Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

quinta-feira, 18 de março de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS HEBREUS - PARTE III

A Bíblia relata que teria havido, então, fome na terra prometida de Canaã e que, por causa disso, o Patriarca - e todo o seu acampamento - teria se retirado para o Egito. Ao chegar no país, temendo Abrahão que viesse a ser morto pela beleza de sua mulher, com ela combinou de dizerem aos egípcios que eram irmãos e não casados. O faraó de fato apaixonou-se por Sara, levando-a para o seu palácio e passando a favorecer Abraão. Ainda segundo a Bíblia, Deus teria castigado o rei egípcio, que chamou Abraão e devolveu-lhe Sara, ordenando-lhe que deixassem o país com os seus bens.
A Bíblia narra que Abrahão, juntamente com Sara e seu sobrinho Lot, retornou do Egito para a terra de Canaã, para o mesmo local onde se fixara anteriormente, ao Sul de Betel (provavelmente Salém) e lá tornou-se muito rico. Entretanto, Abraão e Lot resolveram separar-se devido às contendas ocorridas entre os seus pastores por causa do numeroso rebanho que possuíam. Estudos não bíblicos explicam que Abrahão, muito provavelmente, teria interesse em tornar-se um grande líder carismático entre o povo da Palestina.
Ao separar-se do sobrinho, Abrahão deu-lhe a opção da escolha da planície onde estabelecer-se e Lot teria preferido fixar-se na planície do rio Jordão, na região de Sodoma e Gomorra (especificamente no reino de Sodoma) que, antes de destruídas, seria comparada ao Jardim do Éden e ao Egito. Após a separação de Lot, Deus apareceu novamente a Abrahão, confirmando a doação daquelas terras à sua descendência e ordenando-lhe que percorresse a região, em vista do que Abrahão levantou novamente as suas tendas e fixou-se em Hebron, onde edificou um novo altar a Deus. A figura abaixo mostra Israel, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza atuais; o acidente geográfico que aparece em preto e branco, praticamente ao centro da foto, é o Mar Morto; o rio Jordão corre praticamente sobre a linha amarela que atravessa o Mar Morto, de cima para baixo (coincidindo com a direção Norte – Sul). Exatamente ao sul do Mar Morto, onde aparecem algumas culturas irrigadas em cor azulada, encontravam-se Sodoma e Gomorra, no então chamado Vale do Sidim; neste vale encontravam-se, na verdade, as cinco cidades ou reinos mencionados baixo.
A Bíblia relata então uma guerra entre nove reinos locais, envolvendo, de um lado, os reinos de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar e, do outro, Elão (governado por Quedorlaomer e a quem os primeiros pagavam tributos e se haviam rebelado) e mais três reinos aliados. Nessa guerra, Sodoma e Gomorra foram finalmente vencidos e Lot levado cativo com todas as suas riquezas. Sabedor disso, Abraão, com apenas trezentos e dezoito homens, lutou contra os inimigos e perseguiu-os até as proximidades de Damasco, libertando Lot, sua família e o povo de Sodoma.
Informações não bíblicas relatam que, após a batalha final, Abrahão manteve-se fiel ao seu monarca Melquisedec e tornou-se o dirigente militar de mais onze tribos vizinhas que pagavam tributos – o chamado dízimo. Abrahão teria fracassado em algumas tentativas de estabelecer alianças diplomáticas com o soberano de Sodoma. Porém, ao conseguir o resultado, formou uma aliança militar estratégica entre o Rei de Sodoma e outros povos de Hebrom. Abrahão tinha mesmo intenção de formar um estado poderoso em toda a Canaã, mas Melquisedc, o sábio rei de Salém, convenceu-o a abandonar a tentativa de formar um reino material e tornar-se aquilo que hoje o seu nome significa – o Pai da Fé. Para persuadi-lo, utilizou a sua aliança, a promessa do seu reino, e tornou-o como sua própria descendência.
Localização de Hebron

