Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917 (Parte 10)




IX - OS ANOS DE FERRO DA ERA STALIN (FINAL)

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945 Stalin prometeu que a URSS seria a potência industrial líder em 1960. A essas alturas, a URSS havia sido devastada pela guerra. Oficialmente, 98.000 fazendas coletivas haviam sido pilhadas e arruinadas, com a perda de 137.000 tratores, 49.000 colheitadeiras, sete milhões de cavalos, dezessete milhões de cabeças de gado, vinte milhões de porcos, vinte e sete milhões de ovelhas; 25% de todo o capital em equipamento fora destruído em 35.000 usinas e fábricas; seis milhões de edificações, incluindo 40.000 hospitais em 70.666 vilas e 4.710 cidades (40% de moradias) foram destruídas, deixando 25 milhões pessoas sem tetos; cerca de 40% de trilhos de estradas de ferro foram destruídos; oficialmente, 7,5 milhões de homens das forças armadas morreram, além de seis milhões de civis, mas talvez tenham morrido 20 milhões no total. Em 1945, a mineração e a metalurgia estavam a 40% dos níveis de 1940, a energia elétrica caiu a 52%, ferro fundido a 26% e o aço a 45%; a produção de alimentos estava em 60% do nível de 1940. Após a Polônia, a URSS havia sido o país mais duramente atingida pela guerra. A reconstrução foi retardada por uma crônica carência de força de trabalho devido ao enorme número de baixas soviéticas na guerra. Além disso, 1946 foi o ano mais seco desde 1891 e a colheita foi pobre.
Vítimas da NKVD assassinadas ao final de junho de 1941
logo após a eclosão da guerra entre Alemanha e a URSS
A partir de 1945, a URSS manteve tropas ocupando a Polônia e a parte oriental da Alemanha, criando a República Democrática da Alemanha (RDA), além de manter forças em países da Europa Central e Oriental, o que fez Churchill referir-se à região como que estando atrás de uma “Cortina de Ferra” com controle de Moscou. Tal região passou a ser chamada de “Bloco Oriental” ou “Bloco Soviético”.
Os Estados Unidos e a URSS foram incapazes de chegar a um acordo sobre o empréstimo dos EUA para a ajudar na reconstrução e este foi um dos fatores contribuintes na rápida escalada da “Guerra Fria”, entre os aliados da véspera, com Stalin acusando os Estados Unidos de “imperialistas”. Contudo, a URRS ganhou reparações da Alemanha e fez os países do leste europeu realizarem pagamentos como retribuição pelos soviéticos os terem livrado dos nazistas. Em 1947, Stalin ressuscita o Komintern, que havia sido extinto em 1943, sob o nome de Kominform.
Em 7 de outubro de 1947, a RDA foi declarada com uma nova constituição que louvava o socialismo. Em Berlim, após os cidadãos rejeitarem candidatos comunistas em uma eleição, em junho de 1948, a União Soviética bloqueou Berlim Ocidental, fora do controle soviético, impedindo totalmente o abastecimento de alimentos e outros bens. O bloqueio falhou graças a uma inesperada campanha de abastecimento aéreo levada a efeito pelas potências ocidentais, conhecida por “Transporte Aéreo de Berlim”; em 1949 Stalin reconheceu a derrota e encerrou o bloqueio.
Embora Stalin tenha prometido na Conferência de Yalta, que faria eleições livres na Polônia, após o fracasso eleitoral nas eleições chamadas “Três Vezes Sim” (três questões que, segundo os interesses da URSS deveria ter resposta SIM), uma eleição totalmente fraudulenta foi empregada para vencer uma maioria na pesquisa cuidadosamente controlada, após o que, a economia polonesa começou a ser nacionalizada.
Na Hungria, quando os soviéticos instalaram um governo comunista, Mátyás Rákosi, que se descrevia como “o melhor discípulo húngaro de Stalin” e “o melhor pupilo de Stalin”, tomou o poder. Empregando a “tática do salame”, fatiou seus inimigos como peças de salame, para enfrentar a maioria política inicial do após guerra pronta para estabelecer uma democracia. Rákosi empregou programas políticos e econômicos stalinistas e foi apelidado “o assassino calvo”, por estabelecer uma das ditaduras mais cruéis da Europa. Aproximadamente 350.000 oficiais e intelectuais húngaros foram expurgados entre 1948 e 1956.
