Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

sábado, 25 de abril de 2015

NEIL SEDAKA – UMA HOMENAGEM BRASILEIRA

Esta postagem faz o papel de um interlúdio nas minhas atuais publicações sobre as civilizações antigas, no presente tratando do Egito, para quebrar um pouco o ritmo do humor dos meus leitores.  E gostaria de dedicá-la a um grande amigo de infância, adolescência e adultidade, vizinho de rua e companheiro de muitas aventuras, João Carlos Landell de Moura, o popular "Joãozinho", cujo gosto pelo Neil Sedaka ainda lembro muito bem, na figura da sua composição "Oh Carol".
Com esta postagem quero prestar a minha homenagem pessoal a Neil Sedaka, para a maioria dos brasileiros que já ouviram falar nele, apenas um cantor e compositor (se tanto) das décadas de 1950 e 60, época áurea do “Rock’n’Roll” ou “Rock and Roll”, sem considerar os muitos milhões de brasileiros de hoje que nunca ouviram qualquer referência ao seu nome. Por isso o título da postagem, visto que fora do Brasil, principalmente Estados Unidos e Inglaterra, ele é muito conhecido por toda a sua imensa obra – cujos trabalhos prosseguem até hoje – e pelo seu valor como músico e ser humano. Tenho certeza que mesmo os brasileiros adolescentes e fãs dessas duas décadas, muito pouco conhecem de Neil Sedaka, imaginando que ele tenha sido apenas aquele cantor que conquistou os nossos corações com suas melodias simples que falavam de amor e da alegria de viver daquela época. Esta a ideia dessa postagem: prestar uma homenagem ao profissional e homem Neil Sedaka, trazendo, principalmente ao público brasileiro, alguma informação sobre sua vida pessoal, sua carreira profissional e sua grande obra musical.
No ano de 1960, eu estava em plena adolescência, no auge dos meus 16 anos, cursando o então 2º ano do Científico, no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, correspondente ao penúltimo ano do ensino médio. Era a minha famosa época do “no regrets”, tempo em que os jovens, sem quaisquer exageros, viviam com muito alegria, sem compromissos outros que o de estudar, mas também sem arrependimentos, lamentações ou deplorações, pelo menos graves, a menos que por alguma mágoa de amor... Era a época dos bailes, reuniões dançantes, namoros etc..., poucos etc...
Na verdade, essa nossa maravilhosa fase começara uns poucos anos antes, por 1956 ou 1957. As reuniões dançantes, mais frequentes, em geral nas casas dos amigos e amigas, eram embaladas por discos 78, 45 ou 33 rpm, em geral gravados por cantores americanos porque, afinal, era a época do “rock and roll”. Daquele tempo, Bill Haley & His Comets e Neil Sedaka, foram os que mais me marcaram, sem dúvida. O primeiro como símbolo do “rock” e o outro como, na minha opinião, autêntico representante da nossa fase de adolescentes, porque cantava a alegre e romântica adolescência. É preciso lembrar que, naquela época, tudo que era produzido fora, demorava muito mais tempo para chegar ao Brasil do que hoje; isso acontecia muito com os filmes e as músicas. Por exemplo, “Rock Around the Clock” foi lançado nos EUA em 1954, mas a primeira visita de Bill Haley ao Brasil foi em 1958 e creio que a partir daí foi que ele realmente “deslanchou” por aqui. Havia outros cantores que fizeram muito sucesso nessa época, como The Platters (Only You, 1955), Elvis Presley (Heart Break Hotel, 1956), Paul Anka (Diana, 1957), Brenda Lee (Dynamite, 1957), Little Richard (Tutti Frutti, 1957), Connie Francis (Who’s Sorry Now, 1957) e muitos outros nomes. Entretanto, sem querer ser injusto com ninguém, incluindo os maravilhosos cantores e cantoras italianos e franceses daquela época, o assunto aqui é Neil Sedaka.
Neil Sedaka em 1959, ano da famosa "Oh Carol"
