Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

BREVE HISTÓRIA DAS ORIGENS DE PORTUGAL - PARTE II

INVASÃO DOS BÁRBAROS
Em 409 DC, os chamados povos bárbaros, compostos principalmente por Suevos, Vândalos e Visigodos, todos de origem germânica, além dos Alanos, de origem persa, fixam-se na Hispânia. Em 411 DC estes povos dividem entre si o território: os Vândalos ocuparam a Galécia e a Bética, os Suevos, a região ao norte do Douro, enquanto os Alanos ocuparam as províncias da Lusitânia e a Cartaginense. Algum tempo depois, ocorreu a entrada dos Visigodos, na península, a serviço do Império Romano, com o objectivo de subjugar os invasores anteriores.
De todos estes povos, os Suevos e os Visigodos seriam aqueles que teriam uma presença mais duradoura no território que é hoje Portugal. Estabelecendo a capital do seu reino em Braga, os Suevos dominaram um território que também incluía a Galiza e chegam a dominar a parte ocidental da Lusitânia. Estabelecidos na condição de federados do Império Romano, os Suevos eram pagãos, tendo sido evangelizados por S. Martinho de Dume e convertidos ao catolicismo. A partir de 470 DC crescem os problemas do reino suevo com o vizinho reino visigodo. Em 585 DC o rei visigodo Leovigildo toma Braga e anexa o reino suevo. A partir daqui toda a Península Ibérica fica unificada sob o reino visigodo (com excepção de algumas zonas do litoral sul e levantino, controladas pelo Império Bizantino) até à queda deste reino em 711 DC. Os povos bárbaros sempre foram numericamente inferiores à população hispano-romana, razão pela qual foram obrigados à miscigenação étnica e cultural.

OCUPAÇÃO MUÇULMANA
Em 711 DC a Península Ibérica foi invadida pelos muçulmanos do Norte de África (basicamente Berberes com alguma componente de Árabes), comandadas por Tarik ibn-Ziyad, o que obrigou os seus ocupantes bárbaros a recolher-se, principalmente nas Astúrias, uma região no Norte da Península que, pelas suas características naturais, colocava grandes dificuldades ao domínio muçulmano. Estes dominaram partes da península por mais de cinco séculos: inicialmente sobre o controle do Califado de Damasco, Al-Andalus, mais tarde sob a forma de um emirado e califado e, devido ao colapso deste, em pequenos reinos (Taifas) com autonomias características. Durante um longo período, em nome da recristianização da região, ocorreu um longo processo de lutas, considerado por alguns como parte do movimento de cruzadas, resultando finalmente na completa reconquista do teritório por parte dos cristãos. Os muçulmanos que não foram expulsos ou mortos durante o processo de reconquista, tiveram de aderir aos costumes locais (incluindo o Cristianismo). Não se sabe ao certo o grau existente de mescla com estes berberes na população portuguesa actual, mas há um consenso de que esta mescla existe. É durante esta fase que ocorre o nascimento do Reino de Portugal e de diversos outros reinos na Península Ibérica, vindo estes últimos, posteriormente, a se unificar dando origem ao reino de Espanha.
Al-Andalus foi o nome dado à Península Ibérica pelos seus conquistadores islâmicos do século VIII, tendo o nome sido utilizado para se referir à península, independentemente do território politicamente controlado pelas forças islâmicas.
De início integrado na província norte-africana do império omíada, o Al-Andalus seria um emirado (756–929 DC) e posteriormente um califado independente do poder abássida (929–1031 DC). Com a dissolução do califado em 1031 DC, o território pulverizou-se em vários reinos Taifa.
Com a reconquista dos territórios pelos cristãos, descendentes dos godos, que se refugiaram na região das Astúrias, no norte da península, num processo que ficou designado historicamente por Reconquista, o nome Al-Andalus foi-se adequando ao cada vez menor território sob ocupação árabe-muçulmana, na metade sul da península, aproximadamente a mesma área da antiga província romana Hispânia Bética, cujas fronteiras foram progressivamente empurradas para sul, até à tomada de Granada pelos Reis Católicos, em 1492.

