Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

terça-feira, 20 de novembro de 2012

ORIGEM DO NOME DA FAMÍLIA AZAMBUJA


INTRODUÇÃO

Já há muito tempo venho tentando, como amador, naturalmente, montar a árvore genealógica da família Azambuja, sobrenome do meu pai, Carlos Ferreira de Azambuja. Tal tarefa tem, muitas vezes, sido provado muito difícil, quando não impossível, mesmo para profissionais da área. Logo constatei tal fato pessoalmente: muitas vezes as fontes são duvidosas, há muitos erros de transcrição, pessoas muitas vezes adotam o sobrenome sem possuir qualquer laço de consanguinidade com a família – era fato comum, antigamente, até mesmo escravos libertos, em reconhecimento a antigos patrões, adotarem oficialmente o seu sobrenome, assim criando personagens que nada tinham a ver com a família -, determinadas gerações não produzem varões que mantenham o sobrenome de interesse, outros simplesmente declinam do seu sobrenome paterno para adotar o sobrenome da mãe. Enfim, trata-se de empreitada complexa, cuidadosa e, sobretudo, longa, sem qualquer garantia de sucesso. Por essa razão, antes que as dificuldades me tentassem à renúncia do meu objetivo, decidi publicar esta pequena postagem em que apresento as origens do nome “Azambuja” bem com alguns fatos a ele relativos deixando, talvez, para as calendas gregas, não o prosseguimento da minha pesquisa maior, mas possivelmente a sua conclusão.

ORIGEM DO NOME E DESCENDÊNCIA

Parte da Espanha e Portugal na Península Ibérica
A origem da Família Azambuja remonta ao século XII, em Portugal. Em realidade, nessa época, Portugal não era ainda o país tal como o conhecemos hoje, mas apenas um “ex-Condado Portucalense”. Foi no início desse século que o reino de Portugal conseguiu a sua independência em relação ao Reino de Leon (um dos reinos da península Ibérica) e seu primeiro monarca, Dom Afonso Henrique (Afonso I), foi proclamado rei em 1139, de acordo com artigo que já publiquei em fevereiro de 2010, neste mesmo “blog”, sob o título “Breve Histórico das Origens de Portugal”, em três partes.
O sobrenome português “Azambuja” (etimologicamente significando “oliveira brava”, de origem árabe - azzabuja) tem origem local, constituindo-se num daqueles sobrenomes derivados do nome do lugar onde um homem uma vez viveu ou possuiu terras. Neste caso, este sobrenome vem do Município e da Vila de Azambuja, que é a sede do município, com uma população atual de 6.900 habitantes, pertencentes ao Distrito de Lisboa, Portugal.
Lisboa, na foz do Tejo e Azambuja, no centro do mapa
 O Município português de Azambuja é composto por nove freguesias: Alcoentre, Aveiras de Baixo, Aveiras de Cima, Azambuja, Maçussa, Manique do Intendente, Vale do Paraíso, Vila Nova da Rainha e Vila Nova de São Pedro, cujas localizações podem ser vistas no mapa. Em termos demográficos, a população do município era, em 1991, de 19.600 residentes para uma área geográfica de 262 km2; e a variação da população residente, entre 1960 e 1991, foi de 7%. A Vila de Azambuja é situada na bacia hidrográfica do rio Tejo, que deságua logo a jusante no Oceano Atlântico, a nordeste de Lisboa e a sudeste de Santarém.
A região de Azambuja foi conquistada pelo primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henrique, que governou do ano 1140 ao ano 1185, após árdua batalha em companhia dos Cavaleiros da Ordem de Cristo, anteriormente denominados Cavaleiros Templários, com o objetivo de expulsar os Árabes, na época Mouros, dessa região, já que ocuparam por séculos toda a Península Ibérica. Como recompensa, essa região foi doada ao nobre cruzado-cavaleiro D. Childe Rolim, que tornou-se seu primeiro senhor, sem lhe adotar o nome (Senhor de Azambuja). Sua filha Maria Rolim, casada com Gonzalo Fernandes de Tavares, batizou seu primeiro filho como Fernão Gonçalves de Azambuja, sendo este o primeiro descendente a levar o sobrenome Azambuja.
Nove freguesias de Azambuja
