Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

“FAUSTO” COM TODAS AS SUAS IMPLICAÇÕES (TERCEIRA PARTE)

III – A ÓPERA DE GOUNOD

Charles Gounod em 1859
Fausto é também uma grande ópera, em cinco atos, composta pelo autor clássico francês Charles Gounod, com um libreto escrito por Jules Barbier e Michel Carré, a partir da peça de Carré Fausto et Marguerite (Fausto e Margarete), por sua vez livremente baseada na obra Fausto Parte Um de Johann Wolfgang von Goethe. A ópera estreou no Théatre Lyrique, em Paris, em 19 de março de 1859. Ela foi, inicialmente, rejeitada pela Ópera Nacional por não ter sido considerada suficientemente brilhante e sua apresentação no Théatre Lyrique foi postergada por um ano porque o drama Fausto, de Adolphe d’Ennery, estava sendo apresentada no Porte St. Martin. O gerente Léon Carvalho, que colocou sua esposa Marie Miolan-Carvalho como "Margarete", insistiu em várias alterações durante a produção, incluindo o corte de vários números.
Fausto não foi bem recebido, inicialmente. O editor Antoine Choudens, que adquiriu os direitos autorais por 10.000 francos, levou o trabalho (com declamações adicionadas substituindo o diálogo falado original) em um circuito pela Alemanha, Bélgica, Itália e Inglaterra, com Marie Miolan-Carvalho reprisando o seu papel. A ópera renasceu em Paris, em 1862, tornando-se um sucesso. Um bailado teve que ser inserido antes que obra pudesse ser apresentada na “Ópera” em 1869, tornando-se então a ópera mais frequentemente apresentada naquela casa e um trunfo do repertório internacional, que permaneceu por décadas, sendo traduzido, em pelo menos, 25 línguas.
Foi com Fausto que o Metropolitan Opera, de Nova York, abriu pela primeira vez em 22 de outubro de 1883 e, até 2008, era a oitava ópera mais apresentada na casa, com 730 apresentações. 
O elenco da apresentação original, em 19 de março de 1859, sob a condução de Adolphe Dellofre, foi o seguinte:

PERSONAGEM        TIPO DE VOZ            ATOR
Doutor Fausto                                 Tenor                                                Joseph Théodore Désiré Barbot
Mefistófeles                                     Baixo                                                Émile Balanqué
Margarete                                       Soprano                                            Marie Caroline Miolan-Carvalho
Valentim (irmão de Margarete)        Barítono                                            Osmond Raynal
Wagner (criado de Fausto)             Barítono                                             M. Cibot
Siébel (aluno de Fausto)                 Soprano                                            Amélie Faivre
Martha (vizinha de Margarete)       Contralto                                            Duclos
 
Caroline Machado, como Margarete, em 1860
Moças, trabalhadores, estudantes, soldados, cidadãos, matronas, demônios invisíveis, coro de igreja, bruxas, rainhas e cortesãos da antiguidade, vozes celestiais.

III-1 ENREDO DA ÓPERA

A ópera acontece na Alemanha do século XVI

ATO 1
Estúdio de Fausto

Fausto e a visão de Margarete projetada por Mefistófeles
Fausto, um sábio maduro, conclui que seus estudos conduzem a nada e somente lhe têm causado a perda da vida e do amor. Ele tenta o suicídio duas vezes, com veneno, mas em cada tentativa ouve um coro. Ele amaldiçoa a ciência e a fé e implora por ajuda do inferno. Mefistófeles aparece e, com uma tentadora imagem de Margarete, em sua roda de fiar, persuade Fausto a comprar os serviços de Mefistófeles na terra, em troca dos serviços de Fausto no inferno. A taça de veneno de Fausto é magicamente transformada em um elixir da juventude, tornando o velho doutor num elegante jovem cavalheiro. Os companheiros estranhos saem então para conhecer o mundo.

ATO 2
Nos portões da cidade
Um coro de estudantes, soldados e aldeões cantam uma canção sobre bebidas. Valentin, indo para a guerra com seu amigo Wagner, entrega Margarete aos cuidados do seu jovem amigo Siébel. Aparece Mefistófeles, abastece a multidão com vinho e canta uma canção entusiástica e irreverente sobre o Bezerro de Ouro. Mefistófeles difama Margarete e Valentin tenta atingi-lo com a espada, que se estilhaça no ar. Valentin e amigos usam os punhos de suas espadas, em forma de cruz, para se defenderem do que sabem ser agora um poder infernal. Fausto e os aldeões unem-se a Mefistófeles numa valsa. Margarete aparece e Fausto lhe declara a sua admiração, mas ela recusa o seu braço, sem modéstia.

