Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O ESTOICISMO E OS ESTOICOS (Parte 1)


I - INTRODUÇÃO

O Estoicismo é uma escola de filosofia helenística[1] fundada por Zeno de Citium, em Atenas, no início do século III AC. Ao mesmo tempo em que grandemente influenciados pelos ensinamentos do filósofo Heraclitus, os físicos estoicos foram também muito influenciados por certas técnicas de Sócrates. O Estoicismo é, predominantemente, uma filosofia de ética pessoal formada por seu sistema de lógica e suas observações do mundo natural. De acordo com seus ensinamentos, como seres sociais, o caminho para a felicidade dos humanos é encontrado pela aceitação do momento, tal como ele se apresenta e por não permitir ser controlado pelo desejo do prazer ou medo da dor, pelo uso da sua mente, para entender o mundo e fazer a sua parte no plano da natureza, bem como trabalhar junto e tratar os outros adequadamente e com justiça.
O estoicismo floresceu na Grécia com Cleanthes de Assos e Chrysippus de Soli, sendo levado a Roma no ano 155 AC por Diógenes de Babilônia. Ali, seus continuadores foram Marco Aurélio, Sêneca[2], Epictetus[3] e Lucano. Sobreviveu a todo o período da Grécia Antiga e do Império Romano, até que todas as escolas filosóficas foram encerradas em 529 por ordem do imperador Justiniano I, que considerou as suas características pagãs contrárias à fé cristã.
Os estoicos ensinavam que as emoções destrutivas resultam de erros de julgamento e que um sábio, ou pessoa com "perfeição moral e intelectual", não sofreria dessas emoções. O estoicismo afirmava que todo o universo é corpóreo e governado por um Logos [4] divino, noção que os estoicos tomaram de Heráclito e desenvolveram. A alma está identificada com este princípio divino como parte de um todo ao qual pertence. Este logos (ou razão universal) ordena todas as coisas: tudo surge a partir dele e de acordo com ele, graças a ele o mundo é um kosmos (termo grego que significa "harmonia").
O estoicismo propunha viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselhava a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo ao ser. O homem sábio obedeceria à lei natural, reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do universo, devendo, assim, manter a serenidade perante tanto as tragédias quanto as coisas boas. A partir disso, deveria "viver conforme a natureza"; sendo a natureza essencialmente o logos, essa máxima seria prescrição para se viver de acordo com a razão. Como a razão é a ferramenta pela qual o homem torna-se livre e feliz, o homem sábio não apreende o seu verdadeiro bem nos objetos externos, mas usa estes objetos através de uma sabedoria pela qual não se deixa escravizar pelas paixões e pelas coisas externas.
Os estoicos preocupavam-se com a relação ativa entre o determinismo cósmico e a liberdade humana, e com a crença de que é virtuoso manter uma vontade (denominada prohairesis) que esteja de acordo com a natureza. Por causa disso, os estoicos apresentaram a sua filosofia como um modo de vida, e pensavam que a melhor indicação da filosofia de uma pessoa não era o que ela dizia, mas a forma como se comportava. Os estoicos são especialmente conhecidos por ensinar que “a virtude é o único bem” para os seres humanos e que as coisas externas - tais como saúde, riqueza e prazer – não são bons ou maus em si mesmos, mas têm valor como “material sobre o qual a virtude possa atuar”. Juntamente com a ética Aristotélica, a tradição estoica forma uma das maiores abordagens fundadoras das virtudes éticas ocidentais. Para viver uma boa vida, as pessoas tinham que entender as regras da ordem natural, já que elas pensavam que tudo estava enraizado na natureza.
Muitos estoicos - como Sêneca e Epictetus – enfatizavam que, uma vez que “a virtude é suficiente para a felicidade”, um sábio seria emocionalmente resistente à desgraça. Essa crença é similar ao significado da frase “calma estoica”, embora a frase não inclua as visões do estoico “ético radical”, de que somente um sábio pode ser considerado verdadeiramente livre e que todas as corrupções morais são igualmente más.
O Estoicismo floresceu por todo o mundo romano e grego até o século III DC e entre seus seguidores estava o imperador Marco Aurélio. Sofreu um declínio após o cristianismo ter-se tornado a religião do Estado no século IV DC. Desde então, tem experimentado renascimentos, principalmente na Renascença, com o Neoestoicismo[5] e na era contemporânea (Estoicismo moderno).