D. Sancho I, que sucedeu no trono a seu pai, Afonso I, em 1185, concedeu-lhe a carta de foral (carta de lei que regulava a administração de uma cidade) e mandou repovoá-la em 1200. Muitos anos mais tarde, em 1513, D. Manuel atribuiu-lhe novo foral.
Portanto, Fernão Gonçalves de Azambuja era filho de Gonzalo Fernandes de Tavares e sua esposa Dona Maria Rolim, Senhora de Azambuja e filha de Childe Rolim, primeiro lorde da cidade de Rolim, um título que lhe foi outorgado pelo Rei Sancho I, em 1200.
Os membros da família Azambuja são descendentes diretos de Fernão Gonçalves de Azambuja, que foi a primeira pessoa a ser assim chamada, uma vez que foi o primeiro lorde da cidade (no Reino Unido chama-se, até hoje, de “landlord”, o proprietário de alguma terra no campo, ou casa na cidade) com este nome. Na nomenclatura portuguesa, ele teria sido o primeiro Alcaide-Mor da cidade.
Bandeira Vila Azambuja
 Fernão Gonçalves de Azambuja foi designado Alcaide-Mor da cidade de Azambuja, por morte de seu avô, D. Rolim, e casou-se com Dona Ouruana Godins, filha de Don Godinho de Pousada e sua esposa, Dona Santa Pires. Tiveram três filhos: Rui Fernandes Rolim, Tareja Fernandes e Urraca Fernandes.
Rui Fernandes Rolim, também senhor de Azambuja, foi casado com Elvira Esteves de Avelar e teve com ela quatro filhos: Pedro Rodrigues Rolim, senhor de Azambuja, Paio Rodrigues de Azambuja, Estevão Rodrigues de Azambuja (alcaide-mor de Azambuja) e João Rodrigues de Azambuja.
Pedro Rodrigues de Azambuja casou-se com Teresa Rodrigues de Nóbrega e tiveram o filho Gonçalves Rodrigues de Azambuja. Este casou-se com Leonor Esteves e deles nasceu Leonor Gonçalves.
Estevão Rodrigues de Azambuja teve dois filhos: João Esteves de Azambuja e Afonso Esteves de Azambuja. A partir daí, os nomes se perdem na poeira do tempo. Mais tarde temos notícias de que a família Azambuja costumava acompanhar os monarcas portugueses desde o século XIV. Por exemplo, João Rodrigues de Azambuja e seu sobrinho Gonçalo Rodrigues seriam próximos de Afonso IV. Essas notícias informam também que a família Azambuja insere-se num grupo mediano dentro da nobreza da Corte, situado numa posição hierarquicamente inferior a de famílias mais influentes no período medieval, como os Sousas, os Meneses ou os Pachecos, entre outras.
Brazão Vila Azambuja
 O primeiro Azambuja a chegar ao Brasil, em 1683, chamava-se Manoel de Azambuja e veio para o começo de uma nova vida, uma nova geração, a origem de uma família que chegava ao Brasil.
Em 1732, Francisco Xavier Azambuja, filho de Manoel de Azambuja, iniciou uma geração de pioneiros que fez história na criação e revolução do Estado do Rio Grande do Sul, tornando-se a maior geração de descendentes de Azambuja.
A segunda maior geração dos Azambuja encontra-se em Minas Gerais e é formada por descendentes de João Ribeiro Azambuja, que saiu do Rio Grande do Sul por volta de 1760, espalhando-se pelo Triângulo Mineiro, Campo Formoso e Campo Florido.
Cerca de dois séculos após o primeiro Azambuja chegar ao Brasil, por volta de 1870, seus descendentes chegavam à terra do Pantanal Mato-grossense. Após a guerra do Paraguai, cinco gerações de doze irmãos dos Ribeiro Azambuja saíram do Triângulo Mineiro e chegaram à terra do Pantanal. Mais precisamente na região de Três Lagoas e Campo Grande (Garcia Azambuja); Ponta Porã e Itahum (Lopes Azambuja); Dourados (Luiz Azambuja); Maracajú (Ferreira Azambuja); Aquidauana (os gaúchos Azambuja).
Pelourinho de Azambuja
 Essa tornou-se a terceira maior geração de Azambuja. Uma geração de desbravadores, de criadores de gado, de educadores, de políticos, de profissionais liberais; de uma forma ou de outra, gente realizada.
Outras referências ao sobrenome Azambuja, incluem o batizado de uma Maria Azambuja (por acaso o nome de minha mãe), filha de Diniz Augusto de Azambuja e Brazilia da Silva P. Azambuja, que foi celebrado em Santa Efigênia, São Paulo, Brasil, em 10 de fevereiro de 1858. Joaquim Azambuja, seu irmão, foi batizado na mesma igreja, em 14 de abril de 1861.