Cantor, compositor, pianista e autor são alguns dos títulos que podem ser usados para descrever Neil Sedaka. Uma carreira de seis décadas anos o marcou como uma das primeiras sensações populares dos adolescentes da década de 1950, um compositor importante para si próprio e outros artistas da década de 1960, uma superestrela da década de 1970 e uma força constante na composição e performance atuais.
Sedaka nasceu em 13 de março de 1939 e seu interesse pela música começou à idade de 8 anos, mas não foi o Rock and Roll que o moldou no músico que ele é hoje, mas sim a música Clássica. Com a idade de nove anos ele já havia iniciado seu intensivo treinamento em piano clássico, na prestigiosa “Julliard School”, opção Música, hoje localizada no “Lincoln Center for the Performing Arts”, no alto West Side de Manhattan, New York City, fundada em 1905. Quando tinha 16 anos, o famoso pianista Arthur Rubinstein elegeu Sedaka como um dos melhores pianistas da New York High School. Embora tenha considerado a obtenção de um Doutorado em música, a próxima escolha de Sedaka tornou-se a sua vocação escolhida.
Ansioso por ganhar aprovação de seus colegas da Abraham Lincoln High School, Sedaka começou a tocar “rock and roll” além do seu treinamento clássico, quando formaria o grupo de Doo-Wop (estilo de música vocal baseado no rhythm and blues – R&B), “The Tokens”, em que gravariam dois simples que se tornariam sucessos regionais. Mas foi a apresentação ao seu jovem vizinho, Howard Greenfield, que daria início à mais prolífica parceria do último meio século, que vendeu quarenta milhões de gravações entre 1959 e 1963.
Sedaka e Greenfield tornaram-se um dos criadores originais do “Brill Building Sound”, ao final dos anos 1950 e início dos anos 1960, quando foram os primeiros a assinar com Don Kirshner e Al Nevins na “Aldon Music”, que assinaria também com Neil Diamond, Carole King e Paul Simon entre muitos outros, que se tornaram o centro do mundo pop. O Brill Building (Brill era um comerciante de roupas que operava uma loja no térreo e posteriormente comprou o prédio) é um edifício de escritórios construído em 1931, com projeto de Victor Bark Jr, localizado na Broadway 1619 com a rua 49ª, no distrito dos teatros, Manhattan, New York, ao norte de Times Square. Ele é famoso por abrigar escritórios e estúdios da indústria da música onde algumas das mais populares melodias da música popular americana foram escritas. O prédio tem 11 andares e aproximadamente 16.260 metros quadrados de área de aluguel. Ainda antes da Segunda Grande Guerra o prédio tornou-se um centro de atividade da indústria da música popular, especialmente composição e edição. O nome Brill Building tem sido amplamente adotado como um termo símbolo para uma ampla e influente corrente de tendências da música popular americana, fortemente influenciada pela música latina, o gospel tradicional e o R&B, que desfrutaram de grande sucesso comercial ao final dos anos 1950 e durante toda a década de 60. O termo “Brill Building Sound” é impreciso, contudo, dado que muita da música assim categorizada também veio de outros locais. Muitos dos compositores dessa área se projetaram enquanto mantinham contrato com a “Aldon Music”, uma editora de música fundada em 1958 pelo empreendedor musical Don Kirshner e o veterano da indústria Al Nevins.
O disco que lançou "The Diary", 1958
