Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A HISTÓRIA DO IMPÉRIO PERSA (IRÃ) - Parte 4

III.3 – IMPÉRIO PARTA (OU IMPÉRIO ARSÁCIDA) (247 AC-224 DC)
 
Andrágoras, o sátrapa selêucida que
deu origem ao Império Parta
 
Para bem entendermos a ascensão do Império Parta, temos que voltar um pouco no tempo já que os partas surgiram na história do Irã, bem antes da queda do Império Selêucida.
Em 247 AC, conforme já mencionado acima, Andrágoras, o governador Selêucida (sátrapa) da Pártia, proclamou a independência dos selêucidas, no momento em que, seguindo a morte do rei da Pérsia, Antíoco II, Ptolomeu III (terceiro rei da dinastia ptolemaica, no Egito, de 246 a 222 AC) tomou o controle da capital Selêucida na Antióquia, deixando incerto, por um período, o futuro da dinastia Selêucida. 
Arsaces I, fundador da dinastia
Arsácida da Pártia
Antes que Arsaces I da Pártia se tornasse o fundador da dinastia Arsácida, ele fora eleito líder das tribos Parni (dos Parnos), uma antiga tribo do centro da Ásia, de povos de etnia iraniana oriental e uma das várias tribos nômades da confederação do Dahae. Falavam uma língua iraniana oriental, em contraste com a língua iraniana do noroeste, falada naquela época na Pártia, província do noroeste, primeiro sob os aquemênidas e então sob o Império Selêucida. Com a independência da Pártia do Império Selêucida e a resultante perda do apoio militar daquele império, Andrágoras teve dificuldade na manutenção da suas fronteiras e cerca de 238 AC, sob o comando de Arsaces I e seu irmão Tiridates, os Parnos invadiram a Pártia tomando controle da sua região norte. Logo em seguida os Parnos tomaram o resto da Pártia de Andrágoras, matando-o no processo. O Império Parta foi, portanto, o reino da dinastia Arsácida (de Arsaces I), que reuniu e governou o Platô Iraniano após a conquista Parni de Pártia, derrotando o Império Selêucida ao final século III AC, com o controle intermitente da Mesopotâmia entre 150 AC e 224 DC. O Império Parta rapidamente incluiu também a Arábia Oriental. 
Fraates I, primeiro imperador Arsácida
sem interferência Seêucida
Por um tempo, Arsaces consolidou a posição na Pártia e Hircânia (província a sudeste do mar cáspio no moderno Irã), aproveitando a invasão do território selêucida no oeste por Ptolomeu III (246-222 AC) do Egito. Este conflito com Ptolomeu, a Terceira Guerra Síria[1], também permitiu que Diodotus I (sátrapa selêucida da Báctria) se rebelasse formando o Reino Greco-Bactriano, na Ásia Central, conforme visto anteriormente. Seu sucessor, Diodotus II, formou uma aliança com Arsaces contra os Selêucidas, mas Arsaces foi temporariamente despejado da Pártia pelas forças de Selêucos II (como vimos anteriormente), em 246-225 AC. Após algum tempo no exílio entre a tribo nômade Apasiacae, Arsaces conduziu um contra-ataque e recapturou a Pártia. Antíoco III, o Grande (222-187 AC), não pode retaliar à época pois suas tropas se encontravam envolvidas no sufoco da rebelião de Molon na Média. Em 210 ou 209, entretanto, ele lançou uma campanha maciça para retomar a Pártia e Báctria, sem sucesso, mas com um armistício de paz com Arsaces II: este ficava com o título de rei em troca de sua submissão a Antíoco III como seu superior. Os Selêucidas não puderam mais intervir nos assuntos da Pártia devido à crescente intromissão da República Romana e a derrota selêucida em Magnésia (região da Grécia), em 190 AC. Phriapatius da Pártia (191-176 AC) sucedeu a Arsaces II e Fraates I da Pártia (176-171 AC) posteriormente ascendeu ao trono, governando a Pártia sem mais interferência selêucida. 
Mitrídates I, que expandiu o Império
Parta para o leste, sul e oeste
Fraates I expandiu o controle da Pártia, mas a maior expansão do seu poder e território aconteceria no reinado de seu irmão e sucessor, Mitrídates I da Pártia (já mencionado anteriormente), que escritores comparam a Ciro, o Grande.