AZAMBUJAS MAIS CONHECIDOS

Do fundador da família Azambuja, Fernão Gonçalves de Azambuja, resultaram portadores notáveis do sobrenome, que incluem, entre outros, o explorador e colonizador Diogo de Azambuja (1432–1518), o teólogo português Jerónimo de Azambuja, que morreu em 1563, e o escritor e genealogista José Gomes Amado de Azambuja.
Diogo de Azambuja, explorador da costa africana, liderou uma expedição à Costa do Ouro, com Bartolomeu Dias, em 1481 e morreu após essa viagem, seguindo fortes pelejas com sua saúde mental, com a idade de 86 anos. Deixou seu nome registrado na história de Portugal, chegando a ser mencionado por Pedro Álvares Cabral no livro “Nau Capitânia”, escrito por Walter Galvani.
O Padre Mestre Frei Jerónimo da Azambuja, da Ordem dos Dominicanos, professou no Convento de Santa Maria da Vitória da Batalha, a partir de 6 de Outubro de 1520, do qual foi, posteriormente, eleito prior. Tinha amplos conhecimentos de Teologia Escolástica e pleno domínio das línguas hebraica e grega. Foi embaixador régio no Concílio de Trento, no final do ano de 1545, com outros dois religiosos da mesma ordem. Dos seus escritos, só uma pequena parte se publicou, em comparação com o que escreveu durante toda a sua vida. Do convento serviu no Tribunal do Santo Ofício, em Lisboa, por ordem do Cardeal Infante, mas voltou mais tarde como provincial, em 1560.
General Estácio Azambuja
 Mais recentemente, no Estado do Rio Grande do Sul, surge o nome do chefe revolucionário Estácio Azambuja. Nascido em Camaquã a 18 de dezembro de 1860, muito cedo fixou residência em Bagé, onde permaneceu até a sua morte em 9 de abril de 1938. Durante a chamada “Velha República” (1889 – 1930), distinguiu-se pela efetiva participação nos movimentos armados que fizeram tremer o solo gaúcho. Na Revolução Federalista de 1893 esteve ao lado de Joca Tavares; na Revolução de 1923, contra Borges de Medeiros, organizou sua própria força, constituída, basicamente, por familiares e jovens de Bagé. Em todas as oportunidades mostrou energia e bravura exemplares, mostrando lealdade e escrúpulos que o notabilizaram pelo respeito dedicado à vida e aos bens dos adversários enfrentados.
Mais modernamente, surge o nome de Darcy Pereira de Azambuja, jurista, escritor, historiador e professor gaúcho. Nascido em Encruzilhada do Sul em 26 de agosto de 1903, era filho de Ignácio Soares de Azambuja e de Maria Josefa Pereira de Azambuja. Cursou o ensino primário na Escola do Prof. Inácio Montanha e, posteriormente, foi para o Colégio Militar, onde concluiu o curso de Agrimensura, em 1921. Em 11 de maio de 1927, fez-se bacharel em Direito pela Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, mesmo ano em que foi nomeado para a 4ª Promotoria Pública da Capital, a partir da qual exerceu vários cargos públicos na área jurídica. Foi professor da Faculdade de Direito de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde lecionou um sem número de disciplinas, nos cursos de Direito, Ciências Sociais e Políticas, Jornalismo, Português, Letras Clássicas, Letras Neo-Latinas e Letras Anglo-Germânicas.
Darcy Azambuja
Foi membro do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil – RS, membro do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e membro da Academia Rio-Grandense de Letras. Recebeu o título honorífico de Comendador da Ordem da Coroa da Itália, concedido pelo Rei Vittoro Emmanuelli III (1937) e o de Officier d’Académie, concedido pelo Ministério da Educação da França (1948). Publicou vários livros, entre eles a obra jurídica “A Teoria Geral do Estado” e o livro de contos “No Galpão”. Este último obteve para Darcy Azambuja, em 1925, o primeiro prêmio de contos, instituído pela Academia Brasileira de Letras, além de ser apontado entre as coisas mais significativas já escritas sobre o Rio Grande.
De Darcy Pereira de Azambuja, diz Celso Pedro Luft, professor, gramático, filólogo, lingüista e dicionarista gaúcho: ‘Com os contos de “No Galpão”, retomou, com êxito, os caminhos da ficção gauchesca de categoria literária, trilhados por Simões Lopes Neto. O mesmo realismo seleto, com a observação do pormenor característico, a narrativa movimentada, o diálogo fidedigno. É a fronteira gaúcha com suas tradições, seus aspectos rústicos; a vulgaridade e a grandeza contrastante do campeiro, suas bravatas e heroísmos...’.
Darcy Pereira de Azambuja faleceu em Porto Alegre, em 14 de março de 1970.
Brasão de Armas da Família Azambuja
A Família Azambuja, com muita garra, venceu barreiras e obstáculos. Em 11 de janeiro de 2008, no Mato Grosso do Sul, foi fundada a AFA - Associação da Família Azambuja -, com o objetivo de unir seus descendentes, dando prosseguimento às tradições e resgatando sua historia.
 As armas, abaixo descritas, foram outorgadas à família, ostentando o nome Azambuja, cujo status de nobreza foi confirmado pela Corte Portuguesa.
O Brasão de Armas é subdividido em quadrantes. O primeiro e quarto possuem, sobre fundo vermelho, um castelo de três torres em azul celeste claro, sendo a torre do meio a mais alta; o segundo e o terceiro quadrantes com quatro bandas vermelhas sobre fundo dourado. O Coroamento traz um castelo, como nas armas.
Evidentemente, minha pesquisa não acaba aqui, pois essa é apenas a origem do nome Azambuja e a sua ligação com a lusitana terrinha natal. Continuamos levantando a genealogia dos Azambuja e um dia, quem sabe, conseguiremos mostrar a quem interessar possa, a completa saga dos Azambuja. Então, nos encontraremos novamente...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ATUAL ESTADO BRASILEIRO: PARAFERNÁLIA IMPRODUTIVA E INEFICIENTE