II - PRINCÍPIOS BÁSICOS


Zeno de Citium, fundador do Estoicismo,
escola de filosofia helenística
Zeno de Citium, que viveu cerca de 334 a 262 AC, foi um pensador helenístico de descendência fenícia e o fundador da escola estoica de filosofia que lecionou em Atenas desde cerca de 300 AC. Citium era o nome latino de Kition, cidade reino da Ilha de Chipre (em tempos de dominação grega), atual Larnaca, localizada na costa sul da ilha e estabelecida no século XIII AC por colonizadores gregos após a guerra de Tróia. Zeno ensinava filosofia em Stoa Poikile (Pórtico Pintado), de onde a filosofia tirou o seu nome. Diferentemente de outras escolas de filosofia, como os Epicurianos, Zeno escolheu ensinar sua filosofia em um espaço aberto, uma colunata dominando o lugar central de reuniões de Atenas, a Ágora. As ideias de Zeno se desenvolveram a partir das ideias dos Cínicos, cujo fundador, Antísthenes, havia sido um discípulo de Sócrates. O mais influente seguidor de Zeno foi Chrysippus[6],  responsável pela moldagem do que é hoje chamado de Estoicismo. Posteriormente, romanos estoicos focaram em promover a vida em harmonia dentro do universo, sobre o qual ninguém possui controle direto.
O Estoicismo ensinava o desenvolvimento do autocontrole e fortaleza para sobrepujar emoções destrutivas; a filosofia sustentava que tornando-se um pensador claro e não tendencioso, poder-se-ia entender a razão universal. Um aspecto primário do Estoicismo envolvia o aprimoramento do bem-estar ético e moral do indivíduo: “A Virtude consiste em uma vontade que está em acordo com a Natureza”. Esse princípio também se aplicava ao reino das relações interpessoais: “ser livre de raiva, inveja, ciúme” e aceitar até os escravos como “iguais aos outros homens, porque todos os homens são produtos da natureza”.
Chrysippus de Soli, "Segundo
Fundador do Estoicismo"
Os estoicos forneceram uma explicação unificada do mundo, consistindo em lógica formal, física monística[7] e ética naturalística. Destas, eles enfatizaram a ética como o foco principal do conhecimento humano, embora suas teorias lógicas fossem de maior interesse para os filósofos posteriores. A ética estoica desposa uma perspectiva determinística. Com relação àqueles a quem falta virtude estoica, Cleanthes[8] uma vez sugeriu que o homem mau é “como um cão amarrado a um carro, obrigado a ir onde ele for”. Um estoico da virtude, em contraste, ajustaria sua vontade para se adequar ao mundo e permanecer, nas palavras de Epictetus, “doente e, contudo, feliz; em desgraça e feliz”, assim postulando uma vontade individual “completamente autônoma” e, ao mesmo tempo, um universo que é “um só todo rigidamente determinístico”. Esse ponto de vista foi posteriormente descrito como “Panteísmo[9] Clássico”, sendo adotado pelo filósofo holandês Baruch Spinoza.
O Estoicismo tornou-se a principal filosofia popular entre a elite educada no mundo helenístico e no Império Romano, a ponto de que, nas palavras de Gilbert Murray, “praticamente todos os sucessores de Alexandre se autodenominaram Estoicos”.
Os acadêmicos dividem, normalmente, a história do estoicismo em três fases:

· A primeira (estoicismo antigo) desenvolveu-se no século III AC, com seu fundador Zeno de Citium, passando por Cleanto, Chrysippus de Solis, até Antípatro de Tarso, preocupando-se com a lógica, a física, a metafísica e a moral.
· Na segunda (estoicismo médio), o pensamento estoico combinou-se com o espírito romano. Foi representado por Panécio de Rodes (180 AC - 110 AC) e Possidônio (135 AC - 51 AC).