As relações entre Pártia e Greco-Báctria se deterioraram com a morte de Diodotus II, quando Mitrídates I capturou duas eparquias[2] deste reino. Desviando seus objetivos do reino Selêucida, Mitrídates I invadiu a Média e ocupou a Ecbatana (cidade importante da Média, oeste do Irã) em 147 ou 148 AC, região desestabilizada pela supressão selêucida recente de uma rebelião conduzida por Timarchus (usurpador no reino Selêucida entre 163 e 160 AC). Essa vitória foi seguida da conquista da Babilônia, na Mesopotâmia, onde Mitrídates I teve moedas cunhadas em Selêucia e uma cerimônia de investidura oficial. Enquanto Mitrídates retirava-se para Hircânia, suas forças subjugavam reinos menores, com sua autoridade estendendo-se para leste até o rio Indus. Embora Hecatompylos tivesse servido como primeira capital Parta, Mitrídates I estabeleceu residências reais em Selêucia, Ecbatana, Ctesifonte (mais tarde a capital oficial do reino 33 quilômetros a sudeste da moderna Bagdá, Iraque) e a recém fundada cidade de Mithradatkert (fortaleza de Mitrídates, antiga Nisa, no Turquemenistão), onde tumbas dos reis Arsácidas foram construídas e mantidas.
Conforme introduzido acima, Demétrio II Nicator esboçou uma contraofensiva contra os Partas na Mesopotâmia, mas embora alguns sucessos iniciais, foi derrotado, capturado e conduzido para Hircânia onde foi tratado com toda a hospitalidade, recebendo de Mitrídates I a sua filha como esposa. Da mesma forma, Antíoco VII Sidetes, irmão de Demétrio II, assumindo o trono logo tentou a retomada da Mesopotâmia, então sob Fraates II da Pártia (138-128 AC). Houve um instante em que os Partas pediram a paz que Antíoco VII se recusou a aceitar, a menos que eles desistissem de todas as terras conquistadas, com exceção da própria Pártia, pagassem pesado tributo e libertassem Demétrio II. Os Arsácidas libertaram Demétrio II enviando-o para a Síria, mas negaram o atendimento das demais condições. Tendo que subjugar as revoltas que eclodiam, a principal força parta penetrou na região matando Antíoco VII em batalha. Seu filho Selêucos tornou-se refém dos Partas e sua filha foi adicionada ao harém de Fraates II.
Enquanto os partas voltavam a conquistar os territórios perdidos no oeste, outra ameaça surgia no leste. Em 177-176 AC, após receber invasões da China que forçaram outras invasões culminando com a ocupação das fronteiras nordeste do Império Parta, Mitrídates I foi forçado a deslocar-se para Hircânia, após sua conquista da Mesopotâmia. Uma das tribos invasoras (Saka) mantinha mercenários que lutavam com Fraates II, contra Antíoco VII, mas que chegaram tarde para participar do conflito; quando Fraates II recusou-se a pagar seus salários, os Saka se revoltaram e ele tentou submetê-los com a ajuda de antigos soldados selêucidas que também o abandonaram, se aliando aos Saka. Fraates II marchou então contra essa força combinada e foi morto em batalha. Seu sucessor Artabano I da Pártia (128-124 AC) teve destino semelhante lutando contra nômades no leste. Mitrídates II da Pártia (124-90 AC) recuperou, mais tarde, todas as terras perdidas aos Saka no Sistan[3]
Mitrídates II, iniciador do comércio da seda com a China
Em seguida à retirada Selêucida da Mesopotâmia, o governador Parta da Babilônia foi enviado pela corte Arsácida a conquistar Charakene[4] (Characene, Mesene ou Meshan), então dominada por Hyspaosines, de Charax Spasinou. Quando a tentativa falhou, Hyspaosines invadiu a Babilônia em 127 AC, ocupando a Selêucia. Contudo, em 122 AC Mitrídates II expulsou Hyspaosines da Babilônia fazendo os reis de Charakene vassalos dos Partas. Depois que Mitrídates II estendeu o controle parta mais a oeste, ocupando Dura-Europos (margem direita do Eufrates, atual Síria) em 113 AC, meteu-se em conflito com o Reino da Armênia. Suas forças derrotaram e depuseram Artavasdes I da Armênia em 97 AC, tomando seu filho Tigranes – que se tornaria Tigranes II, o Grande, da Armênia (95-55 AC) - como refém.
Durante o reino do Imperador Wu de Han (141 – 87 AC), o Império Han, da China, enviou uma delegação à corte de Mitrídates II, em 121 AC, abrindo relações comerciais oficias com a Pártia, via “Estrada da Seda”, embora sem conseguir uma desejada aliança militar para combater seus inimigos. Os mercadores da Sogdia, falando uma língua iraniana oriental, serviram como os revendedores primários desse vital comércio da seda entre a Pártia e a China Han[5].