De uma só tacada, do começo ao fim, li, durante o fim de semana, o livro "Carregando o Elefante", dos autores Alexandre Ostrowiecki e Renato Feder. Graças aos Céus, minhas esperanças renascem ao tomar conhecimento de que ainda há no Brasil jovens como esses, com discernimento suficiente para, inicialmente, se indignar com a atual situação do Estado Brasileiro, expor tal situação ao público e, finalmente, propor drásticas modificações para reverter tal situação. O livro é tão arrojado que traz como subtítulo: "Como transformar o Brasil no país mais rico do mundo".
Os autores do livro expõem, de forma absolutamente cristalina, a situação verdadeiramente caótica em que se encontra a nação, no que se refere à organização dos seus poderes e aos sistemas institucionais vigentes, como o tributário, o educacional, o previdenciário, o jurídico, o político-partidário, sem deixar de fora nem mesmo a famosa "Constituição Redentora de 1988", perfeita, segundo a cabeça dos que a elaboraram naquele passado nem tão remoto, consideradas então as grandes inteligências do Brasil. Toda a ineficácia presente é apresentada de forma tão clara, precisa e transparente, que parece ser coisa muito fácil de descrever. Entretanto,a imensa maioria da população brasileira, aí incluídas as sumidades intelectuais da Nação, os homens com poder de expor ao mundo essas barbaridades ou de modificá-las para transformar o Brasil numa grande nação, desconhece ou finge desconhecer o atual e inoperante paradigma vigente, num comodismo ou interesse simplesmente inacreditáveis. O caos institucional vigente no Brasil é apresentado de uma forma tão simples que, comparado ao que acontece em outros países do mundo, a gente se põe a pensar como é que a catástrofe nacional, que já é feia, não é ainda muito pior. Os exemplos apresentados são tremendamente constrangedores e fazem, seguidas vezes, o leitor se sentir envergonhado do que poderíamos ser chamados uma "republiqueta de segunda classe". Muitas vezes, durante a leitura, lembrei-me de um tio que dizia, quando eu era ainda jovem: "Os políticos do Brasil fazem absolutamente de tudo para destruí-lo, mas malgrado os seus esforços, não o conseguem; deve mesmo ser um grande país!"

Capa do Livro "Carregando o Elefante"
 Além de apresentar as coisas erradas, verdadeiras aberrações, os autores vão além e apresentam propostas de modificação de maneira a sanar os problemas e reverter o processo de autodestruição. São propostas totalmente justificadas, concretas, factíveis e simples de serem implantadas, de forma que qualquer leigo pode lê-las e entendê-las com facilidade. Eu não diria que algumas não sejam radicais e mesmo chocantes, mas mesmo assim sendo, são facilmente entendíveis e podem ser assimiladas. É preciso que se diga, até para justificar alguns elementos apresentados, que o livro possui Copyright de 2007-2008 por Alexandre Ostrowiecki, Renato Feder e Leopardo Editora, o que significa que nasceu antes dessa data. Por essa razão, os autores mencionam, mais de uma vez, alguns poucos fatos que já foram alterados para melhor e outros tantos que se encontram em situação ainda pior do que se encontravam à época.
Eu me encontrava próximo do final da leitura, quando comecei a pensar que ficariam faltando sugestões dos autores, para que o homem comum do povo pudesse, enxergando a situação calamitosa do Brasil e tendo em mãos as propostas para mudar para o melhor, exercer de uma forma mais ativa o seu pleno direito de cidadão, pressionando os poderes executivos, legislativo e judiciário no sentido de praticar as reformas necessários para uma mudança benéfica de suas instituições, com melhorias substanciais ao povo brasileiro. Pois bem, nem isso faltou e as tais sugestões lá aparecem ao final, em forma de recomendações sobre como agir na reunião de grupos interessados, envio de cartas a congressistas além de outras alternativas.
Tive o prazer de manter troca de correspondência com os dois autores do livro, para tecer alguns comentários bem como solicitar sua autorização para a sua apresentação, em meu blog, com o que ambos gentilmente concordaram. Aproveito a oportunidade para aqui colocar o resumo de suas principais propostas. Como essas propostas estão aqui sendo colocadas isoladamente, sem a leitura prévia de seus comentários sobre a situação atualmente vigente no Brasil, é preciso que o leitor tenha cuidado redobrado em sua leitura para que não haja risco de má interpretação.

Resumo das principais propostas

Constituição: Documento curto que determine as quatro tarefas fundamentais do Estado:

1.Garantir as liberdades individuais;
 
2.Manter a ordem;
 
3.Proteger as pessoas contra a miséria absoluta;
 
4.Garantir que as crianças estudem;
 
Eleições: Implantar voto distrital, dividindo o Brasil em cem distritos.Cada candidato concorre somente no seu distrito. Implantar financiamento público de campanha. Eliminar a figura do suplente.
Estrutura do poder público: Continua dividida em três poderes, executivo, legislativo e judiciário.

Poder executivo
: Deve ser enxugado, permanecendo os Ministérios da Casa Civil, Justiça, Cidades, Defesa, Fazenda, Meio Ambiente, Social e Relações Exteriores. Reduzir o quadro de funcionários
de cada um desses ministérios e reajustar salários aos níveis da iniciativa privada. Eliminar a estabilidade de emprego.
 
Poder legislativo: Abolir o Senado. Câmara dos Deputados deve ter seu número reduzido em 80%. Eliminar a maior parte dos assessores parlamentares e das verbas de gabinete.
 
Poder judiciário: Privatizar as áreas administrativas e consolidar os diversos tribunais em apenas três. Simplificar a legislação. Conscientizar os juízes a decidir com base na lei e não em questões sociais.
Níveis do poder público: Manter níveis federal e municipal; abolir os governos estaduais.
Prefeituras municipais: Consolidar pequenos municípios para que tenham no mínimo 300.000 habitantes. Dividir o Brasil em 100 Municípios. Município ficará responsável pelas seguintes atividades: polícia, assistência social, planejamento urbano e manutenção das ruas municipais.
Governos estaduais: Abolir todos.
Governo federal: Cuidará dos seguintes assuntos: Exército, polícia federal e regulamentação dos setores econômicos.
Forças armadas: Reduzir fortemente o contingente. Concentrar recursos em vigilância eletrônica de
fronteiras.