Sedaka foi “catapultado” ao estrelato com a gravação de seu “Stupid Cupid” por Connie Francis e logo em seguida com a gravação do seu “Where the Boys Are”, para o filme de mesmo nome da MGM, de 1960, seu maior sucesso. As estrelas de R&B Clyde McPhatter e LaVern Baker também obtiveram sucessos com suas canções. Como resultado desses sucessos, Sedaka pode assinar um contrato com a RCA como autor e intérprete de seu próprio material. Logo surgiram nas paradas de sucesso “The Diary” (1958), “Oh! Carol” (1959), “Stairway to Heaven” (1960), “Calendar Girl” (1961), “Little Devil” (1961), “Happy Birthday, Sweet Sixteen” (1961), “Next Door to an Angel” (1962) and “Breaking Up Is Hard To Do” (1962), músicas que se tornaram parte das nossas vidas e instantaneamente nos conduzem, hoje, a momentos muito especiais dos nossos passados.
O sucesso "Oh Carol", disco 48 RPM
Em 1964, a direção da música norte-americana mudou drasticamente com o surgimento dos Beatles e muitos artistas solo homens não conseguiram manter sua carreira na música. Sedaka foi um dos que sobreviveu, por seus muitos talentos como compositor, escrevendo canções para artistas como Frank Sinatra (The Hungry Years), Elvis Presley (Solitaire), Tom Jones (Puppet Man), The Monkeys (When Love Comes Knocking at Your Door) and The Fifth Dimension (Workin’ on a Groovy Thing).
Neil Sedaka reinventou sua carreira solo, em 1972, com o lançamento do álbum “Emergence”, na Inglaterra, quando Elton John resolveu adicioná-lo à sua marca Rocket Records, assim reintroduzindo-o à audiência americana através dos álbuns “Sedaka’s Back”, em 1974, e “The Hungry Years”, em 1975, campeões de venda em todo o mundo.
Seu retorno foi ainda incrementado através de duas de suas canções compartilhadas com Phil Cody, “Bad Blood” e a quintessência “Laughter in the Rain”, ambas atingindo a primeira posição nos quadros de músicas. A canção “Breaking Up Is Hard To Do” foi relançada como balada em 1975 e fez história quando se tornou a primeira canção gravada em duas versões diferentes, pelo mesmo artista, a atingir o número 1 nos quadros.
As honras vertidas sobre Neil Sedaka foram várias, entre as quais citamos a sua introdução ao “Hall of Fame” de compositores, uma estrela na “Calçada da Fama” de Hollywood e nome de rua no Brooklin, seu berço.
No ano de 1997, numa de minhas periódicas visitas a Porto Alegre, minha terra natal, entrei numa casa de discos e perguntei ao rapaz que me atendeu se ele tinha alguma coisa de Neil Sedaka, tendo como certo que ele me responderia nunca ter ouvido falar de tal intérprete. Mas, para minha surpresa ele respondeu que tinha um disco muito interessante, com Neil Sedaka cantando música clássica. Imaginando que ele se tivesse equivocado com relação ao intérprete, pedi-lhe que me mostrasse o disco. E era verdade! Em 1995, Neil Sedaka lançara um CD com 14 clássicos incluindo composições de Chopin, Rachmaninov, Tchaikowsky, Schumann, Puccini e outros, todos letrados e interpretados por ele, que assim realizava, segundo suas próprias palavras, um sonho que o levava de volta às suas raízes de pianista clássico. Um disco que eu recomendo a todos!
Neil Sedaka, ao vivo, em 2005
 Com tão longa carreira, Sedaka nunca deixou de surpreender e tampouco dá sinais de decadência. Em junho de 2004 ele recebeu o prêmio “Sammy Cahn Lifetime Achievement”, da “Academia Nacional de Música Popular/Hall da Fama dos Compositores” em sua 35ª organização anual de entrega de prêmios, em Nova York, como reconhecimento por seus relevantes feitos na promoção dos sucessos dos compositores.
Em 2006 Sedaka concluiu uma turnê de 10 dias no Reino Unido, onde filmou um concerto ao vivo no Royal Albert Hall de Londres, lançado como “Neil Sedaka: The Show Goes On”. Durante este histórico acontecimento, Sedaka foi agraciado com o “Guinness Award” por sua canção “(Is this the way to) Amarillo”, como o simples de maior venda do século XXI no Reino Unido, uma canção originalmente interpretada por Tony Christie, há mais de 35 anos atrás.