O Império Parta transformou-se no arqui-inimigo oriental do Império Romano, limitando a sua expansão além da Capadócia (Anatólia Central). Os dois impérios colidiram por mais de dois séculos na Mesopotâmia, com sérias derrotas iniciais infligidas aos romanos, como a de Crassus, na Batalha de Carrhae (moderna Harran, a sudeste da Turquia), em 54 AC, ou a de Marco Antônio (36 AC). O Império Yuezhi Kushan, na região norte da Índia, garantia a segurança da fronteira leste da Pártia e, por isso, a partir de meados do século I AC, a corte Arsácida focou na defesa da fronteira oeste, principalmente contra Roma.
Um ano após Mitrídates II ter subjugado a Armênia, Lucius Cornelius Sulla, o pro-cônsul (funcionário romano que atuava em nome de um cônsul) romano da Cilícia[6], fez um acordo com o diplomata Parta Orobazus, pelo qual ambos acordavam que o rio Eufrates serviria como fronteira entre Pártia e Roma. A despeito desse acordo, em 93 ou 92 AC, a Pártia lutou na Síria (margem romana do Eufrates) contra o líder tribal Laodice e seu aliado selêucida Antíoco X Eusebes. Quando um dos últimos monarcas selêucidas, Demétrio III Eucaerus, tentou sitiar Beroia (moderna Alepo), a Pártia enviou ajuda militar aos habitantes e Demétrio foi derrotado.
Após o governo de Mitrídates II, Gotarzes I governou a Babilônia e Orodes I (90 a 80 AC) governou a Pártia separadamente; esse sistema de monarquia dividida enfraqueceu a Pártia, permitindo que Tigranes II da Armênia anexasse território parta a oeste da Mesopotâmia. Essas terras só retornariam à Pártia durante o reinado de Sanatruces da Pártia (78 a 71 AC). Logo após a eclosão da Terceira Guerra Mitridática (última das três guerras entre Roma e Pártia), Mitrídates VI do Ponto, um aliado de Tigranes II da Armênia, pediu ajuda da Pártia contra Roma, que Sanatruces recusou dar. Quando o comandante romano Lucullus marchou contra Tigranocerta, a capital da Armênia, em 69 AC, Mitrídates VI e Tigranes II pediram ajuda de Fraates III da Pártia (71 – 58 AC), que também não os atendeu. Após a queda de Tigranocerta, ele reafirmou, com Lucullus, o Eufrates como limite entre a Pártia e Roma.
O filho de Tigranes II da Armênia, Tigranes, o Jovem, tentou um golpe contra seu pai e falhou. Fugiu então para Fraates III, convencendo-o a marchar contra a nova capital armênia em Artaxarta. Quando este cerco falhou, Tigranes o Jovem fugiu novamente, desta vez para o comandante romano Pompeu, oferecendo-se como guia através da Armênia, mas quando Tigranes II submeteu-se a Roma como rei cliente, Tigranes o Jovem foi levado para Roma como refém. Fraates III exigiu a liberdade de Tigranes o Jovem, que Pompeu recusou. Em retaliação, Fraates III lançou uma invasão na Corduene (sudeste da Turquia) onde, de acordo com relatos romanos conflitantes, o cônsul romano Lucius Afranius expulsou os Partas, por meios militares ou diplomáticos.
Fraates III foi assassinado por seus filhos, Orodes II da Pártia e Mitrídates III da Pártia, após o que Orodes virou-se contra o irmão que fugiu da Média para a Síria Romana. O pro-cônsul romano na Síria, Aulus Gabibius, marchou em apoio a Mitrídates III mas teve que retornar em ajuda a Ptolomeu XII que enfrentava revolta no Egito. Mesmo sem o apoio romano, Mitrídates III conquistou a Babilônia, cunhando moedas na Selêucia até 54 AC, quando um general de Orodes II, conhecido apenas como Surena, recapturou a Selêucia executando Mitrídates III.
