Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

domingo, 6 de outubro de 2013

HISTÓRIA DOS REIS DA INGLATERRA A PARTIR DE 1066 (PARTE 1)

INTRODUÇÃO

A minha atração pela Inglaterra, em particular, e pelo Reino Unido, em geral, é facilmente explicável e acho importante que a divulgue. Eu olho para trás e parece que foi ontem, mas foi no já longínquo ano de 1972 que, como engenheiro concursado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desde 1969, como parte de um grande projeto da UNESCO instalado no Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, fui contemplado com uma bolsa de estudos da mesma organização, para um estágio de aperfeiçoamento na Inglaterra e na França. Esse estágio, iniciado no mês de setembro, teve uma duração de doze meses, muito bem aproveitados, oito dos quais passados na Inglaterra, sediado em Londres, sob os cuidados do British Council, e os demais numa pequena cidade do Maciço Central francês, Brive-La Gaillarde, com o apoio da Electricité de France (EDF).
Na Inglaterra, meu tempo foi dividido entre disciplinas selecionadas de um curso de mestrado em Hidrologia, junto ao "Imperial College of Sciences and Technology", visitas a organizações londrinas ocupadas nas áreas de Hidrologia e Hidráulica e visitas a instituições práticas e de ensino nas áreas de Hidrometria e Modelos Hidráulicos Reduzidos, espalhadas por toda a Inglaterra. Só com essas viagens a serviço, já tive a oportunidade de conhecer locais maravilhosos, já perdidos na memória. Um desses locais, de que nunca me esqueci, foi a cidade de Nottingham, East Midlands da Inglaterra, famosa por suas ligações com o legendário Robin Hood.
Por outro lado, acompanhado da minha esposa e da filha que tínhamos à época, logo que cheguei comprei um pequeno "mini Morris" - que servia muito mais para os pequenos deslocamentos em Londres do que para o trabalho -, associei-me a uma organização de turismo conhecida como "AA" (Automobile Association), que fornecia maravilhosos mapas extraordinariamente bem detalhados, e aproveitamos todos os nossos fins de semana, feriados e os longos feriados de Natal e Ano Novo para viajar por toda a Grã Bretanha. E como viajamos! Apenas para ilustrar, passamos o 31 de dezembro de 1972 numa cidade da Escócia, chamada Inverness, ao norte do famoso Lago Ness, já às margens do Mar do Norte. Além disso, conhecemos a Grã Bretanha de norte a sul e de leste a oeste, vendo por todo o lado maravilhosas construções e belezas naturais indescritíveis, sempre acompanhadas da maravilhosa educação "british", para quem também é bem educado.
Esta, em poucas linhas, a origem do meu amor pela Grã Bretanha. Depois dessa viagem já retornei àquele maravilhoso e tão organizado país, para visitar amigos, numa curta estadia. Mas ainda sonho em retornar para uma viagem mais longa que me permita conhecer muitas outras maravilhas ainda desconhecidas.
Para publicar neste meu "blog" a história sobre o "Rei Arthur", tive que pesquisar muito sobre a a própria história da Inglaterra e minha admiração sobre o país retornou. Naquela publicação, embora o "Rei Arthur" histórico tenha vivido no século V, fiz uma incursão pouco detalhada até a invasão da Inglaterra pela Normandia, porque foi naquela época que os romancistas ressuscitaram o mito do "Rei Arthur" pintando-o com as cores que atualmente conhecemos. Então, para fechar o ciclo da história inglesa, tive a ideia de escrever algo sobre os reis da Inglaterra, daquela época até a atualidade. Sem dúvida, um desafio, pelo tamanho da obra, razão pela qual resolvi escrever um pouco sobre cada rei deste período, apenas incorporando algo sobre a Inglaterra e um ou outro fato mais notável da sua época. Esta a tarefa a que me proponho nesta publicação que será, mais uma vez, feita em capítulos.