Polícia: Unificar todas as polícias em três grupos: municipal, federal e corregedoria. Aumentar os salários dos profissionais, alterar a jornada de trabalho para que se assemelhe à jornada comum e realizar campanha de valorização dos bons policiais.
Legislação penal: Restringir os regimes de progressão de pena. Eliminar os indultos. Contornar a questão da maioridade penal, fazendo com que criminosos perigosos fiquem presos por um longo período, independentemente da idade.
Cadeias: Privatizar todas as cadeias atuais, sendo que o Estado paga um valor por preso à empresa proprietária. Licitar imediatamente mais 400.000 vagas. Criar uma agência para fiscalizar e regular os presídios. Implantar um sistema de trabalho remunerado na prisão, em que os presos recebem 50% do salário e a empresa proprietária da cadeia recebe outros 50%. Aplicar penas alternativas para crimes leves.
Drogas: Legalizar todas as drogas hoje proibidas, desde que sejam consumidas em locais pré-determinados e seja proibido fazer propaganda.

Empresas estatais: Privatizar todas, como Correios, Petrobrás e BancodoBrasil

Agências reguladoras: Ampliar os recursos e a atuação das agências.
Agência Nacional Anticorrupção: Criar a agência para investigar os políticos e funcionários públicos corruptos. Completamente independente, o diretor da agência é indicado pelo partido líder da oposição, enquanto o secretário é indicado pelo presidente da República no momento que este sai do poder e acompanha todo o mandato do sucessor.
Assistência social: Instituição ligada ao município. Transfere recursos diretamente às famílias que comprovar em dificuldades financeiras. O auxílio é dado em caráter temporário, vai diminuindo com o tempo e está atrelado ao fato de a família comprovar pagamento de estudo dos filhos e plano de saúde familiar. Dinheiro é fiscalizado pelo governo federal.
 
Educação: Privatizar todas as escolas e universidades públicas, implantando o sistema de vouchers. Para cada aluno matriculado em ensino fundamental, o governo paga uma bolsa diretamente à escola. Cada escola pode optar se receberá apenas a verba do governo ou se cobrará uma taxa extra.
Saúde: Privatizar todos os hospitais e postos de saúde do governo. Cada pessoa deverá escolher um plano de saúde e usá-lo para satisfazer suas necessidades de saúde. A assistência social paga os planos das famílias que comprovarem incapacidade de pagamento.

Previdência social: Somar o que cada cidadão já pagou à assistência social e emitir título de dívida pública referente àquele valor. Abolir completamente a previdência, tanto a do setor público quanto a do setor privado. Cada pessoa decide se quer ou não realizar plano privado de previdência social.
Reforma fiscal: Todos os tributos, as taxas e os impostos devem ser eliminados. Deve permanecer
apenas o imposto de renda, o imposto sobre a venda de produtos nocivos à sociedade e a tarifa de
importação nos casos de práticas desleais de concorrência internacional.
Reforma trabalhista: Eliminar todos os encargos trabalhistas atuais. Liberalizar as negociações de salário. Forçar os magistrados a defender os acordos contratados e não defender incondicionalmente os empregados.

Faço a propaganda do livro, de alma lavada, sem qualquer tipo de comprometimento. Recomendo o trabalho como cidadão brasileiro consciente, que tem o dever de divulgar tudo aquilo que pode ajudar a melhorar as condições de vida dos brasileiros e a saúde da própria nação. Eu chamo a isso Patriotismo e não outras coisinhas que andam por aí.
Finalmente, para satisfação geral dos que dizem não ler por falta de recursos financeiros, já que os livros brasileiros são de fato caros, informo que o livro "Carregando o Elefante" pode ser baixado gratuitamente da rede, através do site http://www.carregandooelefante.com.br/download.html, sem qualquer custo. Pronto, agora não há mais desculpas para não ler e ajudar o Brasil a melhorar.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

THE GREAT AMERICAN SONGBOOK


INTRODUÇÃO

Recentemente, realizando uma pequena pesquisa sobre uma antiga melodia americana, deparei-me com a expressão “The Great American Songbook”. Já havia visto esse nome antes, várias vezes, e, intuitivamente, vislumbrado o seu significado, mas nunca me havia dado ao trabalho de buscar o seu real conceito ou expressão. Decidi então sair atrás do seu real significado e encontrei muito mais do que isso. Uma longínqua reminiscência, mansamente, começou a apoderar-se de mim e entendi muito da razão porque eu sempre senti uma espécie de saudade de uma vida que eu nunca vivi. Comecei a entender porque eu não conseguia ouvir certas músicas antigas americanas sem me lembrar de um dos locais onde morei, quando ainda criança, pelos idos de 1947: uma pequena “Pensão Viaduto”, localizada no centro da cidade de Porto Alegre, ao pé do Viaduto Otávio Rocha, na esquina da Avenida Borges de Medeiros com a rua Jerônimo Coelho. Se subíssemos a rua Jerônimo Coelho, dessa esquina, em direção à Praça da Matriz e Teatro São Pedro, passando ambos, encontraríamos o antigo Auditório Araújo Viana, palco de concertos sem fim, interpretados por bandas de todos os tipos e grandezas e franqueado a todos os que apreciavam a boa música.
Pois bem, numa época em que nem sequer se cogitava da ideia de um “mundo globalizado” e muito menos de um “You Tube”, as músicas vindas dos Estados Unidos demandavam um enorme tempo para chegar até nós e, muito possivelmente, cairiam no nosso conhecimento através da execução por orquestras ou bandas, antes de serem escutadas em discos de vinil de 78 r.p.m. Assim, no Auditório Araújo Viana, apesar de minha tenra idade, podia apreciar a execução daquelas maravilhosas canções americanas das décadas de 1930 e posteriores, tão apreciadas dos meus pais. E foi assim que, meio sem querer e sem saber, travei conhecimento com aquilo que viria a ser chamado, anos depois, “The Great American Songbook”. Mas vamos começar a história pelo seu início ...

