Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

"BONS DITADORES"?


Em abril do ano passado, num consultório médico, abri uma "Veja" não muito antiga, de 23 de março do mesmo ano, e li um artigo do Millôr Fernandes. Não se trata, portanto, de artigo postado na internet com a afirmação (falsa ou verdadeira) de uma suposta autoria, como acontece frequentemente, em geral falsa. Nesse artigo, entre outras coisas, Millôr Fernandes diz, textualmente:
"García Márquez mais uma vez foi visitar Fidel. Com carinho, tece-lhe elogios, minuciosos e excessivos. É isso aí - intelectuais não resistem a um ditador. Raramente tomam o poder. Mas gostam de ser "valet de chambre" - criado de quarto. Adoram um boquete ideológico."
Algumas poucas perguntas brotam imediatamente de todas as cabeças, não só das mais cultas ou inteligentes:
1) O Fidel mencionado na crônica é o mesmo Fidel Castro, de Cuba, o ditador mais antigo do mundo (que a gente nem mesmo sabe mais se está vivo ou morto)?
2) É aquele mesmo, que tendo iniciado uma revolução justificada e honesta (alguma revolução é justificada e honesta?), enviou à sua própria criação, "el paredón", milhares de opositores ao seu recém criado regime, para serem sumariamente fuzilados?
3) O Garcia Márquez mencionado por Millôr Fernandes é o mesmo Gabriel García Marquez, consagrado autor de "Cem Anos de Solidão", considerado um marco da literatura mundial?
4) É aquele mesmo autor, prêmio Nobel de literatura por sua obra, que possuindo todas as credenciais e o poder de influenciar povos, políticos e governantes do mundo inteiro, pregando a ética, moral e correção em todos os setores da humanidade, ao invés de assim agir, diferencia os ditadores ao seu bel prazer e nada faz a não ser adular este ditador Fidel Castro?
5) Existem diferenças entre ditadores de esquerda e ditadores de direita (alguns são maus, outros são bons)? Ou são todos iguais mas alguns "mais iguais do que os outros"?
Se a resposta a uma ou mais dessas perguntas for afirmativa, minha desilusão com o autor desce às profundezas do inferno e passo a me questionar sobre qual terá sido o seu grande e real objetivo ao escrever o já considerado (pelo menos por alguns) "romance latino-americano mais importante do século XX"! Fico imaginando que os "Aurelianos" e "José Arcadios Buendías", bem como os demais brilhantes personagens de sua magistral obra devam, ao tomar conhecimento dos últimos procedimentos de seu criador, estar se revirando em suas covas, ultrajados em sua honra, depois te terem proporcionado tão maravilhosos exemplos em sua luta sem fim pela liberdade de sua querida "Macondo".
Aguardo, com muita ansiedade e interesse, comentários sobre o artigo de Millôr Fernandes. É importante lembrar que esse brilhante jornalista, escritor, teatrólogo, humorista etc..., é ex-colaborador importante do nosso tão lembrado "O Pasquim".

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