Sendo Sara estéril e pretendendendo dar um filho a seu marido, ofereceu sua serva egípcia Hagar para que gerasse o primeiro filho de Abrahão. Hagar então gerou a Ismael, considerado pelos muçulmanos como o ancestral dos povos árabes. O texto bíblico informa que Abraão teria sido pai pela primeira vez aos oitenta e seis anos. E, antes mesmo do nascimento de Ismael, surgiram conflitos entre Hagar e Sara, culminando na sua fuga do acampamento de Abraão. Tendo Hagar fugido da presença de Sara, o Anjo do Senhor apareceu-lhe quando se encontrava junto a uma fonte de água, convencendo-a a retornar, sujeitar-se à sua senhora, prometendo-lhe um futuro grandioso para seu filho.
Aos noventa e nove anos, novamente Deus aparece a Abraão e confirma a sua promessa. Deus ordena que Abrahão e todos os homens de sua casa fossem circuncidados e que toda criança do sexo masculino que nascesse receberia esse sinal ao oitavo dia. É também nesta ocasião que Deus muda os nomes de Abrahão (pai de muitas nações) e de Sara, que até então chamavam-se Abrão e Sarai, com a promessa do nascimento de um filho, Isaque, pondo fim à sua esterelidade. Isaque, herdeiro da Promessa, nasceu no ano seguinte e informações não bíblicas dizem que foi numa cerimônia pública e solene que Abrahão teria apresentado Isaque como o seu primogênito, em Salém. Mesmo com o nascimento de Isaque, os conflitos entre Hagar e Sara continuaram, ameaçando a paz de sua família. Abraão então resolve despedir sua serva junto com o seu filho Ismael. Após o nascimento de Isaque, a história do povo judeu segue então a linhagem do filho legítimo de Abrahão.
Novamente Deus falou com Abrahão e pediu-lhe uma verdadeira prova de fé, determinando que oferecesse seu único filho em holocausto no Monte Moriá, próximo a Salém. Abrahão subiu ao monte em companhia de Isaque. Porém, ao levantar a mão para sacrificar seu filho, foi impedido pelo Anjo do Senhor e encontrou no mato um carneiro que ofereceu em seu lugar.
Segundo a Bíblia, Sara morreu em Hebron, com cento e vinte e sete anos. Abrahão então adquire, de Efrom, a Cova de Macpela, por quatrocentos siclos de prata, considerada a primeira aquisição de uma propriedade do patriarca em Canaã, onde sempre viveu como um peregrino em busca de melhores pastagens para o seu rebanho. A sepultura adquirida é, posteriormente, utilizada pelo patriarca e por seus descendentes.
A Gênesis narra então que Abrahão enviou o seu servo Eliezer à Mesopotâmia para trazer uma esposa para seu filho Isaque, entre os seus parentes. Eliezer, ao chegar à cidade de Naor, encontra Rebeca, filha de Betuel e irmã de Labão, que consente em ir com Eliezer ao encontro de Isaque, seu primo.
Abrahão morre com cento e setenta e cinco anos e é sepultado na Cova de Macpela por Isaque e Ismael, ao lado de Sara. Tudo o que possuía deixou de herança para Isaque, filho de Sara, que possuía o status de esposa.
Isaque teve por única esposa, sua prima Rebeca e orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, que era estéril. O Senhor ouviu as suas orações e disse a Rebeca que ela trazia em seu ventre duas nações. Rebeca teve dois filhos, Esaú e Jacó (gêmeos, tendo Esaú nascido antes). O filho mais velho, Esaú, era o favorito do pai e teria o direito às bênçãos de Deus por ser o primogênio. Mas Jacó, com a ajuda da mãe, de quem era favorito, enganou seu pai, muito velho e quase cego, e apresentou-se a Isaque como seu filho mais velho, recebendo assim a bênção paterna no lugar de seu irmão Esaú. Após isso os dois brigaram e separaram-se, permanecendo Jacó como herdeiro da tradição hebraica. Esaú, por sua vez, daria início à história dos povos árabes.
Jacó ou Jacob, traduzido como "aquele que segura pelo calcanhar", também conhecido como Israel, "aquele que luta com Deus", foi o terceiro patriarca da bíblia. Sua história ocupa vinte e cinco capítulos de Gênesis. Jacó teve doze filhos e uma filha de suas duas mulheres, Léia e Raquel, e de suas duas concubinas, Bila e Zilpa: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim e Diná. Seus filhos homens deram origem às Doze Tribos de Israel.
Tribos de Israel é o nome dado às unidades tribais patriarcais do Antigo Povo de Israel que, de acordo com a tradição judaico-cristã, teriam se originado dos doze filhos homens de Jacó, filho de Isaque e neto Abrahão. As doze tribos teriam o nome de onze dos filhos de Jacó. José não teve uma tribo. A tribo restante recebeu o nome dos filhos de José, abençoados por Jacó como seus próprios filhos, Manassés e Efraim. Em consequência, os nomes das tribos são: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Zebulom, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, Benjamim, Manassés e Efraim. Apesar desta suposta irmandade as tribos não teriam sido sempre aliadas, o que ficaria manifesto na cisão do reino após a morte do rei Salomão. Com a extinção do Reino de Israel ao norte, nove das doze tribos desapareceriam e a determinação do seu destino é até hoje objeto de debate. As tribos restantes (Judá, Benjamin e Levi constituiriam o povo hoje chamado de judeu.

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