· A terceira fase (estoicismo imperial ou novo estoicismo), com representantes como: Caio Musônio Rufo, Sêneca (nascido no início da era cristã e falecido em 65 DC), Epictetus (50 DC - 125 DC) e Marco Aurélio (121 DC - 180 DC), que foi imperador romano em 161 DC. As obras de Sêneca, Epictetus e Marco Aurélio propagaram o estoicismo no mundo ocidental. A última época do estoicismo, ou período romano, caracterizou-se pela sua tendência prática e religiosa, fortemente acentuada como se verifica nos "Discursos" e no "Enchiridion" de Epictetus e nos "Pensamentos" ou "Meditações" de Marco Aurélio.
Não sobreviveu até a atualidade qualquer obra completa de um filósofo estoico das duas primeiras fases. Apenas textos romanos da última fase nos chegaram completos.

III – LÓGICA[10]

III.1 – LÓGICA PROPOSICIONAL

Cleanthes, sucessor de Zeno e
segundo líder do Estoicismo
Diodorus Cronus, um dos professores de Zeno, é considerado o filósofo que primeiro introduziu e desenvolveu uma abordagem à lógica, agora conhecida como “lógica proposicional”. Trata-se de uma abordagem à lógica baseada em declarações ou proposições ao invés de termos, tornando-a muito diferente do termo “lógica” de Aristóteles. Posteriormente, Chrysippus desenvolveu um sistema que tornou-se conhecido como “Lógica Estóica” e incluiu um sistema dedutivo, “Silogística Estóica”, considerada uma rival da Silogística[11] de Aristóteles. Um novo interesse em Lógica Estóica surgiu no século XX, quando importantes desenvolvimentos na lógica foram baseados na lógica proposicional. Susanne Bobzien escreveu: “As muitas semelhanças próximas entre a lógica filosófica de Chrysippus e a de Gottlob Frege são especialmente surpreendentes. Bobzien também nota que Chrysippus escreveu mais de 300 livros sobre lógica, de virtualmente qualquer tópico que se relaciona com a lógica de hoje.

III.2 – CATEGORIAS

O termo “Categorias Estoicas” refere-se às ideias dos estoicos que se relacionam às categorias de ser[12]: as mais fundamentais classes de ser para todas as coisas. Os estoicos acreditavam que havia quatro categorias (substância, qualidade, disposição e disposição relativa), que eram as divisões últimas. Uma vez que não se possui nem mesmo um só trabalho completo de Zeno de Citium, Cleanthes ou de Chrysippus, o que se sabe sobre o assunto foi juntado de várias fontes: doxografias[13] e os trabalhos de outros filósofos que discutem os estoicos para seus próprios objetivos. A informação presente vem de Plotinus e Simplicius, com evidência adicional de Plutarco de Chaeronea e Sextus Empiricus.
Os estoicos sustentavam que todos os seres são materiais. Aceitavam a distinção entre corpos concretos e abstratos, mas rejeitavam a crença aristotélica de que existem seres totalmente imateriais. Assim, eles aceitavam a ideia de Anaxágoras (como Aristóteles) de que se um objeto é quente, é porque alguma parte de um corpo universal quente entrou no objeto. Mas, diferentemente de Aristóteles, eles estendiam a ideia para cobrir todos os acidentes (em filosofia, os atributos que podem ou não pertencer a um objeto, sem afetar sua essência). Assim, se um objeto é vermelho, é porque alguma parte de um corpo vermelho entrou naquele objeto. De acordo com Plotinus e Simplicius, havia quatro categorias estoicas:

· Substância: a matéria primária, substância sem forma de que as coisas são feitas.
· Qualidade: a forma como a matéria é organizada para formar um objeto individual; em física estoica, um ingrediente físico (ar ou sopro) que forma a matéria.
· “De alguma forma disposta”: características particulares, não presentes dentro do objeto, como tamanho, forma, ação e postura. 
· “De alguma forma disposta em relação a alguma coisa”: características relacionadas a outros fenômenos, tais como a posição de um objeto no tempo e no espaço, relativamente a outros objetos.