O CONCEITO

Os anos que vão de 1920 a 1960 representaram um período único na história da música popular americana. Foi um período que viu o advento de um novo tipo de composição, totalmente original em alguns aspectos, mas enraizado nas estruturas simples da era “Tin Pan Alley”[1], que o havia precedido, e fortemente influenciado pela forma musical nascente conhecida como “Jazz” (e pelos precursores do jazz, “ragtime” e “blues”). Mormente composta para shows da Broadway e musicais de Hollywood, eleita e interpretada por cantores e músicos de todas as espécies, gravada em disco e transmitida pelo rádio, esse estilo de composição rapidamente ganhou as boas graças da maioria da audiência ouvinte. Essa era se encerraria com a chegada do “rock’n’roll” ao final da década de 1950 e com a “beatlemania”, poucos anos depois.
O “Great American Songbook” - em português, o “Grande Livro Americano de Canções”, que seguiremos chamando pelo seu título original, em inglês -, também conhecido por “Clássicos Populares”, é um conceito hipotético que busca representar as melhores canções americanas do período que vai de 1920 a 1960, principalmente dos teatros e palcos da Broadway e cenários dos musicais de Hollywood, que incluem um grande número de músicas de permanente popularidade. Tornou-se, e permanece até hoje, uma parte vital do repertório de músicos de “jazz”, que descrevem tais canções, simplesmente, como “padrões ou clássicos do jazz”.
Em um estudo do catálogo “American Popular Song: The Great Innovators, 1900-1950”, de 1972, o compositor e crítico Alec Wilder criou uma lista de artistas que ele cria pertencer ao “Great American Song Book”, bem como a sua classificação sobre o trabalho relativo deles. Ele próprio um compositor, a ênfase primária de Wilder recaiu sobre a análise dos compositores e seus esforços criativos.
Alec Wilder, iniciador do "Great American Songbook"
 Assim, Wilder devota capítulos inteiros a somente seis artistas: Jerome Kern, Irving Berlin, George Gershwin, Richard Rodgers, Cole Porter e Harold Arlen. Vincent Youmans e Arthur Schwartz repartem outro capítulo; Burton Lane, Hugh Martin e Vernon Duke compartilham outro. Wilder produz um capítulo que cobre os compositores que ele creu serem “Os Grandes Artífices”: Hoagy Camichael, Walter Donaldson, Harry Warren, Isham Jones, Jimmy McHugh, Duke Ellington, Fred Ahlert, Richard A. Whiting, Ray Noble, John Green, Rube Bloom and Jimmy Van Heusen. E conclui com um capítulo tipo caixa, de 67 páginas, intitulado “Relevantes Canções Inviduais: 1920 a 1950”, que inclui outras canções individuais por ele consideradas memoráveis.
O “Great American Songbook”, é um corpo “sui generis” de trabalhos musicais que, coletivamente, representam um dos reais tesouros culturais da América e ilustram o que há de melhor na composição popular, com letras vívidas e cultas, harmonias elusivas e melodias suntuosas, que surgiram para ocupar um lugar de destaque na cultura americana e ao redor do mundo.
A maioria das composições do “Great American Songbook” foi escrita para locais específicos em shows, filmes, atos peculiares ou revistas. Foram produto de compositores e letristas profissionais trabalhando em seus ofícios. Quando um roteiro chamava por uma exposição de certos humores ou sentimentos, os compositores atendiam. Nas mãos de um cantor competente como Billie Holiday ou Frank Sinatra, ou um músico como Louis Armstrong ou Miles Davis, os Clássicos servem como uma espécie de tesauro do espectro das emoções humanas, ainda provocando profunda e verdadeira reação até os dias de hoje.
É difícil dizer se compositores da segunda metade do século XX se ajustariam ao Great American Songbook. Para muitos, a sua era teria terminado com o advento do “rock-and-roll; Wider a encerra com o ano de 1950.

[1] Tin Pan Alley (Beco Tin Pan) é o nome dado ao agrupamento de compositores e editores de música de New York, que dominavam a música popular dos EUA, entre o final do século XIX e o início do século XX. Originalmente, o nome referia-se a um local específico: West 28th Street, entre a Quinta e a Sexta Avenidas, em Manhattan.