INGLATERRA NORMANDA (1066 – 1154)

UM RETROSPECTO À CONQUISTA

A Normandia (em inglês Normandy e em francês, Normandie) da época de que falamos apresenta um significado geográfico e político bem diverso do atual. Àquela época, a Normandia não era habitada nem governada por franceses. A região era então habitada e governada por descendentes dos antigos Vikings que haviam recebido a terra para nela se radicarem, como recompensa por serviços prestados. O Ducado da Normandia foi uma entidade independente entre 911 e 1204 que, geograficamente, corresponde grosso modo à atual região francesa da Normandia. O ducado foi estabelecido em 911, no tratado de Saint-Clair-sur-Epte, que conferiu a Rollo, um líder Viking, o estatuto de conde, de forma a funcionar como um feudo do Rei da França. As suas terras eram compostas pelos condados de Ruão (que se tornou capital), Pays de Caux e Talou, colonizados pelos Vikings. Mais tarde, foram acrescentados outros territórios. O primeiro senhor do ducado da Normandia a ser conhecido como duque foi Ricardo II. Por um século e meio que se seguiu à conquista normanda da Inglaterra em 1066, a Normandia e a Inglaterra foram ligadas por governantes normandos e francos.
A Normandia à época da invasão, no norte da França, em
frente ao Canal da Mancha (English Channel)
Quando William, então duque da Normandia, derrotou Harold Godwinson, ele estava conquistando, na verdade, uma nação de colaboradores. A história da invasão normanda não começou em 1066, mas 50 anos antes, com outra invasão e outro grupo de Norsemen (abreviatura de North Men, “os homens do norte”).
Em 1016, Cnut, rei da Dinamarca, tomou o reino da Inglaterra explorando amargas rivalidades entre o rei Aethelred Unraed, seu filho Edmund Ironside e seus mais próximos conselheiros. A posse de Cnut era esperada: muitos magnatas ingleses tinham se alinhado para tal possibilidade – entre eles, Eadric, mandatário do condado de Mercia, cuja traição na batalha de Ashingdon entregou o trono a Cnut. Eadric, entretanto, não teve a recompensa que esperava. No Natal de 1017 Cnut surpreendeu os ingleses com o assassinato de Eadric, seus partidários e todos os membros da família real de Aethelred em que pode por as mãos. Somente Edward e seus irmãos, os filhos mais jovens de Aethelred, sobreviveram fugindo para a Normandia, onde pediram refúgio ao Duque Richard II, irmão de sua mãe Emma.
No lugar dos magnatas assassinados, Cnut colocou seus próprios homens, dinamarqueses e ingleses, que lhe eram leais. Destes, os mais proeminentes eram os condes Leofric e Godwine, que prosperaram sob o novo regime dinamarquês e com ele aprenderam duas importantes lições: traidores nunca eram confiáveis, mas a colaboração sempre paga. Cnut também assegurou a sua posição casando-se com Emma, assim mantendo uma ligação com o velho regime e assegurando que o Duque da Normandia não viria em favor do despojado Edward.
Edward, o Confessor
Edward passou os 30 anos seguintes sob a proteção de seu tio Richard II e seus sucessores, durante os quais fez muitos amigos, entre eles Eustace da Bolonha e o bretão Ralph the Staller. No seu retorno à Inglaterra, em 1042, como Edward, o Confessor, após a morte de Harthacnut, filho de Cnut, os Godwines haviam prosperado muito. Para equilibrar o arrogante poder da família Godwine, Edward aliou-se com os condes Leofric e Siward, inimigos de Godwine, e promoveu a seus amigos o notório grupo chamado “Frenchmen”, constituído por nobres normandos e franceses como os quais Edward havia compartilhado sua jovem vida de adulto.