Ainda durante a 2a Grande Guerra, na Bulgária, o Exército Vermelho cruzou a fronteira e criou as condições para um golpe de estado comunista na noite seguinte. O comandante militar soviético em Sofia assumiu a autoridade suprema, e os que ele instruíra tomaram o total controle da política doméstica.
Stalin não se abrandou com a idade. Ele praticou um reino de terror, expurgos, execuções, exílios a campos de trabalhos forçados e perseguições na URSS do após guerra, suprimindo toda dissidência e qualquer coisa que tivesse indícios de influência estrangeira, especialmente ocidental. Estabeleceu governos comunistas por todo o leste europeu e em 1949 conduziu os soviéticos à era nuclear com a explosão de uma bomba atômica.
Em 1949, o Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON) foi criado, ligando economicamente União Soviética, Bulgária, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Polônia. Tal organização foi criada de acordo com os desejos de Stalin de reforçar a dominação soviética nos países menores da Europa e abrandar alguns estados que haviam expressado interesse no Plano Marshall e que se encontravam agora, crescentemente, separadas dos seus mercados e abastecedores tradicionais na Europa Ocidental. Um terço das despesas de capital do Quarto Plano Quinquenal russo foi gasto na Ucrânia, país muito importante, agrícola e industrialmente, e que tinha sido uma das áreas mais devastadas pela guerra.
A URSS passa a ter supremacia em quase toda a Europa Oriental. Nestes países, foram mantidos governos pró-URSS durante toda a Guerra Fria, quando foram criadas várias barreiras entre os países pró-URSS e pró-EUA, algumas ideológicas como a Cortina de Ferro e outras físicas, como o Muro de Berlim em torno de Berlim Ocidental, na RDA.
Na Ásia, o Exército Vermelho havia devastado a Manchúria no último mês da Guerra e também ocupou a Coreia, acima do paralelo 38º norte. O Partido Comunista da China, de Mao-Tse-Tung, embora receptivo a um mínimo apoio soviético, derrotou o Partido Nacionalista Chinês (Kuonmintang – KMT), pró-ocidental e francamente assistido pelos americanos, na guerra civil chinesa. Houvera atrito entre Stalin e Mao desde o início. Durante a 2ª Grande Guerra Stalin havia apoiado o ditador chinês Chiang Kai-Shek (KMT) como um baluarte contra o Japão e havia fechado um olho para as mortes em massa de comunistas, colocando sua aliança com Chiang acima dos seus aliados ideológicos na China. Mesmo após a guerra, Stalin fechou um pacto de não agressão entre URSS e o regime do KMT de Chiang, na China, instruindo Mao e os comunistas chineses a cooperarem com Chiang e o KMT após a guerra. Mao ignorou o conselho, iniciando a revolução comunista contra Chiang e sem acreditar que Mao teria sucesso, pouco ajudou o último, mantendo relações diplomáticas com o KMT de Chiang até 1949 quando tornou-se claro que Mao venceria. Stalin fez então um pacto de amizade com Mao embora permanecesse um mal-estar entre os dois líderes pelo fato de Stalin não ter integralmente apoiado Mao durante a guerra civil chinesa. Os comunistas passaram a controlar a China Continental como República Popular da China enquanto os nacionalistas mantiveram apenas a Ilha de Taiwan. As relações diplomáticas entre a China e a União Soviética alcançaram o ponto mais alto quando em 1950 os dois países assinaram o Tratado Sino-Soviético de Amizade e Aliança.
Contrariamente à política americana que restringiu o armamento ilimitado a infantaria e forças policiais da Coreia do Sul, Stalin armou o exército e a força aérea da Coreia do Norte de Kim II Sung e enviou muito mais “conselheiros” do que o necessário para finalidades defensivas, a fim de facilitar a Kim (um prévio oficial soviético) o seu objetivo de conquistar o resto da península coreana. O exército coreano atacou nas primeiras horas da madrugada de 25 de junho de 1950, atravessando o paralelo 38 atrás de uma tempestade de artilharia, iniciando a invasão da Coreia do Sul. Durante a Guerra da Coreia, pilotos soviéticos pilotaram aviões soviéticos a partir de bases chinesas contra aviões das Nações Unidas que defendiam a Coreia do Sul. Pesquisa realizada após a Guerra Fria em arquivos soviéticos, revelaram que a Guerra da Coreia foi iniciada por Kim II-Sung, com a expressa permissão de Stalin.