COMPOSITORES E CANÇÕES

Não existe uma lista definitiva de músicos e letristas cujos trabalhos constituem “The Great American Songbook”, nem é minha intenção aqui arrolar todos os que foram considerados. Apenas gostaria, como uma homenagem de reconhecimento, listar alguns dos compositores mais conhecidos, com suas canções mais ouvidas em todo mundo, para dar o devido crédito aos responsáveis por composições de cerca de um século atrás, que continuam sendo tocadas e admiradas, enquanto seus autores, na maior parte dos casos, permanecem no mais completo anonimato. Quem não ouviu ou cantarolou, incluindo gente das gerações mais jovens, algumas ou todas as melodias que seguem, com os seus respectivos autores e letristas, basta clicar para seguir o “link”, pois realmente vale à pena. E deliciem-se!

The Way You Look Tonight” (Jerome Kern & Dorothy Fields); “Long Ago and Far Away” (Jerome Kern & Ira Gershwin); “All the Things You Are” e “The Song Is You” (Jerome Kern & Oscar Hammerstein II); “Smoke Gets in Your Eyes” (Jerome Kern & Otto Harbach).
Jerome Kern, autor de "Smoke Gets in Your Eyes"


“Someone to Watch Over Me”, “’S Wonderful”, “Summertime”, “But Not ForMe”, “Embraceable You”, “The Man I Love”, “They Can't Take That Away from Me” (George Gershwin & Ira Gershwin).

“Younger than Springtime”, “If I Loved You”, “Some Enchanted Evening”, “My Favorite Things”, “Something Wonderful”, “Climb Every Mountain”, “Edelweiss”, “The Sound Of Music”, “A Wonderful Guy” (Richard Rodgers & Oscar Hammerstein).

Bewitched, Bothered and Bewildered”, “With A Song In My Heart”, “My Funny Valentine”, “Blue Moon”, “Manhattan”, “The Lady Is a Tramp”, “Lover”, “Isn't It Romantic?” (Richard Rodgers & Lorenz Hart).

Night and Day”, “I've Got You Under My Skin”, “Begin the Beguine”, “Let's Do It, Let's Fall in Love (Let's Do It)”, “Just One of Those Things”, “I Get a Kick Out of You”, “Ev'ry Time We Say Goodbye”, “In the Still of the Night”, “I Concentrate on You”, “You Do Something to Me” (Cole Porter).
George Gershwin morto em 1937 aos 38 anos

"How Deep Is the Ocean", "White Christmas", "Always", "Blue Skies", "Cheek to Cheek" (Irving Berlin).

Tea For Two” (Vincent Youmans & Irving Caesar).

Dancing in the Dark” (Arthur Schwartz and Howard Dietz).

Stardust” (Hoagy Carmichael & Mitchell Parish), “Georgia on My Mind” (Hoagy Carmichael & Stuart Gorrell), “The Nearness of You” (Hoagy Carmichael & Ned Washington).

My Blue Heaven” (Walter Donaldson & George A. Whiting), “Love Me Or Leave Me” (Walter Donaldson & Gus Kahn).

“At Last”, “The More I See You”, “You'll Never Know” (Harry Warren & Mack Gordon), “An Affair To Remember” (Harry Warren, Leo McCarey & Harold Adamson), “I Only Have Eyes For You” (Harry Warren & Al Dubin), “That's Amore” (Harry Warren & Jack Brooks).
Ira Gershwin, irmão parceiro de George

“It Had to Be You”, “I'll See You in My Dreams(Isham Jones & Gus Kahn).

“I'm in the Mood for Love”, “On the Sunny Side of the Street” (Jimmy McHugh & Dorothy Fields).

Beyond the Blue Horizon” (Richard A. Whiting, W. F. Harling & Leo Robin).

All the Way”, “Love Is The Tender Trap”, (Jimmy Van Heusen & Sammy Cahn), “Swinging on a Star”, (Jimmy Van Heusen & Johnny Burke).

Over the Rainbow” (Harold Arlen & E.Y. Harburg), “Stormy Weather”, “I've Got the World on a String”, “Let's Fall in Love” (Harold Arlen & Ted Koehler); “That Old Black Magic” (Harold Arlen & Johnny Mercer).
Richard Rodgers: "Ao Sul do Pacífico"

Paradise” (Nacio Herb Brown & Gordon Clifford), “Singin' in the Rain”, “Temptation” (Nacio Herb Brown & Arthur Freed).

I'll Be Seeing You” (Sammy Fain & Irving Kahal), “Love Is a Many-Splendored Thing”, “April Love”, “Tender is the Night” (Sammy Fain & P. F. Webster).

Bye Bye Blackbird” (Ray Henderson & Mort Dixon).




Who's Sorry Now?” (Ted Snyder, Harry Ruby & Bert Kalmar), “A Kiss to Build a Dream On” (Harry Ruby, Bert Kalmar & Oscar Hammerstein II).
Cole Porter: "Night and Day" e "Begin the Beguine"

“Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!” (Jule Styne & Sammy Cahn), “People” (Jule Styne & Bob Merrill).

“Happy Days Are Here Again” (Milton Ager & Jack Yellen).

Stella by Starlight”, “Love Letters”, “My Foolish Heart” (Victor Young & Ned Washington), “When I Fall in Love” (Victor Young & Edward Heyman), “Around theWorld” (Victor Young).