III.3 – EPISTEMOLOGIA[14]

Os estoicos propunham que o conhecimento poderia ser atingido através do uso da razão. A verdade pode ser distinguida da falácia, mesmo se, na prática, somente uma aproximação possa ser feita. De acordo com os estoicos, os sentidos constantemente recebem sensações: pulsações que passam dos objetos, através dos sentidos, para a mente, onde deixam uma impressão na imaginação (fantasia). Uma impressão surgida da mente, seria chamada um fantasma.
A mente tem a habilidade de julgar – aprovar ou rejeitar – uma impressão, permitindo-lhe distinguir uma representação verdadeira da realidade, de uma falsa. Algumas impressões podem ser acolhidas imediatamente, mas outras podem somente alcançar graus variáveis de aprovação hesitante, que podem ser rotuladas de crença ou opinião. É somente através da razão que podemos alcançar uma clara compreensão e convicção. Um conhecimento certo e verdadeiro, alcançável pelo sábio estoico, pode ser atingido somente pela verificação da convicção com a expertise de seus pares e o julgamento coletivo da humanidade.

IV – FÍSICA, TEOLOGIA E COSMOLOGIA

De acordo com os estoicos, o Universo é uma substância material e provida de razão, conhecida como Deus ou Natureza, que eles dividiam em duas classes: a ativa e a passiva. A substância passiva é a matéria, que “permanece inativa, uma substância pronta para qualquer uso, mas que permanecerá sem emprego se ninguém a colocar em movimento”. A substância ativa, que pode ser chamada de Destino ou Razão Universal (Logos), é um éter[15] inteligente ou fogo primordial, que age sobre a matéria passiva.
Tudo está sujeito às leis do Destino, pois o Universo atua de acordo com sua própria natureza e com a natureza da matéria passiva que ele governa. As almas das pessoas e animais são emanações desse fogo primordial e são, de forma semelhante, sujeitas ao Destino.
As almas individuais são perecíveis por natureza e podem ser “transmutadas e difundidas, admitindo uma natureza intensa sendo recebida no Raciocínio Seminal do Universo”. Uma vez que a Razão correta é o fundamento da Humanidade e do Universo, segue-se que o objetivo da vida é viver de acordo com a razão, ou seja, viver a vida de acordo com a Natureza.
A teologia estoica é um panteísmo fatalista e naturalista: Deus nunca é totalmente transcendente (que excede ou vai além da natureza física, concreta das coisas), mas sempre imanente e identificado com a natureza. As religiões Abrahâmicas personalizam Deus como a entidade criadora do mundo, mas o estoicismo equaciona Deus com a totalidade do Universo; de acordo com a cosmologia estoica, muito similar à concepção Hindu da existência, não existe um início absoluto do tempo, considerado infinito e cíclico. Similarmente, o espaço e o Universo não possuem início nem fim, mas são cíclicos. O Universo atual é uma fase no ciclo presente, precedido de um número infinito de Universos, fadado a ser destruído, recriado novamente e seguido por outro número infinito de Universos. O estoicismo considera toda a existência como cíclica, o cosmos como eternamente autocriador e autodestruidor. 
O estoicismo, como religiões da Índia, tais como hinduísmo, budismo e jainismo, não determina um início ou fim para o Universo. De acordo com os estoicos, o logos era a razão ativa ou anima mundi (alma do mundo) impregnando e animando todo o Universo. Ele foi concebido como material, sendo usualmente identificado com Deus ou Natureza. Os estoicos também se referiram à razão seminal ou a lei da geração no Universo, que era o princípio da razão ativa trabalhando em matéria inanimada. Os humanos, também, possuem uma porção do logos divino, fogo e razão primordial que controla e sustenta o Universo.