ATO 3
No jardim de Margarete
 
O Jardim de Margarete na produção original
O jovem apaixonado Siébel deixa um buquê para Margarete. Fausto envia Mefistófeles em busca de um presente para Margarete e canta-lhe uma cavatina (italiana, diminutivo de cavata, em geral uma curta peça musical), idealizando Margarete como uma pura criança da natureza. Mefistófeles traz uma caixa decorada contendo jóia requintada e um espelho de mão que deixa à porta de Margarete, ao lado das flores de Siébel. Margarete entra, ponderando sobre o seu encontro com Fausto nos portões da cidade e canta uma melancólica balada sobre o Rei de Thulé (poema de Goethe, de 1774). Marta, vizinha de Margarete, vê as joias e diz que devem ser de um admirador. Margarete experimenta as joias e é cativada pela forma como elas exaltam sua beleza, enquanto canta a famosa ária Canção da Joia (Ah, eu rio ao ver-me tão bela neste espelho). Mefistófeles e Fausto encontram as mulheres no jardim e as cortejam. Margarete permite que Fausto a beije (Deixe-me, deixe-me contemplar o teu rosto), mas então pede-lhe que se vá. Ela canta, em sua janela, pelo rápido retorno de Fausto e ele, ouvindo-a, retorna para ela. Sob o olho vigilante e a gargalhada malévola de Mefistófeles, torna-se claro que a sedução de Fausto sobre Margarete terá êxito.

ATO 4
Quarto de Margarete / Uma praça pública fora da sua casa / Uma Catedral
 
Margarete ora na Catedral

Após ter sido fecundada e abandonada por Fausto, Margarete dá à luz e torna-se uma pária da sociedade. Ela canta uma ária em sua roca (Ele não retorna). Siébel está com ela. A cena é transferida para a praça, fora da casa de Margarete. A companhia de Valentin retorna da guerra para uma marcha militar (o bem conhecido “Coro dos Soldados”). Siébel pede a Valentin que perdoe Margarete e Valentin corre à sua casa. Enquanto ele está lá, Fausto e Mefistófeles aparecem. Este último, pensando que somente Margarete está em casa, canta uma zombeteira serenata burlesca sob a janela de Margarete. Valentin vai para fora da cabana, já sabendo que Fausto corrompeu sua irmã. Os três homens lutam, com Mefistófeles bloqueando a espada de Valentin e permitindo a Fausto executar o ataque fatal. Em seu sopro de morte, Valentin culpa Margarete por sua morte e a condena ao inferno ante a assembleia do povo da cidade. Margarete vai à Igreja e tenta orar. Mas é interrompida, primeiro por Mefistófeles e então por um coro de demônios. Ela termina sua oração, mas desfalece quando é novamente amaldiçoada por Mefistófeles.
 
ATO 5
Uma caverna / O interior de uma prisão
Mefistófeles e Fausto são cercados por bruxas. Fausto é transportado a uma caverna de rainhas e cortesãos e Mefistófeles promete proporcionar a Fausto um encontro para ter o amor das maiores e mais lindas mulheres da história. Um balé orgíaco sugere a festa que prossegue por toda a noite. À medida que a aurora se aproxima, Fausto tem uma visão de Margarete e chama por ela. Mefistófeles então ajuda Fausto a entrar na prisão onde Margarete está sendo mantida por matar a sua criança. Eles cantam um dueto de amor (Sim, é a ti que eu amo). Mefistófeles estabelece que somente uma mão mortal pode libertar Margarete do seu destino e Fausto se oferece para resgatá-la do carrasco, mas ela prefere confiar o seu destino a Deus e Seus anjos. No final, ela sai de seu juízo ao ver que as mãos de Fausto estão cobertas de sangue, repele-o e desmaia; Mefistófeles brada que Margarete foi julgada. Contudo, ela é protegida por Deus como resultado de sua fé e seu arrependimento. Mefistófeles contenta-se em arrastar Fausto ao inferno. Margarete levanta-se novamente, ascende em direção ao Céu e um coro de anjos anuncia que ela foi salva (Salve! Cristo ressuscitou!).


Na próxima postagem, a última parte de Fausto.

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