Em 1952 e 1953 Stalin e os dirigentes soviéticos criaram a “Conspiração dos Doutores”, segundo a qual, vários médicos (a metade dos quais judeus) teriam tentado matar funcionários soviéticos. A opinião predominante entre muitos estudiosos de fora da União Soviética foi de que Stalin pretendia usar o resultado do julgamento dos médicos para lançar um maciço expurgo do Partido, mas também é visto por muitos historiadores como uma provocação antissemita; ela ocorreu imediatamente após os julgamentos de exibição do Comitê Antifascista Judeu e da execução secreta de 13 membros, sob as ordens de Stalin, na famosa “Noite dos Poetas Mortos”. Após isso, numa sessão do Politburo, em dezembro, Stalin anunciou que “Cada nacionalista judeu é um agente do serviço de inteligência americana. Os nacionalistas judeus pensam que sua nação foi salva pelos Estados Unidos (lá vocês podem ficar ricos, burgueses etc...). Eles pensam que devem aos americanos. Entre os médicos há muitos nacionalistas judeus”. Para mobilizar o povo soviético para essa campanha, Stalin ordenou que a Tass[1] e o Pravda publicassem histórias, ao mesmo tempo da alegada descoberta de Stalin da “Conspiração dos Doutores” para assassinar líderes soviéticos, incluindo Stalin, a fim de criar o cenário para novos julgamentos de exibição. No dia seguinte o Pravda publicou histórias com o texto relativo aos pretensos conspiradores “burgueses nacionalistas judeus”. Nikita Khrushchev escreveu que Stalin sugeriu-lhe incitar o antissemitismo na Ucrânia, dizendo-lhe que “os bons trabalhadores na fábrica deveriam receber porretes com que pudessem acabar com aqueles judeus”. Stalin também ordenou que os médicos falsamente acusados fossem torturados até a morte. Com relação às origens da conspiração, as pessoas que conheciam Stalin, tal como Khrushchev, sugerem que Stalin há muito havia abrigado sentimentos negativos para com os judeus e que as tendências antissemíticas nas políticas do Kremlin foram ainda mais estimuladas pelo exílio de Leon Trotsky. Ao final de janeiro de 1953, o médico pessoal de Stalin, Miron Voysi, (primo de Solomon Mikhoels, assassinado em 1948 por ordem de Stalin) foi preso no mesmo contexto da conspiração. Voysi foi solto por Lavrentiy Beria, Ministro do Interior e Chefe da NKVD, após a morte de Stalin, em 1953, como também foi o compositor Mieczyslaw Weinberg, seu genro.
Alguns historiadores têm sustentado que Stalin também planejava enviar milhões de judeus para quatro recém construídos campos de trabalhos forçados na Rússia Ocidental, usando uma “Comissão Deportação” que alegadamente agiria para salvar os judeus soviéticos de uma população soviética enfurecida pelos julgamentos da “Conspiração dos Médicos”. Indiferente ao fato de ter sido ou planejada uma conspiração para deportar judeus, no seu “Discurso Secreto”[2], em 1956, o Premier Soviético Nikita Khrushchev declarou que a Conspiração dos Médicos foi “inventada por Stalin”, que Stalin havia dito ao juiz para obter confissões dos réus, e aos membros do Politburo: “Vocês são cegos como jovens gatinhos. O que acontecerá sem mim? O país perecerá porque vocês não conseguem reconhecer inimigos.”
Com o fim da 2ª Grande Guerra a saúde de Stalin deteriorou-se, com a arteriosclerose que possuía pelo fumo exagerado e teve um derrame leve por ocasião do Desfile da Vitória e um ataque cardíaco severo em outubro de 1945.