[1] O período helenístico cobre o período da história do Mediterrâneo entre a morte de Alexandre, o Grande e o desenvolvimento do Império Romano indicado através da Batalha de Actium em 31 AC e a conquista do Egito Ptolemaico no ano seguinte. A antiga palavra grega “Hellas” é a palavra original para Grécia, da qual foi derivada a palavra “helenística”. Durante o período Helenístico a influência cultural e o poder gregos atingiram o pico de sua expansão geográfica, sendo dominadora no mundo Mediterrâneo e na maior parte da Ásia Central e Ocidental, mesmo em regiões do subcontinente Indiano, experimentando prosperidade e progresso nas artes, exploração, literatura, teatro, arquitetura, música, matemática, filosofia e ciência. É muitas vezes considerado um período de transição, algumas vezes até de decadência ou degeneração, comparado ao iluminismo da era clássica Grega.
[2] Sêneca, o Jovem (cerca de 4 AC e 65 DC), nascido Lucius Annaeus Seneca e conhecido simplesmente por Seneca, foi um filósofo estoico, estadista, dramaturgo e sátiro romano da Idade de Prata da literatura latina. Nascido em Córdoba, Espanha e criado em Roma, foi treinado em retórica e filosofia. Seu pai foi Sêneca, o Velho, seu irmão mais velho, Junius Gallio Annaenus e seu sobrinho o poeta Lucano. Em 41 DC, Sêneca foi exilado para a Ilha de Córsega pelo Imperador Claudius que lhe permitiu o retorno em 49 DC, para tornar-se o tutor de Nero. Quando Nero tornou-se imperador, em 54 DC, Sêneca tornou-se seu Conselheiro e junto com o prefeito pretoriano Sextus Afranius Burrus, obteve um governo competente para os primeiros cinco anos do reinado de Nero. A sua influência sobre Nero declinou com o tempo e em 65 DC Sêneca foi forçado ao suicídio por alegada cumplicidade na conspiração para assassinar Nero, em que parece ter sido inocente. Seu estoico e calmo suicídio tornou-se motivo de vários quadros.
[3] Epictetus (cerca de 55 a 135 AD) foi um filósofo estoico grego nascido escravo em Hierópolis, Frígia (hoje na Turquia), que viveu em Roma até ser banido, quando foi para Nicopolis, noroeste da Grécia, para o resto de sua vida. Seus ensinamentos foram escritos e publicados por seu aluno Arrian em seus “Discursos” e “Enchiridion”. Epictetus ensinou que filosofia é um meio de vida e não apenas uma disciplina teórica. Para Epictetus, todos os eventos externos estão além do nosso controle; deveríamos aceitar calma e desapaixonadamente tudo o que acontece. Contudo, os indivíduos são responsáveis por suas próprias ações, que eles podem examinar e controlar através de rigorosa autodisciplina.
[4] Logos, palavra de origem grega, é um termo da filosofia, psicologia, retórica e religião ocidental, com um significado variável de solo, pleito, opinião, expectativa, palavra, discurso, consideração, razão e proporção. Tornou-se um termo técnico na filosofia ocidental, começando com Heraclitus (535 – 475 AC) que usou o termo como um princípio de ordem e conhecimento.
[5] O Neoestoicismo foi um movimento filosófico sincrético que se juntou ao Estoicismo e ao Cristianismo, influenciado por Justus Lipsius (18/10/1547-23/03/1606), um filologista, filósofo e humanista flamengo que escreveu uma série de trabalhos visando reviver o Estoicismo, numa forma compatível com o Cristianismo, o mais famoso deles, “De Constantia” (Sobre a Constância). Sua forma de estoicismo influenciou um bom número de pensadores contemporâneos, criando o movimento intelectual do Neoestoicismo. Ensinou nas Universidades de Jena, Leiden e Leuven.
[6] Chrysippus de Soli (cerca de 279 a 206 AC) foi um filósofo estoico grego nativo de Soli, Cilícia, que se mudou para Atenas ainda jovem, onde tornou-se um aluno de Cleanthes na escola estoica. Quando Cleanthes morreu, cerca de 230 AC, Chrysippus tornou-se o terceiro líder da escola. Escritor prolífico, Chrysippus expandiu as doutrinas fundamentais de Zeno de Citium, o fundador da Escola, o que lhe rendeu o título de Segundo Fundador do Estoicismo.
[7].O Monismo atribui unicidade a um conceito qualquer, por exemplo, a existência. Uma filosofia é monística se ela postula unidade na origem de todas as coisas, como se todas as coisas retornassem a uma fonte distinta delas. Os estoicos ensinavam que há somente uma substância, identificada como Deus.