Entrementes, a Normandia enfrentava a sua própria crise sucessória. Robert, filho de Richard II, havia morrido em 1035, deixando um filho bastardo de 8 anos, William, como seu herdeiro. Seus anos de formação foram imersos em assassinatos, exílios e guerras civis, dos quais emergiu em 1047, na Batalha de Val-ès-Dunes, como o poder dominante na Normandia, com sua capital em Rouen, um próspero povoado de comércio. William era um homem grande, de aparência e vigor extraordinários, além de cruelmente eficiente e, graças à sua infância, ganhou lealdade pessoal e os inquebrantáveis laços da família, acima de todos os demais. Para tanto, ele promoveu seus dois meio-irmãos a posições chaves. Em 1050 ele casou com Matilda, filha do Conde de Flanders, no que parece ter sido um genuíno jogo de amor. Apaixonado por sua esposa, confiou em seu julgamento o suficiente para deixa-la mais tarde como sua regente na Normandia.
William da Normandia,
conquistador da Inglaterra
Edward ao contrário, já um velho, havia passado a sua vida de adulto esperando pela chance de tornar-se o rei da Inglaterra e, tendo finalmente conseguido, viu seu poder restringido pelos assuntos sobre poderosos de seus predecessores, a ponto de ser forçado a casar-se com Edith, filha de Godwine, num casamento de dinástica conveniência. Dizem os cronistas que tanto desprezou sua esposa que nunca consumou o seu casamento; ao invés disso, “encontrou a Deus”, envolvendo-se em obras piedosas, a mais duradoura delas sendo as bases da Abadia de Westminster. Assim, em 1051, certamente ele sabia que não teria filhos enquanto permanecesse casado com Edith. Para atuar contra os Godwines, Edward usou uma disputa entre Eustace da Bolonha e o Conde Godwine, disparada durante um incidente em Dover. Sob as ordens do Rei, Eustace tentou tomar a cidade. Godwine resistiu e chamado a explicar-se optou por exilar-se com seus filhos ao invés de enfrentar um tribunal tendencioso. Edward imediatamente livrou-se de Edith e, no mesmo ano de 1051, William da Normandia chegou para uma visita à Inglaterra.
As crônica normandas posteriores dizem que nesta visita Edward ofereceu a William a coroa da Inglaterra, fato difícil de acreditar uma vez que ele detinha, na ocasião, a mais poderosa posição que alcançava desde sua posse em 1042. Entretanto também é possível que Edward, não tendo sucessores, tivesse escolhido entregar o futuro do reino nas mãos da família de seu velho amigo e protetor, cuja fecundidade já teria sido provada com o nascimento de Roberto, filho de William. De qualquer forma, a promessa, nesse ponto, era totalmente inútil, embora William não a visse desta forma.
Os Godwines retornaram à Inglaterra em 1052, ainda mais poderosos que antes e os Frenchmen de Edward foram forçados a abandonar o reino. Com a morte de Godwine, em 1053, seu manto foi tomado por seu filho Harold Godwinson. Em 1055, o conde Siward, da Northumbria, morreu enquanto seu filho Waltheof era ainda muito jovem para sucedê-lo; Harold agiu para que seu irmão Tostig assumisse o cargo, reforçando a posição da clã Godwine no reino. Por 1064, era óbvio que Edward morreria sem sucessor, aumentando as chances de Harold vir a tornar-se rei, corajoso, capaz guerreiro e astuto político que era, formando alianças com antigos inimigos necessários a política real do seu mundo.
