 - A República - Platão
016 - A Riqueza das Nações - Adam Smith
017 - A Tempestade - William Shakspeare
018 - A Tragédia de Fausto - J. W von Goethe
019 - Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley
020 - Anna Karenina - Leon Tolstoi
021 - As Aventuras de Tom Sawyer - Mark Twain
022 - As Viagens de Gulliver - Jonathan Swift
023 - As viagens de Marco Polo - Marco Pólo
024 - As Vinhas da Ira - John Steinbeck
025 - Autoconfiança - Ralph Waldo Emerson
026 - Babbitt - Sinclair Lewis
027 - Beowulf - Unknown
028 - Camille (A Dama das Camélias) - Alexandre Dumas Fils
029 - Candide - Voltaire
030 - Carmen - Prosper Merimee
031 - Como Pensamos - John Dewey
032 - Crime e Castigo - Feodor Dostoyevsky
033 - Cyrano de Bergerac - Edmond Rostand
034 - David Copperfield - Charles Dickens
035 - De ratos e de homens - John Steinbeck
036 - Don Quixote de la Mancha - Cervantes
037 - Drácula - Bram Stoker
038 - Édipo Rei - Sófocles
039 - Feira da Vaidade - William M. Thackeray
040 - Frankenstein - Mary Shelley
041 - Grandes Expectativas - Charles Dickens
042 - Guerra e Paz - Leon Tolstoi
043 - Hamlet - William Shakspeare
044 - Huckleberry Finn - Mark Twain
045 - Idílios do Rei - Alfred L. Tennyson
046 - IIvanhoé - Sir Walter Scott
047 - Jane Eyre - Charlotte Bronte
048 - Longe da Turba Enlouquecida - Thomas Hardy
049 - Macbeth - William Shakespeare
050 - Madame Bovary - Gustave Flaubert
051 - Meditações - Rene Descartes
052 - Middlemarch - George Eliot
053 - Moby Dick - Herman Melville
054 - Moll Flanders - Daniel Defoe
055 - Morte de um Caixeiro Viajante - Arthur Miller
056 - Natureza - Ralph Waldo Emerson
057 - Nossa cidade - Thornton Wilder
058 - O Caminho de Toda a Carne - Samuel Butler
059 - O Capital - Karl Marx
060 - O Chamado Selvagem - Jack London
061 - O Contrato Social - Jean Jacques Rousseau
062 - O Declínio do Oeste - Oswald Spengler
063 - O Emblema Vermelho da Coragem - Stephen Crane
064 - O Falcão Maltês - Dashiell Hammett
065 - O Giro do Parafuso - Henry James
066 - O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald
067 - O Médico e o Monstro - Robert Louis Stevenson
068 - O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Bronte
069 - O mundo Como Vontade e Idéia - Arthur Schopenhauer
070 - O Paraíso Perdido - John Milton
071 - O Pomar de Cerejas - Anton Chekhov
072 - O Príncipe - Machiavelli
073 - O Príncipe e o Pobre - Mark Twain
074 - O Progresso do Pilgrim - John Bunyan
075 - O Retorno do Nativo - Thomas Hardy
076 - O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde
077 - O Retrato de uma Dama - Henry James
078 - O Retrato do Artista Quando Jovem - James Joyce
079 - O Último dos Moicanos - James F. Cooper
080 - O Velho e o Mar - Ernest Hemingway
081 - O Vermelho e o Negro - Stendahl
082 - Orgulho e Preconceito - Jane Austen
083 - Os Contos de Canterbury - Geoffrey Chauce
084 - Os Irmãos Karamazov - Feodor Dostoyevsky
085 - Os Livros da Selva - Rudiard Kipling
086 - Os Miseráveis -Victor Hugo
087 - Os Três Mosqueteiros - Alexandre Dumas
088 - Othello - William Shakspeare
089 - Pais e Filhos - Ivan Turgenev
090 - Para Matar um Mockingbird - Harper Lee
091 - Peer Gynt - Henrik Ibsen
092 - Pequenas Mulheres - Louisa May Alcott
093 - Por quem os sinos dobram - Ernest Hemingway
094 - Prometeu Acorrentado - Aeschylus
095 - Robinson Crusoe - Daniel Defoe
096 - Silas Marner - George Eliot
097 - Tartuffe - Moliere
098 - Tess of the D'Urbervilles - Thomas Hardy
099 - Tom Jones - Henry Fielding
100 - Um Conto de Duas Cidades - Charles Dickens
101 - Um Yankee na Corte do Rei Arthur - Mark Twain
102 - Uma Casa de Bonecas - Henrik Ibsen
103 - Uma Tragédia Americana - Theodore Dreiser
104 - Vinte Mil Léguas Submarinas - Jules Verne
105 - Walden - Henry David Thoreau