Nas primeiras horas do amanhecer de 1º de março de 1953, após um dos frequentes jantares e cinemas, Stalin chegou à sua residência de Kuntsevo, a 15 km de Moscou, com Beria e os futuros premiers Georgy Malenkov, Nikolai Bulganin e Nikita Khrushchev, e retirou-se para dormir. Ao amanhecer Stalin não saiu de seu quarto. Embora seus guardas achassem estranho não vê-lo acordar à hora habitual, como tinham ordem de não incomodá-lo, deixaram-no só o dia inteiro. Às 22:00 hs ele foi descoberto pelo comandante de Kuntsevo, que entrou em seu quarto e encontrou Stalin deitado de costas, no chão, vestindo calça de pijama e camiseta, ensopado em urina. Como o Comandante não conseguisse ouvir palavra de Stalin, usou o telefone da cabeceira para chamar alguns oficiais do Partido, avisando que Stalin parecia ter sofrido um derrame e pedindo que enviassem médicos. Beria foi informado e chegou poucas horas depois. Os médicos chegaram ao amanhecer de 2 de março, quando trocaram as roupas de cama de Stalin para atende-lo, diagnosticando uma hemorragia cerebral (derrame), causada por hipertensão, que teria ainda causado uma hemorragia do estômago. Foi tratado em sua casa, com sanguessugas, como era costume na época. Em 3 de março seu dublê, Felix Dadaev, foi chamado de férias, para Moscou, ´para ficar de prontidão se necessário para algo, o que não aconteceu. Sem sair da cama, Stalin morreu no dia 5 de março de 1953, com a idade de 74 anos, com muitas suspeitas posteriores de que, na verdade, ele tivesse sido assassinado com uma overdose de Warfarin, uma droga anticoagulante.
Beria não podia esconder o seu contentamento e, confirmando que o “velho” estava realmente morto, deu uma leve pancada em seu corpo e retirou-se radiante, segundo Khrushchev. Stalin não havia nomeado ou recomendado um sucessor e Beria sentiu que esse era o momento. A luta pela sucessão de Stalin havia começado.
Após a visitação de 1,5 milhões de pessoas, seu corpo embalsamado foi colocado, em 9 de março de 1953, no mausoléu de Lenin. Em 31 de outubro de 1961 seu corpo foi removido do mausoléu e enterrado na Necrópole dos Muros do Kremlin, como parte do processo de desestalinização.
Sua morte chegou em muito boa hora para Beria e muitos outros, que temiam ser varridos, brevemente, em outro expurgo. Acredita-se que Stalin temia que o poder de Beria estivesse crescendo a ponto de ameaçar o seu próprio poder.
Após a morte de Stalin, uma luta pelo poder instalou-se entre os oito membros seniores do Presidium do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, listados formalmente de acordo com a ordem de precedência, em 5 de março de 1953: Georgy Malenkov, Lavrentiy Beria, Vyacheslav Molotov, Klim Voroshilov, Nikita Khrushchev, Nikolai Bulganin, Lazar Kaganovich, Anastas Mikoyan. A sucessão foi controversa e os políticos mais próximos decidiram governar juntos a URSS, mas o chefe da NKVD, Beria, resolveu tomar o poder sem o consentimento dos demais. O General Khrushchev e os demais candidatos, juntaram-se e detiveram Beria, que seria executado no mesmo ano. O impasse permaneceu até 1958 quando finalmente Khrushchev venceu, derrotando seus potenciais rivais no Presidium e tornando-se o sucessor oficial de Stalin.
A crueldade com que as relações soviéticas foram conduzidas durante o mando de Stalin, foi subsequentemente repudiada por seus sucessores na liderança do Partido Comunista, principalmente por Nikita Khrushchev, em fevereiro de 1956, durante o XX Congresso do Partido Comunista, com o seu “Discurso Secreto” (oficialmente chamado “Do Culto à Personalidade e suas Consequências”), já mencionado, a partir do qual iniciou-se um processo de “desestalinização” da União Soviética. Nessa mesma ocasião, ele condenou as deportações de Stalin como uma violação do Leninismo e reverteu a maioria delas, embora apenas em 1991, os tataros, os meskhetianos (subgrupo dos georgianos) e os alemães do Volga tiveram permissão para retornar em massa às suas terras natais. A memória das deportações até hoje representa um importante papel nos movimentos separatistas dos Estados Bálticos, o Tataristão e a Chechênia.
Um trabalho soviético de 1974, descreve a liderança de Stalin da seguinte maneira:

“Stalin manteve, desde 1922, o posto de Secretário Geral do Comitê Central do Partido Comunista. Ele fez importantes contribuições à implementação da política de construção socialista do Partido na URSS e ganhou grande popularidade por sua luta sem tréguas contra os grupos antileninistas dos Trotskystas e bukharinistas. Contudo, a partir do início da década de 1930, todos os sucessos alcançados pelo povo soviético na construção do socialismo, começou a ser arbitrariamente atribuído a Stalin. Já numa carta escrita em 1922, Lenin alertou o Comitê Central do Partido sobre o fato de que ‘o camarada Stalin, tendo se tornado secretário geral, concentrou autoridade sem limites em suas mãos e não estou certo de que ele sempre exercerá autoridade com suficiente juízo’.”