A RECONQUISTA
A Reconquista (também referenciada como Conquista cristã) é a designação historiográfica do movimento cristão, com início no século VIII que visava à recuperação, pelos Visigodos cristãos, das terras perdidas para os árabes durante a invasão da Península Ibérica.
Se rápida foi a ocupação muçulmana da Península Ibérica, a reconquista pelos Visigodos foi francamente mais lenta.
Este processo gradual originou o nascimento de pequenos reinos que iam sendo alargados à medida que a Reconquista era bem sucedida.
Primeiro, o Reino das Astúrias, que viria a dividir-se entre os filhos de Afonso III das Astúrias, após a sua morte. Assim nasciam os reinos de Leão e Galiza e, mais tarde, de Navarra e Aragão e de Castela, sendo que este compreendia já as terras de Portucale, que correspondia, mais ou menos, aos territórios que hoje fazem parte de Portugal, até à cidade de Coimbra.
A guerra tinha um só objectivo: a reconquista das terras com tudo o que nelas existia. A idéia de “cruzada” só veio a surgir na época das Cruzadas (1096). A reconquista de todo o território peninsular duraria cerca de oito séculos, só sendo completada, como dito acima, em 1492, com a reconquista do reino muçulmano de Granada pelos Reis Católicos. No então teritório de Portugal, a reconquista terminou com a conquista definitiva de Silves, pelas forças de D. Afonso III, em 1253. Mais tarde, a expansão marítima portuguesa, precedida pela conquista das praças africanas foi considerada, em parte, como uma continuação da Reconquista.

O NASCIMENTO DE PORTUGAL
Houve, no atual território de Portugal, ao longo do processo de reconquista, dois Condados Portucalenses ou Condados de Portucale distintos: o primeiro, fundado por Vímara Peres após a presúria de Portucale (Porto) em 868 e incorporado ao reino da Galiza em 1071, após a morte do conde Nuno Mendes (e que embora gozando de certa autonomia, constituiu sempre uma dependência do reino das Astúrias/Leão/Galiza), sendo sensivelmente equivalente ao actual Entre-Douro-e-Minho); o segundo, constituído em 1095 em feudo do rei Afonso VI de Leão e Castela e oferecido a Henrique de Borgonha, um burguinhão que veio auxiliá-lo na Reconquista de terras aos Mouros, tendo também recebido a mão de sua filha Teresa de Leão. Este último condado era muito maior em extensão, já que abarcava também os territórios do antigo condado de Coimbra, suprimido em 1091, partes de Trás-os-Montes e ainda do Sul da Galiza (mormente da diocese de Tui). Deve-se notar que Condado é um termo genérico para designar o Território Portucalense, já que os seus chefes eram alternativamente intitulados Comite (conde), Dux (duque) ou Princeps (Príncipe).
Por uma questão de comodidade aludir-se-á, ao longo deste artigo, ao primeiro condado portucalense como Condado de Portucale, e ao segundo como Condado Portucalense, dado serem essas as expressões mais consagradas.
O nome do condado vem do topônimo Portucale, com o qual desde o século IX se designava uma cidade situada perto da foz do Douro, designada de Portus Cale, "Porto de Cale", formado pelo termo latino portus ("porto") e pelo grego kalós ("belo"), donde qualquer coisa como "Porto Belo".
Data assim desse período a expressão terra portucalense ou província portucalense para designar um território distinto que era limitado, ao norte, pela terra bracarense, e ao sul, pelo rio Vouga, e tinha por centro e cabeça a povoação de Portucale.
Quando da invasão muçulmana da península Ibérica, Portucale era já, desde a segunda metade do século VI, a sede da diocese Portucalense, situada na província da Galécia, subordinado ao bispo de Braga. Com a invasão, a diocese não sobreviveu, tendo sido restaurada apenas após a reconquista do Porto, em 868.

Um comentário:

Gilda Souto disse...

Maravilha reli , me demorei nos mapas... com estas pisadas didáticas, do seu texto...é viagem na História!Estou adorando , vamos ao outro!