Entrementes, William havia se tornado tão poderoso que seus antigos aliados haviam se unido contra ele, forçando-o a defender sua posição. Por 1060, Henry I da França e Geoffrey de Anjou haviam morrido deixando débeis sucessores, motivando William a expandir suas posses com um objetivo: a posição vulnerável da Normandia, cercada por três lados, fê-lo dirigir suas ações, de 1062 para diante, na garantia da sua segurança e do patrimônio pessoal dos seus duques.
Ninguém pode garantir por que Harold visitou a Normandia em 1064, mas fontes normandas dizem que ele teria sido enviado por Edward para confirmar a coroa a William, ao passo que fontes inglesas sugerem que ele estaria indo à França, tendo naufragado em seu caminho e acabado na Normandia. Outras ainda sugerem que ele teria visitado William num esforço de negociação para libertar seu irmão Wulfnoth, refém em sua corte. Certo é que Harold aportou na província normanda de Ponthieu, onde foi preso pelo Conte Guy de Ponthieu, instado por William a libertá-lo, no que prontamente atendeu.
A visita terminou com Harold fazendo o seu infame juramento a Williams, eloquentemente descrito pelo historiador anglo-normando Orderic Vitalis: “O próprio Harold havia feito um juramento de fidelidade ao Duque William, em Rouen, na presença de nobres normandos, e após tornar-se seu homem, havia jurado, sobre as mais sagradas relíquias, executar tudo o que lhe fosse solicitado. Após isso, o Duque (William) havia levado Harold para uma expedição contra Conan II, conde da Britânia, e lhe dado esplêndidas armas e cavalos, além de aquinhoá-lo, e aos seus companheiros, com vários outros penhores.” A campanha na Britânia de fato ocorreu e dela Harold saiu consagrado como verdadeiro herói, o que justificaria figuras da "Bayeux Tapestry"(1)  que sugerem que Harold teria sido honrado por atos heroicos durante a campanha, recebendo os presentes e então jurando fidelidade a Williams.
Há muita controvérsia sobre os reais motivos que provocaram todo o episódio relatado, mas o que é certo é que Williams o levou muito a sério, posteriormente proclamando como grande ato de perjúrio o fato de Harold não entregar-lhe a Inglaterra, assim motivando a grande invasão normanda. De fato, Harold, que já pensava como rei da Inglaterra, pode ter feito o que fez, apenas pensando em ver-se de uma vez livre de Williams e poder escapar da perigosa posição em que se encontrava, retornando são e salvo ao seu país, para poder reunir o apoio que necessitava para fazer o seu lance. Em uma passagem carregada de percepção, o cronista Eadmer mostra Edward admoestando Harold em seu retorno: “Eu não lhe disse que conhecia William e que a sua ida poderia trazer inenarrável calamidade sobre este reino?”
Quando em 1065 o povo da Northumbria rebelou-se contra o cruel governo do novo conde Tostig, irmão de Harold, Edward negou-lhe socorro e Harold, ao invés de ajuda-lo, usou a oportunidade para conseguir o apoio do outro grande poder na terra, a família de Leofric. Edwin, neto de Leofric, era então o conde de Mercia e quase tão forte quanto Harold, mas seu irmão Morcar, ainda não possuía um condado. Harold fez um acordo: ele apoiaria Morcar na Northumbria, contra seu próprio irmão Tostig e também contra o herdeiro de direito, Waltheof, se a família de Leofric esquecesse sua velha inimizade com os Godwines e apoiasse as pretensões de Harold ao trono inglês. Tostig fugiu para o exílio jurando vingança contra seu irmão e a cena estava montada para os trágicos eventos de 1066.
OS EVENTOS DE 1066
Harold Godwinson ou
Harold II da Inglaterra

