Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

sábado, 24 de setembro de 2011

MIKHAIL BAKUNIN E O ANARQUISMO (Parte 1)

I - INTRODUÇÃO

Esta postagem, a ser publicada em alguns capítulos, dada a extensão do tema, pretende apresentar um personagem histórico, talvez não muito conhecido pelos mais leigos na história universal, mas certamente figura célebre dos que se dedicaram ou ainda se dedicam ao Anarquismo. Consequentemente, a postagem abordará tanto o vulto histórico quanto a doutrina por ele professada, já que raros foram os personagens que se tornaram mundialmente conhecidos sem que estivessem intimamente ligados a alguma corrente política, social, econômica ou filosófica que tenha tido alguma importância significativa na definição dos rumos da História. Entretanto, por razões que explicarei a seguir, o objetivo principal dessa publicação é, antes de tudo, o personagem e nele colocaremos a ênfase principal. Por isso, iniciaremos pela exposição do movimento em si e depois falaremos do personagem que tanto motivou o nosso interesse.
Particularmente, já declaro nesta introdução, não sou nem sequer um simpatizante dessa filosofia política denominada Anarquismo, nem de Bakunin, um dos seus grandes simpatizantes e professores. Com certeza absoluta, devo à minha mãe o conhecimento do vocábulo "anarquia", quando ainda, em tenra idade, ela entrava em nosso quarto e reclamava em voz austera: "Crianças, olhem a anarquia em que está o quarto de vocês". Dessa época em diante, o termo sempre teve, para mim, esse significado pejorativo: absoluta falta de ordem ou desordem total! Somente bem mais tarde fui descobrir o original significado da palavra, mas não lembro de ter dicutido com ela tal assunto, antes que nos deixasse.
Nesse caso devo explicar as razões que me levam a escrever esta publicação. Evidentemente, nem sempre se escreve algo apenas porque se é simpatizante do assunto. Muitas vezes escrevemos para, exatamente, explicar porque se é contra um determinado assunto ou personagem. Não foi este, entretanto, o único motivo que me levou a escrever sobre este, em particular. Uma frase famosa atribuída a Bakunin chegou-me acidentalmente às mãos, há poucos dias atrás e caiu muito no meu gosto pessoal, de indivíduo declaradamente democrata, liberal e fervoroso defensor da economia de livre mercado, em ferrenha oposição a qualquer tipo de regime totalitário e à economia de estado. O interessante dessa frase é que, com outras palavras, eu já a dissera centenas de vezes a centenas de pessoas diferentes, obtendo resultados opostos, como resposta, dependendo da corrente política do ouvinte; coisa que, aliás, não entendo muito bem, porque bastaria a apreciação da história pregressa e conhecida, para que se concordasse integralmente com as palavras de Bakunin. Mas, é como dizem, o pior cego é sempre o que não quer ver ....
Como Bakunin é frequente e erroneamente citado como socialista, precursor do comunismo, marxista e outros “ismos” ou “istas” semelhantes, achei meu dever, mais pesquisar e conhecer dessa pessoa, responsável por frase tão simples e incisiva; e talvez, como produto secundário, poder ajudar a fazer com que muitos teóricos entendam a impossibilidade de muitas teorias, se é que isso é possível. Por experiência pessoal adquirida ao longo dos meus 67 anos, já cheguei à conclusão de que as pessoas mais radicais em qualquer assunto, não são convencidas da falsidade da sua crença por falta de argumentos, mas apenas porque não querem ser dela convencidos!
Também resolvi saber mais de Bakunin porque ele foi mais um pensador que conseguiu manifestar-se sobre muitas das coisas erradas do seu tempo e a elas opor-se sem, infelizmente, apresentar propostas concretas de como resolvê-las ou fazê-las certas. De certa forma, em minha opinião, de uma maneira absolutamente ingênua, desprezando totalmente o reconhecimento da natureza mais primitiva do homem e as leis básicas da natureza, tão desprezadas hoje e, ironicamente, tão defendidas por ele no passado.
Finalmente, resolvi escrever sobre esse personagem porque, na defesa das ideias em que acreditava, ele mostrou-se de enorme valor como pessoa. Tratava-se de pessoa abonada, sem grandes problemas para ter uma vida boa, confortável e sem que nada lhe faltasse e, no entanto, renunciou a tudo isso na defesa do sucesso daquilo em que, tenho a impressão, nem ele, no seu íntimo, teria verdadeiramente acreditado. E essa pessoa merece a minha simpatia, embora eu sempre creia que existam outras maneiras de melhor ser útil à humanidade do que o seu sacrifício irracional puro e simples.
E assim, feita essa pequena introdução sobre o assunto, vamos ao que interessa. Como sempre tenho dito, não tenho, novamente, a pretensão de apresentar algo de novo, no sentido de novas descobertas; evidentemente, algumas das coisas que aqui serão arroladas, poderão ser novidade para algumas pessoas que ainda nada leram sobre o assunto. Mas a postagem sempre será muito mais um trabalho de pesquisa, organização e síntese, para fins de apresentação e melhor compreensão por parte dos eventuais leitores. E, claro, sempre visando aumentar os meus próprios conhecimentos.
No próximo capítulo, a continuação, com a apresentação da filosofia do Anarquismo.

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