Marcus Licinius Crassus, um dos membros do primeiro triunvirato romano (Cesar, Crassus e Pompeu), agora pro-cônsul da Síria, invadiu a Pártia em 53 AC como atrasado apoio a Mitrídates III. Enquanto seu exército marchava para Carrhae, Orodes II invadiu a Armênia impedindo o apoio de Artavasdes II da Armênia, aliado de Roma, persuadindo Artavasdes a uma aliança de casamento entre Pacorus I da Pártia, príncipe herdeiro, com a sua irmã. Surena, com um exército com inferioridade de quatro para um, lutou e venceu o exército de Crassus, que fugiu para o interior da Armênia. À frente de seu exército, Surena aproximou-se de Crassus para propor uma negociação que Crassus aceitou. Quando montava para o encontro, um oficial seu suspeitou de uma emboscada e segurou as rédeas do seu cavalo, provocando uma súbita luta entre partas e romanos que acabou com a morte de Crassus. Com seu exército, cativos de guerra e um precioso saque, Surena viajou 700 km de volta para Selêucia onde sua vitória foi celebrada. Temendo suas ambições para com o trono Arsácida, Orodes II mandou executar Surena logo em seguida.
Estimulados por sua vitória sobre Crassus, os Partas tentaram capturar territórios romanos na Ásia Ocidental. O príncipe herdeiro Pacorus I, com seu comandante Osaces, atacou a Síria até a Antióquia, em 51 AC, mas foi repelido por Gaius Cassius Longinus que emboscou e matou Osaces. Os Arsácidas se juntaram a Pompeu contra Júlio Cesar (no Primeiro Triunvirato), enviando também tropas para apoiar as forças contra Cesar Augusto na batalha de Philippi, Macedônia, em 42 AC, que selou a vitória do Segundo Triunvirato (Gaio Julio Cesar Octaviano ou Cesar Augusto, Marco Antônio e Marco Emilio Lepido) contra os assassinos de Júlio Cesar, Cassius e Brutus. Após a ocupação da Síria, Pacorus I e seu comandante Barzapharnes invadiram o Levante romano. Subjugaram todos os povoamentos ao longo da costa do Mediterrâneo até Ptolomais (moderna Acre, em Israel), com a exceção do Tiro. Na Judea, as forças judias pró Roma, do alto sacerdote Hircano II, Fasael e Herodes foram derrotadas pelos Partas e seu aliado judeu Antígono II Matatias, mais tarde rei da Judea, enquanto Herodes fugia para sua fortaleza de Massada. A despeito desses sucessos, os Partas logo foram expulsos do Levante por uma contraofensiva romana. Uma força parta na Síria, comandada pelo general Pharnapates, foi derrotada pelo romano Ventidius na batalha de Amanus Pass, causando a retirada de Pacorus I da Síria; quando ele retornou, na primavera de 38 AC, enfrentou Ventidius em nova batalha no nordeste de Antióquia. Pacorus foi morto durante a batalha e suas forças se retiraram para além do Eufrates. Sua morte causou uma crise na sucessão, quando Orodes II escolheu Fraates IV da Pártia como seu novo herdeiro.
Assim que assumiu o trono, Fraates IV eliminou a concorrência ao trono matando e exilando seus próprios irmãos. Um deles, Monaeses, fugiu para Marco Antônio e convenceu-o a invadir a Pártia. Marco Antônio derrotou o aliado da Pártia, Antígono II Matatias, da Judea, em 37 AC, instalando Herodes o Grande, como rei cliente, em seu lugar. No ano seguinte, quando Marco Antônio marchou para Erzurum (extremo leste da Anatólia), Artavasdes II da Armênia, mudou de lado mais uma vez, enviando tropas adicionais para ele. Marco Antônio invadiu a Média Atropatene (o moderno Azerbaijão Iraniano), então governado pelo aliado da Pártia, Artavasdes I da Média Atropatene, com a intenção de capturar sua capital Praaspa. Contudo, Fraates IV emboscou a retaguarda das forças de Marco Antônio causando a retirada do apoio de Artavasdes II às forças de Marco Antônio. Os Partas perseguiram e fustigaram o exército de Marco Antônio em sua retirada para a Armênia, que finalmente conseguiu alcançar a Síria, muito enfraquecido. Através de um ardil que prometia um casamento de aliança, Marco Antônio aprisionou Artavasdes II em 34 AC, enviando-o para Roma e lá executando-o. Posteriormente tentou uma aliança com Artavasdes I da Média Atropatene, cujas relações com Fraates IV haviam recentemente azedado. Tal ideia foi abandonada quando as forças de Artavasdes I se retiraram da Armênia em 33 AC, escapando de uma invasão parta, enquanto seu rival Cesar Augusto atacava suas forças a oeste. Após o suicídio de Marco Antônio no Egito, o aliado da Pártia, Artaxis II reassumiu o trono na Armênia.