Para concluir, gostaria de informar que já há alguns poucos anos consegui completar a minha coleção particular dos “Cem Maiores”, não sem muito sacrifício para a obtenção de alguns deles, cujas edições achavam-se há muito tempo esgotadas. Essa dificuldade foi ampliada porque, sempre que possível, procurei adquirir edições na língua em que os livros foram originalmente escritos, a fim de poder melhor apreciar a real literatura da obra. Infelizmente não posso dizer o mesmo da sua leitura, já que me faltam duas dezenas para concluir a leitura da mesma lista. E posso garantir que, com relação a alguns deles, foi também um enorme sacrifício completar a sua leitura, já que entre eles se encontram uns poucos que tratam de filosofia pura. Quem já leu ou um dia vier a ler, por exemplo, "Walden", de Henry David Thoreau, saberá exatamente do que estou falando. Em contrapartida, outros há, que são verdadeiras obras de arte, como seria de se esperar; entre eles encontrei os melhores livros que já li em minha vida, posso afirmar sem qualquer tipo de hesitação. E, devo acrescentar, para minha tristeza, que da relação faz parte um livro policial para o qual nada ficam a dever, em minha modesta opinião, os antigos livros policiais de bolso que nos levavam ao encontro das deslumbrantes peripécias do detetive Shell Scott.
A discussão (ou bate-boca) está aberta!

4 comentários:

Cristian Schnidger disse...

Nelson, Que grande lista! Alguns deles já tive o prazer de ler. Outros comecei e, por dificuldades não consegui acabar. Isso em potuguês, imagina tentar ler na língua original do livro! Mas é uma lista com grandiosas obras. E falta agora - se é que já não existe - uma listas dos grandes livros brasileiros. Abraço!

Nelson Azambuja disse...

Prezado Cristian:

Não te preocupa. Também tive vontade de parar alguns, mas acho que sou mais cabeçudo do que tu e uma vez começado, vou até o fim!
Quanto às línguas estrangeiras, também tenho muita dificuldade com alguns, dependendo da época em que foram escritos; uma forma de "driblar" é ter uma cópia em português para as horas de aperto. Tenho bastante facilidade com línguas e isso deve me ajudar um pouco.
Absolutamente de acordo contigo quando dizes que falta uma lista dos grandes livros brasileiros. Gostaria muito de saber quando as nossas sumidades vão criar coragem para realizar um trabalho sério a respeito.
Parabéns pelo teu "blog"; andei dando uma rápida espiada. Ando meio apertado de tempo agora, mas quero voltar para apreciar mais. Sucesso e um grande abraço.

dag disse...

Sabe Nelson, fiquei muito feliz em ver, ao final da lista, a obra prima de Thoreu. Amo aquele livro como se eu próprio o tivesse escrito. Realmente, na primeira vez que o li, tive dificuldades, chegando a classificá-lo como enfadonho. Entretanto, absorvi seu conteúdo como que por osmose e o absolvi de qualquer pecado.
Respeito sua opinião a respeito, mas saiba que há que ame Thoreau!!!
Abraços
Dagmar Salles

Nelson Azambuja disse...

Prezado Dagmar:
Foi com o maior prazer que publiquei o seu comentário! Me agradam as pessoas que enviam os seus comentários sem se importar muito com a opinião dos autores.
Acredito piamente que há muita gente que ame Henry David Thoreau, eu incluído na lista. Entretanto, o próprio autor declara, como naturalista que também era (além de escritor, filósofo, contestador de impostos e muitas outras coisas ...),que "Walden" foi um experimento e, como tal, passível de tornar-se leitura monótona, para muitos. De fato, no início, "Walden" teve poucos admiradores, mas críticos posteriores o viram como um trabalho americano clássico a explorar a natural simplicidade, harmonia e beleza como modelos de condições culturais e sociais.
Muito grato pelo comentário; e fica com a gente. Grande abraço,
Nelson.