“Something's Gotta Give” (Johnny Mercer), “Moon River”, “Days of Wine and Roses” (Johnny Mercer & Henry Mancini), “Laura” (David Raksin & Johnny Mercer).

INTÉRPRETES

Desde a década de 1930, vários cantores têm gravado ou interpretado grandes partes do “Great American Songbook”. Lee Wiley esteve entre os primeiros a gravar coleções de um compositor ou equipe de composição específicos, começando por George Gershwin e Ira Gershwin (1939), seguido por Cole Porter (1940), Richard Rodgers e Lorenz Hart (1940), Harold Arlen (1943), Irving Berlin (1951) e Vincent Youmans (1951).
Irving Berlin: a imortal "White Christmas"
A popular e influente série “Songbook” de Ella Fitzgerald, editada pela Verve, nas décadas de 1950 e 1960, reuniu 252 canções do “Songbook”. Essas oito coleções prestaram tributo a Cole Porter (1956), Richard Rodgers e Lorenz Hart (1956), Duke Ellington (1957), Irving Berlin (1958), George Gershwin e Ira Gershwin (1959), Harold Arlen (1961), Jerome Kern (1963) e Johnny Mercer (1964).
Outros intérpretes influentes do “Great American Songbook”, mais antigos, incluem Fred Astaire, Tony Bennett, Rosemary Clooney, Nat King Cole, Perry Como, Bing Crosby, Vic Damone, Bobby Darin, Sammy Davis Jr., Doris Day, Billy Eckstine, Helen Forrest, Judy Garland, Eydie Gorme, Billie Holiday, Louis Armstrong, Lena Horne, Al Jolson, Frankie Laine, Julie London, Dean Martin, Johnny Mathis, Dinah Shore, Frank Sinatra, Jo Stafford, Barbra Streisand, Sarah Vaughan, Dinah Washington, Andy Williams e Nancy Wilson.
Pelas várias últimas décadas, tem havido um reflorescimento do “Songbook” por artistas contemporâneos. Em 1970, Ringo Starr lançou “Sentimental Journey”, um álbum de 12 clássicos arranjados por vários músicos. Em 1973, o cantor e compositor Harry Nilsson, vencedor do Grammy, lançou um álbum de 12 clássicos, muito bem recebido pela crítica, “A Little Touch of Schmilsson in the Night”, arranjado por Gordon Jenkins. O álbum foi reeditado em CD, em 1988, com um total de 18 clássicos cantados por Nilsson. No mesmo ano de 1973, Bryan Ferry, da famosa Roxy Music, lançou “These Foolish Things” e, subsequentemente, gravou vários álbuns do mesmo tipo. Em 1978, o cantor “country” Willie Nelson lançou uma coleção de clássicos populares compostos por notáveis como Hoagy Carmichael, George Gershwin e Irving Berlin, intitulado “Stardust”. Foi um lançamento considerado muito arriscado, à época, mas mostrou-se, talvez, seu álbum mais duradouro.
Victor Young: "Volta ao Mundo em 80 Dias"
Em 1983, a popular vocalista de rock, Linda Ronstadt lançou “What’s New”, o seu primeiro de uma trilogia de álbuns de clássicos. Sobre ele, escreveu Stephen Holden, do New York Times:
What’s New” não é o primeiro álbum de um cantor de rock a prestar tributo à idade de ouro do pop, mas é ... a melhor e mais séria tentativa para reabilitar uma ideia de pop que a Beatlemania e o marketing de massa dos LP’s de rock para teenagers desfizeram durante os anos 1960. Durante a década anterior à Beatlemania, a maioria dos grandes cantores de bandas e “crooners” das décadas de 1940 e 1950 codificaram meio século de clássicos do pop americano em um sem número de álbuns, muitos dos quais permanecem agora esgotados.”
Em 1991, Natalie Cole lançou um álbum de enorme sucesso chamado “Unforgettable ... with Love”, que desovou o “Top 40” sucesso “Unforgettable”, num dueto virtual com seu pai Nat King Cole. Os álbuns que se seguiram, como “Take a Look”, também tiveram muito sucesso.
Desde meados da década de 1980, vocalistas como Diana Krall, Michael Bublé, Michael Feinstein e outros menos conhecidos no Brasil, tornaram-se notáveis intérpretes do “Songbook” através de suas carreiras, particularmente o último, que tornou-se um dedicado patrocinador, arquivista, propagador e preservador do material, desde os últimos anos da década de 1970. Iniciando em 2002, Rod Stewart, de cujas interpretações sou particular admirador, tem devotado uma série de álbuns de estúdio a intérpretes do “Songbook”, tendo mesmo usado, explicitamente, o nome “Great American Singbook”.
Outros artistas, pop e de rock, que têm utilizado o trabalho, incluem Carly Simon, Betty Midler, Barry Manilow, Caetano Veloso, Queen Latifah e Robbie Williams. E, em 2012, Paul McCartney juntou-se a essa lista, com o álbum “Kisses of the Bottom".
Atualmente, o objetivo da Sociedade de Preservação do “Great American Songbook” é manter vivas essas canções na consciência pública, executando-as em todo o país e no mundo, com a mais alta integridade e interpretação musical de um elenco de cantores e músicos altamente capacitados, como embaixadores da música americana. Realmente, o mundo precisa muito desse tipo de música!