No mesmo ano de 1066 morreu Edward e foi coroado Harold, na Catedral de Westminster, pelo arcebispo Stigand de Canterbury e pelo arcebispo Ealdred de York. Ao mesmo tempo em que William da Normandia reclamava para si o trono inglês, invocando a “promessa” de 1051 e o “juramento” de 1064 - além do fato de que o bisavô de William era o avô materno de Edward; para tanto, invocou a ativa cooperação dos seus nobres na grande aventura que planejava, invadir a Inglaterra e tornar-se o rei inglês. Para tanto, não bastava exigir o apoio dos seus nobres, era necessário convencê-los da ideia, mostrar que tinha a lei e Deus ao seu lado. Para isso, tomou elaboradas medidas para garantir que tinha forte apoio e enviou um diplomata ao Papa, pedindo a sua benção.
William só iniciou os planos para a invasão após a solicitação de Tostig para apoiá-lo numa projetada invasão da Northumbria, a alavanca de que necessitava. Além disso, Tostig atraiu a ajuda do rei norueguês Harald Hardrada, um aventureiro que tentava recriar o reino Viking da Northumbria, mas teve a sua primeira tentativa abortada em maio de 1066, quando Harold convocara o “fyrd”(2)  inglês para estar pronto para a frota de invasão que William havia construído e reunido em Rennes, costa normanda.
Costa da Normandia e acessos
na Inglaterra
Ao invés de atacar, William observava e esperava, fazendo meticulosos preparativos que incluíam a reunião dos grandes magnatas da Normandia, para participar da consagração da nova abadia de sua esposa Mathilda, em St. Etienne, Caen, em 18 de junho de 1066, onde William pediu a benção de Deus ao seu plano de invasão, assegurando que também tinha o respaldo dos homens.
Em agosto, o “fyrd” inglês clamava por sua liberação para que pudessem realizar sua colheita e Harold teve que liberá-los.
A 20 de setembro do mesmo ano, Harald Hardrada e Tostig velejaram rio Ouse acima, com mais de 10.000 homens em 200 navios, para lançar sua tão esperada invasão da Northumbria. Os condes Edwin e Morcar seguiram para enfrenta-los com um exército apressadamente reunido e constituído, principalmente, por seus próprios serviçais pessoais e suas forças foram dizimadas em Fulford, arredores de York.
A foz do rio Ouse. A noroeste York e Fulford, onde as
forças de Edwin e Morcar foram dizimadas
Harold reagiu juntando o que pode encontrar e rumou para o norte reunindo no caminho todos os homens dos condados que conseguiu alistar. Marchou 180 milhas em quatro dias, para surpreender Hardrada e Tostig a leste de York, em Stamford Bridge, a 25 de setembro. Ainda antes da batalha começar, Harold ofereceu a Tostig o seu reino, de volta, se ele trocasse de lado, mas ele rejeitou, pois sustentavam uma forte posição na ponte da praia nordeste do rio Derwent. Quando a ponte tombou, a batalha terminou com a morte de Hardrada e Tostig, a um preço muito alto. O exército de Harold estava cansado e muito judiado e ele havia perdido as forças do Conde da Northumbria e do Conde de Mercia.
Após um ataque cuidadosamente preparado, dois dias após a queda de Stamford Bridge, William finalmente agiu, velejando o Canal da Mancha com uma frota de 700 navios no clássico estilo escandinavo, aportando e fixando seus primeiros acampamentos em Wilting Manor (muitas fontes costumavam citar Pevensey, provavelmente por ser o porto conhecido da costa, à época), à margem de Hastings. Então os normandos pilharam e incendiaram as redondezas para forçar Harold a vir em defesa do povo.
Cenário geral das operações no ano de 1066, na Inglaterra
Harold não hesitou e pôs-se em marcha com seu exército entrando em Londres a 12 de outubro, reunindo as forças que podia para enfrentar William e a 14 de outubro marchou para Hastings com pouco mais de 5.000 homens exaustos e com os pés totalmente feridos pelas caminhadas, para enfrentar a força normanda de 15.000 infantes, arqueiros e cavalaria. Por falta de escolhas, travou uma batalha defensiva. A tática de permitir que os ataques dos normandos se desfizessem contra a exaltada parede inglesa de escudos deu resultado por algum tempo, sem permitir qualquer progresso do lado dos normandos. Houve um momento em que os soldados normandos iniciaram uma debandada, crendo que William havia sido morto, mas quando ele próprio se revelou intacto, a fuga foi contida e, finalmente, a parede inglesa ruiu e com ela os seus chefes. Gyrth e Leofwine, os dois irmãos remanescentes de Harold, são pintados na Bayeux Tapestry, sendo mortos e seguidos por Harold, que aparece sendo frechado no olho e então abatido e pisoteado por quatro cavaleiros normandos. Embora os ingleses ainda tenham lutado bravamente após a queda do seu rei, a causa estava perdida e eles acabaram fugindo durante a noite.
Morte de Harold II, em batalha
O corpo de Harold foi posteriormente recuperado após uma longa busca, mas sua face achava-se tão desfigurada que foi preciso chamar sua amante Edith para identifica-lo. Harold foi incialmente enterrado próximo ao campo de batalha com a lápide: “Aqui jaz Harold, Rei dos ingleses”. Após seu nome ter sido esquecido, pela propaganda normanda, a lápide foi retirada e seu corpo desenterrado e conduzido à abadia de Harold, em Waltham.

(1) The Bayeux Tapestry (Tapeçaria de Bayeux) é uma fazenda bordada – não uma tapeçaria real – com aproximadamente 70 metros de comprimento, que descreve os eventos que conduziram à conquista normanda da Inglaterra, relativa a William, Duque da Normandia, e Harold, Conde de Wessex, mais tarde Rei da Inglaterra, culminando com a Batalha de Hastings. Embora o seu nome, ela foi confeccionada na Inglaterra, na década de 1070, e não em Bayeux, França.
(2) O “fyrd”, desde o tempo dos anglo-saxões, era um exército mobilizado através de homens livres para defender o seu condado, ou a partir de representantes selecionados para se juntarem numa expedição real. O serviço no “fyrd” era, usualmente, de curta duração e os participantes deveriam providenciar suas próprias armas e provisões. A composição desses corpos evoluiu com o passar dos anos, particularmente como uma reação aos ataques e invasões dos Vikings.

Prossegue com a PARTE 2

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