Em 24 de abril de 2007 Sedaka lançou “The Definitive Collection”, uma retrospectiva em honra do seu 50º aniversário no “show business”, que debutou em 22º lugar no Billboard Chart, marcando o seu reaparecimento no quadro desde 1980. Em 26 de outubro do mesmo ano Sedaka foi honrado com um tributo no Avery Fisher Hall, do Lincoln Center de New York: “Neil Sedaka: 50 Anos de Sucessos”, em benefício à Fundação Elton John da AIDS, que apresentou suas canções interpretadas por Connie Francis, Dion, Paul Shaffer, Natalie Cole, Clay Aiken, Renee Olstead e Captain & Tenille. O acontecimento foi apresentado por Cousin Brucie Morrow e David Foster; Elton John e Barry Manilow enviaram seus vídeos de tributo por suas ausências.
Neil Sedaka é casado há 50 anos com a mesma esposa Leba e têm dois filhos: Dara, uma artista e vocalista de TV e comerciais de rádios, e Marc, um roteirista de sucesso em Los Angeles; os netos já são três: as gêmeas Amanda e Charlotte e o neto Michael.
Em 2010, inspirado por seus netos, Sedaka lançou “Waking Up Is Hard To Do”, uma coleção de sucessos reinventados como canções de crianças, como uma colaboração em família em que Marc adaptou quatro canções clássicas de seu pai e as gêmeas de cinco anos fizeram sua estreia como vocalistas de fundo. Desde o lançamento do CD, a “Imagine Publishing” começou a liberação de uma séria de livros baseados nessas canções. Em setembro de 2010 foi lançado “Waking Up Is Hard To Do”; “Dinosaur Pet”, com a nova letra de Marc para “Calendar Girl”, foi lançada em maio de 2012, alcançando o terceiro posto na lista de best-sellers do New York Times.
Em maio de 2010 Sedaka foi premiado com o “Special International Award From The Ivors” em honra de sua excelência na composição de canções. Em 8 de outubro recebeu do “Variety Club” a “Silver Heart Award”, por seu relevante serviço à indústria da música e seu trabalho de caridade.
Sedaka retornou às suas raízes clássicas compondo sua primeira peça sinfônica, “Joie de Vivre”, e seu primeiro concerto para piano, “Manhattan Intermezzo”, gravadas em outubro de 2010, com a Orquestra Filarmônica de Londres, no famoso “Air Studios”, em Londres.
O mito Neil Sedaka em 2013
Além dessa extensa programação mundial, Sedaka lançou em 2013 “The Real Neil”, um CD de material original seu, incluindo poucos de seus clássicos. Há nesse CD canções admiráveis, como é o caso de “Beginning to Breath Again”, “New York City Blues” (orquestrado) e “You”, apenas para citar algumas. É o primeiro álbum acústico de Sedaka, “apenas piano e voz, a pura forma de canção, da forma como as escrevo”, segundo suas próprias palavras. O CD marca o lançamento oficial de “Manhattan Intermezzo”, uma joia da música clássica.
São todas essas venturas mencionadas que transformam Neil Sedaka, este músico consumado, extraordinário vocalista e eterno talento da composição, numa verdadeira lenda viva. Pessoalmente, eu já me contentaria com o papel que Neil Sedaka representou em nossa juventude, com as horas de prazer que nos proporcionou através da criação e interpretação das maravilhosas canções que embalaram os sonhos da nossa longínqua adolescência.

2 comentários:

Wellington Garcia disse...

Eu tenho a sua idade. Que maravilhosa homenagem ao nosso inesquecível Neil Sedaka. Que bom que não estou sozinho nessa jornada de saudade de uma época mágica.

Nelson Azambuja disse...

Meu Prezado Wellington:
Muito obrigado pelo seu comentário. Neil Sedaka foi um dos dois maiores símbolos da minha adolescência e da minha querida esposa.
Adquiri o Covid 19 e tive que ser internado. Saí ontem e estou me recuperando muito bem. Suas palavras me fizeram muito bem. Muito obrigado novamente e um grande abraço.
Nelson Azambuja.