Durante os primeiros anos após a morte de Lenin, Stalin considerou suas observações críticas, mas à medida que o tempo passou, ele abusou de sua posição como Secretário Geral cada vez mais frequentemente, violando o princípio de liderança coletiva e tomando decisões independentes em importantes questões do Partido e do Estado. Tais atalhos pessoais passaram a manifestar-se cada vez com maior insistência: sua rudeza, capricho, intolerância às críticas, arbitrariedade, excessiva suspeita etc...., conduziram a injustificadas restrições da democracia, fortes violações da legalidade socialista e repressões contra proeminentes líderes militares, do Partido, governo e outras pessoas.
Após a morte de Stalin, a queda do ditador na União Soviética.
Certamente, não podemos dizer como Lenin ou Trotsky, Zinoviev, Kamenev ou Bukharin, teria governado a URSS se tivesse vencido a luta pelo poder. Contudo, pelo que sabemos de cada um deles, é improvável que qualquer desses líderes fosse igualar a monstruosa tirania de Stalin, que custou a vida de tantos milhões de russos. Não existe consenso quanto à contagem de vítimas do stalinismo. Determinadas estatísticas afirmam que entre 20 a 35 milhões de soviéticos morreram por fome, frio ou executados em campos de concentração ou de trabalhos forçados durante a época de Stalin.
Eric Hobsbawm, o escritor marxista britânico, em seu livro “A Era dos Extremos”, de 1994, escreveu sobre Stalin em uma nota de rodapé: “Este escritor, que viu o corpo embalsamado de Stalin no mausoléu da Praça Vermelha, antes dele ser removido, em 1957, lembra-se do choque da visão de um homem tão minúsculo e no entanto tão todo-poderoso. Significativamente, todos os filmes e fotografias ocultavam o fato de que ele tinha apenas 1,58 m de altura”. Apenas faltou dizer que, além de todo-poderoso, foi também o que mais vítimas fez ao longo da sua tirania.

[1] A Agência de Telégrafo da União Soviética (TASS) foi uma agência central para coleta e distribuição de notícias nacionais e internacionais para todas as estações de televisão, rádio e jornais soviéticos. Ela possuía um monopólio oficial de informação estatal liberado sob forma de um Relatório da TASS. Foi estabelecida em 25 de julho de 1925 por um decreto do Presidiu do Soviete Supremo da União Soviética, a partir da Agência de Telégrafo Russa (ROSTA), a primeira agência de notícias na Rússia Soviética. Era frequentemente usada como uma organização de frente pelas agências de inteligência como a NKVD (mais tarde KGB) com muitos de seus empregados servindo como seus informantes. 
[2] O relatório “Sobre o Culto da Personalidade e Suas Consequências”, apresentado no 20o Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 25 de fevereiro de 1956, foi profundamente crítico a Joseph Stalin, principalmente no que se refere aos expurgos realizados pelo Partido Comunista da União Soviética durante os últimos anos da década de 1930. Khrushchev acusou Stalin de ter criado um culto de personalidade do líder, a despeito de ostensivamente manter apoio aos ideais do comunismo. Superficialmente, o discurso foi uma tentativa para aproximar o Partido Comunista Soviético de Lenin. Contudo, a motivação última de Khrushchev foi legitimar e ajudar a consolidar seu controle do Governo e Partido Comunistas, poder obtido numa luta política contra Vyacheslav Molotov e Georgy Malenkov, leais a Stalin. Tal relatório ficou conhecido como “Discurso Secreto” porque liberado em uma sessão fechada dos delegados, sem a presença da imprensa. O texto foi amplamente discutido em células do Partido já no início de março, muitas vezes com a participação de não membros do Partido, mas o texto oficial russo, só foi publicado em 1989, durante a campanha da glasnost (“publicidade”, mas também abertura e transparência) do líder soviético Mikhail Gorbachev.

Na próxima postagem, o encerramento da Revolução Russa, com as Conclusões, na PARTE 11 

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