[8] Cleanthes (cerca de 330 AC a cerca de 230 AC), de Assos (atual Turquia), foi um filósofo estoico grego sucessor de Zeno de Citium como o segundo da escola estoica em Atenas. Originalmente um boxeador, ele foi para Atenas onde aderiu à filosofia, atendendo às palestras de Zeno. Conseguiu se manter trabalhando como carregador de água durante a noite. Após a morte de Zeno, cerca de 262 AC, tornou-se o principal da escola, mantendo o posto pelos 32 anos seguintes. Cleanthes preservou e desenvolveu as doutrinas de Zeno com muito sucesso.
[9] Panteísmo é a crença de que realidade e divindade são idênticas ou que todas as coisas compõem um deus amplo e imanente. Imanente aqui visto como aquele que faz parte, de maneira inseparável, da essência de um ser ou de um objeto, ou seja, que está contido na parte da experiência possível, fazendo com que a realidade seja percebida através da utilização dos sentidos. A crença panteísta não reconhece um deus pessoal distinto antropomórfico, mas em vez disso caracteriza um amplo campo de doutrinas que diferem em formas de relacionamentos entre realidade e divindade. O conceito panteístico retroage a milhares de anos e seus elementos têm sido identificados em várias tradições religiosas. O termo “panteísmo” foi cunhado pelo matemático Joseph Raphson, em 1697 e desde então tem sido usado para descrever as crenças de uma grande quantidade de pessoas e organizações.
[10] A lógica é um raciocínio conduzido ou avaliado de acordo com estritos princípios de validade. É a ciência que estuda os princípios de um correto raciocínio.
[11] Um silogismo (conclusão ou inferência) é uma espécie de argumento lógico que aplica um raciocínio dedutivo para chegar a uma conclusão baseada em duas ou mais proposições consideradas ou supostas verdadeiras. Alguns dos primeiros silogismos foram definidos na Escola Nyaya (uma das seis antigas escolas ortodoxas do Hinduismo) de pensamento. Em uma forma definida por Aristóteles, da combinação de uma declaração geral (a premissa principal) e de uma declaração específica (premissa secundária), uma conclusão é deduzida. Por exemplo, sabendo-se que todos os homens são mortais (premissa principal) e que Sócrates é um homem (premissa secundária), podemos validamente concluir que Sócrates é mortal.
[12] Em filosofia, “ser” significa a existência de algo. Qualquer coisa que exista tem “ser”. Ontologia é o ramo da filosofia que estuda o “ser”, um conceito que engloba características objetivas e subjetivas de realidade e existência. Qualquer coisa que participa num “ser” é também chamado de “ser”, embora muitas vezes esse uso seja limitado a entidades que tenham subjetividade (como na expressão “ser humano”). A noção de “ser” tem, inevitavelmente, sido vaga e controversa na história da filosofia, iniciando na filosofia ocidental com tentativas entre os pré-socráticos, para usá-la de forma inteligível.
[13] Doxografia é um termo usado especialmente para os trabalhos de historiadores clássicos, que descrevem os pontos de vista de filósofos e cientistas do passado. O termo foi cunhado pelo estudioso clássico alemão Hermann Alexander Diels.
[14] "Episteme" é um termo filosófico derivado de uma antiga palavra grega, que pode referir-se a conhecimento, ciência ou entendimento que, por sua vez se origina de um verbo que significa conhecer, entender ou estar acostumado com algo ou alguém. Platão contrasta “episteme” com “doxa”, que seria uma crença ou opinião comum. “Episteme” é também distinguida de “techne”, uma ocupação ou prática especializada. A palavra “epistemologia” é derivada de “episteme” e seria o estudo do conhecimento ou entendimento.
[15] De acordo com a ciência antiga e medieval, o Éter, também chamado de Quintessência, é o material que enche a região do Universo acima da esfera terrestre. Esse conceito foi usado em certas teorias para explicar vários fenômenos naturais, tais como a viagem da luz e da gravidade. Pelo final do século XIX, os físicos postularam que o éter permeava por todo o espaço, proporcionando um meio através do qual a luz poderia viajar no vácuo. Entretanto, a presença de tal meio não foi detectada no experimento Michelson-Morley, criado para este fim, tal resultado sendo interpretado como significando que tal éter não existe.

Conclui com a Parte 2

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