Cerca de 26 AC, Tiridates II da Pártia depôs Fraates IV - por curto espaço de tempo -, que rapidamente restabeleceu seu domínio com a ajuda dos nômades da Cítia. Tiridates II fugiu para os romanos levando consigo um dos filhos de Fraates IV. Em 20 AC Fraates IV conseguiu negociar a liberdade de seu filho com os romanos, que receberam em troca os estandartes legionários tomados em Carrhae, em 53 AC, bem como os sobreviventes prisioneiros de guerra, com isso selando uma paz com Roma, já sob Otaviano, agora Cesar Augusto, como primeiro Imperador Romano. Com o príncipe, Augusto também deu a Fraates IV uma escrava italiana que tornou-se mais tarde a rainha Musa da Pártia. Para garantir que seu filho Fraataces herdasse o trono sem incidentes, Musa convenceu Fraates IV a dar seus outros filhos a Augusto como reféns, fato que ele usou como propaganda de submissão da Pártia a Roma, como um de seus grandes feitos. Quando Fraataces assumiu o trono como Fraates V (2 AC a 4 DC), Musa casou com seu próprio filho governando junto com ele. A nobreza parta, desaprovando as relações incestuosas de mãe e filho e a noção de um rei de sangue não Arsácida, obrigou o casal ao exílio em território romano. Seu sucessor, Orodes III, reinou por apenas dois anos e foi sucedido por Vonones I, que tinha adotado maneirismos romanos por sua estada em Roma. A nobreza parta, enfurecida pelas simpatias de Vonones pelos romanos, apoiou um vindicante rival, Artabano III da Pártia (10 a 38 DC), que derrotou Vonones enviando-o para o exílio na Síria Romana.
Durante o reinado de Artabano III, dois irmãos plebeus judeus, Anilai e Asinai, de Nehardea (próxima da moderna Fallujah, Iraque), lideraram uma revolta contra o governador Parta, da Babilônia, derrotando-o e conseguindo de Artabano III o direito de governar a região, com medo de mais revoltas. A esposa Parta de Anilai envenenou Asinai com medo de que ele atacasse seu esposo por ser casado com não judia. A seguir, Anilai envolveu-se em um conflito armado contra um genro de Artabano III, que acabou derrotando-o. Com o regime judeu removido, os babilônios nativos passaram a ameaçar a comunidade judia obrigando-a a emigrar para a Selêucia. Quando esta cidade rebelou-se contra o domínio Parta, em 35-36 DC, os judeus foram novamente expulsos pelos gregos e arameus locais, desta feita para Ctesifonte, Nehardea (cidade da Babilônia próxima do encontro do Eufrates com o Nahr Malka e da moderna Faluja) e Nisibis (antiga Mesopotâmia, hoje moderna Turquia).



[1] As Guerras Sírias foram uma série de seis guerras entre o Império Selêucida e o Reino Ptolomaico do Egito, estados sucessores do Império de Alexandre, o Grande, durante os séculos II e III AC, pela conquista da região da Coele-Síria, uma das poucas rotas para o Egito. Esses conflitos drenaram material e homens de ambas as partes conduzindo às suas eventuais destruições e conquistas por Roma e Pártia.
[2] Eparquia é uma palavra grega que pode ser traduzida como domínio ou jurisdição sobre algo como uma província, prefeitura ou território. No uso secular, a eparquia denotava um distrito administrativo na região do reino Greco-Báctria.
[3] Conhecido em épocas anteriores como Sakastan (terra dos Saka), o Sistan é uma região histórica e geográfica que seria formada pelos atuais Irã oriental, sul do Afeganistão e oeste do Paquistão.
[4] Charakene foi um reino do Império Parta localizado no início do Golfo Pérsico, parte sul do atual Iraque. Sua capital, Charax Spasinou, foi um importante porto para o comércio entre a Mesopotâmia e a Índia, também provendo instalações para a cidade de Susa, mais a montante no rio Karun.
[5] A dinastia Han foi a segunda dinastia imperial da China (201 AC a 220 DC), e seu período é considerado a era de ouro da história chinesa. Até hoje o grupo étnico majoritário da China refere-se a si próprio como o “povo Han” e a china daquela dinastia ficou sendo conhecida como China Han.
[6] Na antiguidade, a Cilícia era a região costeira da Ásia Menor, existindo como entidade política do Reino Armênio da Cilícia, durante o antigo Império Bizantino. Estendendo-se da costa sul da moderna Turquia, a Cilícia avança ao norte e nordeste da ilha de Chipre, correspondendo à moderna região de Çukurova, na Turquia.
Continua com a Parte 5

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